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Mestres, Doutores & Desemprego: Cérebros Brilhantes em Depressão

Sempre achei que estudo, especializações e titularidades preparassem a pessoa para maiores desafios, responsabilidades e consequentemente, maiores salários. Mas o cenário tem se mostrado desalentador. Mestres e doutores, com anos de estudo, pesquisa e preparo são rejeitados ora por se mostrarem “overqualified” – (leia-se, bom demais para o cargo) ou porque verbas para pesquisa estão secando, e consequentemente empurrando estes cérebros para outras funções – ou países.

Houve uma época em que alguns amigos brincavam que colocar toda a formação no CV talvez não fosse uma boa estratégia porque invariavelmente ouviriam aquele famoso: “você é caro!” Me pergunto como alguém pode ser caro se não está trabalhando –  um raciocínio tão simplista como a desculpa apresentada por algumas empresas para descartar um profissional dono de formação invejável, não importa. As empresas deveriam adorar ter profissionais “overqualified” em seu time. Eles devem se perguntar o que fazer com um CV recheado de grandes realizações?

Até quando mestres e doutores vão precisar depender de bolsa, da família ou de jobs como garçom ou corretor de imóveis, por exemplo?  Não era bem isto que tinham em mente quando investiram tanto tempo dentro da universidade. “Titularidade não paga conta”, comentam, e com razão; é preciso ter alguma renda ou depender da família. Ser estudante profissional nunca foi a meta de ninguém, penso eu.

É uma situação lamentável porque tudo o que o Brasil precisa neste momento é de profissionais criativos que possam apresentar soluções factíveis, baseadas em muita pesquisa para trazer de volta o desenvolvimento esquecido há muito tempo. Do jeito que está não chegaremos a lugar algum. Quantos quilômetros a mais continuaremos percorrendo na contramão do sucesso?

A BBC publicou uma reportagem esta semana com dados extremamente preocupantes. É um texto recheado de estatísticas sombrias que envolvem escassez de recursos para a pesquisa. “O orçamento do Ministério da Educação (MEC) sofreu cortes de R$ 7,7 bilhões em 2015 e de R$ 10,7 bilhões em 2016, segundo dados da própria pasta”, de acordo com a matéria.

Estamos matando justamente a galinha dos ovos de ouro. A inovação de um país se dá principalmente em investimento realizado em pesquisa e desenvolvimento e infelizmente estamos longe do caminho percorrido por países que passaram pela crise enfrentada pelo Brasil, mas chegaram lá.

Como podemos, por exemplo, fortalecer nossa política industrial quando os cérebros não encontram acolhimento corporativo ou acadêmico para aplicação de suas pesquisas ou quando R$ 2,5 bilhões foram congelados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) em 2017? Tecnologia, inovação e congelamento de investimento não podem ser utilizados na mesma frase sob pena de patinarmos por mais alguns anos. Tudo certo para dar errado. Até quando?

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