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A morte de Italo Bianchi

Italo Bianchi, fundador da agência nordestina de mesmo nome, era italiano e veio para o Brasil em 1953, trabalhar na Vera Cruz, como cenógrafo (ganhou um Saci pelo filme Uma Pulga na Balança). Mais tarde, foi secretário de redação de O Estado de S. Paulo.

No final da década de 60, mudou para Recife. Comecei minha carreira sob a as suas asas. Era 1970 e ele era diretor de criação da Proene, uma agência que mais tarde foi obrigada a mudar de nome, virou Pouchain. Eu tinha 18 anos e trabalhava em um banco, detestando cada segundo. Aí, um amigo, que era redator na Proene me ligou e disse que tinha uma vaga de auxiliar de redação. A agência de publicidade era na mesma rua da agência do banco, Rua do Imperador, praticamente na calçada oposta. Atravessei a rua e não voltei mais. Ítalo não me deu apenas um emprego, ele abriu horizontes que eu, garoto da periferia de uma cidade na periferia de um país na periferia do império, sequer imaginava. Guiado por ele, conheci de Dante a Umberto Eco, de Della Francesca a Mondriaan, os poetas concretos, a música de vanguarda, e molto piú. Um ano depois, abria a Italo Bianchi e eu fui o primeiro redator da agência. Trabalhei um mês em sua casa da Ladeira de São Francisco, aproveitando cada minuto de folga para fuçar em sua biblioteca, ainda meio encaixotada da viagem que o levara daqui de São Paulo para o Nordeste. E agora parte em outra viagem. A última? Pergunto-me se seguiu o exemplo de seu ídolo, Malaparte, e chamou um cura para a cabeceira. Teria muito a confessar, certamente.

Fica aqui registrado minha homenagem.

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