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Ainda teremos ERPs no futuro?

Em um cenário de negócios em rápida transformação, a
velocidade das ações em TI deve ser muito mais rápida da que estamos
acostumados. Isso significa, muitas vezes, repensar processos, métodos e
paradigmas solidamente estabelecidos. Neste contexto, creio que vale a pena
abordar os famosos sistemas de gestão empresarial, ERP, que ainda são objeto de
desejo de muitas empresas.

Os ERPs surgiram em meados dos anos 90 e foram
entusiasticamente aceitos pelas corporações. Afinal prometiam resolver um
grande problema legado, que era a integração dos diversos sistemas,
desenvolvidos isoladamente pelas empresas nos anos 70 e 80. Cada departamento
tinha seu próprio sistema, como contabilidade, finanças, manufatura, estoque, e
assim por diante. Era o primórdio da TI e a integração entre sistemas era rara,
e quando existia, nem sempre confiável. As primeiras implementações dos ERPs eram
caríssimas, mediam-se em milhões de reais, e durante um tempo era status um
executivo dizer que estava implementando um ERP. As empresas que o
implementaram inicialmente obtiveram vantagem competitivas, pois conseguiram
integrar seus processos antes dos concorrentes. Com integração, reduzia-se
custos e ganhava-se em velocidade. Também, claro, as empresas de ERP ganharam
muito dinheiro, mas os maiores beneficiados foram as grandes empresas de
consultoria. Estimativas apontam que para cada real ou dólar investido na aquisição
de um ERP, haviam de cinco a dez outros para implementação e customização, que
ia para as consultorias. E os investimentos não paravam aí. Devido ao modelo de
licenciamento então em voga, as novas versões também custavam muito para serem implementadas
e adaptadas. Um ERP customizado tornava-se quase que um sistema interno, garantindo
às consultorias longos e lucrativos contratos de suporte.

Temos hoje um cenário desafiador. A velocidade de resposta
exigida das empresas é muito acelerada e os ERPs tradicionais foram desenvolvidos
para outro contexto. Flexibilidade não era um critério de alta criticidade. Sua
proposta era dada uma determinada visão e modelo de negócios, integrar e inovar
de forma incremental processos e estrutura organizacional. Realmente funcionou
muito bem quando o cenário era mais estático e menos disruptivo, mas funciona
hoje? A empresa não é mais uma estrutura rígida com a decisões top down
descendo ladeira abaixo por toda a organização. Deve ser auto ajustável, não
apenas mudando na camada de suporte (processos, sistemas e estrutura
organizacional), onde o ERP opera, mas transformando a visão e os modelos de
negócios, devido à velocidade da dinâmica de transformação do mercado. Os
monolíticos ERPs começam a se tornar um fardo… não que integração não seja essencial.
É, mas nenhum processo pode ser lento a ponto de prejudicar a dinâmica do
negócio e os ERPs tradicionais não são flexíveis o suficiente para reagirem na
velocidade que precisamos hoje.

Significa o fim dos ERPs? Sim, se olharmos os ERPs como um
grande e monolítico sistema integrado, que demanda muitos meses para
implementação e que de tempos em tempos demanda outros tantos meses para implementar
uma nova versão. Se analisarmos o cenário tecnológico vemos algumas mudanças
significativas na maneira de se pensar TI: computação em nuvem, analítica de
dados se tornando mainstream de sistemas e apps para um mundo cada vez mais
móvel. A consequência será a desagregação de uma megasuite de aplicações (ERP
típico) e a sua substituição por um conjunto de processos básicos arquitetados
em serviços, acessados por APIs, e uma grande variedade de apps para
funcionalidades especificas. Cada app atuando de forma contextual, oferecendo
ao seu usuário apenas o que ele precisa, naquele exato momento. É uma mudança
significativa de paradigmas. O modelo de licenciamento de software também passa
por transformação e está bem nítida a tendência, irreversível, do modelo
pay-as-you-go em nuvem, substituindo o tradicional licenciamento on-premise.

Como TI deve olhar este cenário? Antes de mais nada
reconhecer que embora importante, o ERP como está, começa a atrapalhar a
flexibilidade das mudanças. É um sistema legado e como tal deve ser contemplado
nas estratégias de reposicionamento da TI. O ERP atual permite evoluir para um
cenário de processos arquitetados em serviços e acessados por APIs, que permite
agilidade na criação de funcionalidades, via apps, para acesso a quaisquer dispositivos,
como wearables e objetos inteligentes (IoT), ou o roadmap do fornecedor
continua atrelado aos conceitos dos anos 90? O que pode e deve ser levado para
computação em nuvem é possível de fazer com o atual ERP? Muitos fornecedores
dizem que seu ERP roda em nuvem, mas nem todos foram redesenhados para operar
em nuvem, com arquitetura multitenant, por exemplo. Existe muito mais hype que
realidade quando falamos no ultracompetitivo mundo da TI. Também velocidade se
torna crítico e um ERP que opera e integra analítica de dados in-memory pode
ser extremamente importante para a organização. Como o atual fornecedor de ERP
encara este contexto?

Vivemos tempos de mudanças. Como empresas nascem e desaparecem,
muitos dos atuais ERPs não sobreviverão a esse novo cenário. Por questão de
sobrevivência, creio que os CIOs devem olhar seus atuais fornecedores de ERP e
checarem se eles estão alinhados com suas perspectivas futuras quanto ao papel
de TI na sua empresa. Os ERP monolíticos e inflexíveis transformam-se, de
objeto de desejo, a um estorvo, que freia a velocidade de mudanças que a
empresa precisa. Melhor avaliar se seu ERP tem futuro…e se preparar para ele
o mais rápido possível. O futuro tem o grave problema de se tornar presente
muito rapidamente!

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