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O consumidor decide quem vive e quem morre



(Nada como iniciar bem a semana, lendo a Família Marinho. Isso aí, Luis Alberto e Patricia estão em Nova York, participando da convenção da NRF, National Retail Federation, e enviando matérias para o site Blue Bus. São visões ligeiramente diferentes, complementares e imprescindíveis para quem quer estar por dentro das tendências de negócio em 2009. O Luís oferece uma visão mais técnica, varejo propriamente dito, pois se trata de um dos mais importantes consultores da área. A visão da Patricia é mais próxima do nosso foco: relacionamento. Ela é vice-presidente da DraftFCB, a parte que veio da Datamidia. Vamos começar com o Luís Alberto.)

 

O consumidor decide quem vive e quem morre


No sábado comprei um sobretudo Kenneth Cole por apenas USD 100 na Macy´s, tradicional loja de departamentos aqui dos EUA. Patrícia, minha mulher, achou uma linda calça jeans na Banana Republic por USD 12. Os descontos na Bloomingdale´s vao de 30 a 50%, mas na Saks chegam a 80%. O comércio de Nova Iorque parece imerso numa gigantesca liquidaçao. Se a condiçao para vender é baixar o preço assim, fica fácil entender porque as margens do varejo americano estao para lá de comprometidas. Nesse ritmo a quebradeira será geral. 

Para evitar o pior, em 2009 a ordem será enxugar a estrutura e aprimorar a operaçao. Ira Kalish, diretor da consultoria Deloitte, ao listar ontem em sua palestra na NRF as principais tendências para o ano que começa, falou sobre corte de custos, reduçao de riscos, diminuiçao do tamanho das lojas, maior investimento no capital humano, adoçao de estratégias multicanal e revisao do portfólio de fornecedores, como formas de eliminar desperdícios e aumentar a eficiência. Para atrair novos clientes, o varejo planeja melhorar a experiência de compra no ponto de venda, explorar novos mercados em países emergentes e fortalecer a marca, que ainda é um diferencial relevante. 

Logo no 1º dia, a convençao da NRF mostrou que agora o consumidor estará de verdade no centro das atençoes. Afinal, com pouco dinheiro no bolso e muitas ofertas similares a disposiçao, ele terá literalmente poder de vida e morte sobre as marcas. Forçados pelas circunstâncias, os executivos se preparam para abandonar a tática segura do bombardeio massivo para lutar por cada potencial comprador nas trincheiras da comunicaçao dirigida e nas vielas do mundo digital. Para garantir relevância, terao que ajustar o produto e as lojas ao gosto do cliente – nao é a toa que 75% das empresas consideram ´customer centricity´ uma das 3 principais estratégias para 2009, como mostrou estudo divulgado ontem na NRF. 

Isso nao quer dizer que as marcas tenham perdido importância. Pelo contrário – Martin Lindstrom, autor do livro ´Buy-Ology´ e protagonista de uma das mais provocativas palestras deste domingo, vasculhou a mente de 2 mil voluntários com a ajuda de aparelhos de ultra-som de última geraçao e provou que muita gente possui com suas marcas de devoçao uma relaçao quase religiosa. Mas é fato que a maneira como as pessoas encaram o consumo está mudando. Valores como simplicidade, autenticidade e sustentabilidade estao tomando o lugar da ostentaçao, das novidades descartáveis e das celebridades instantâneas, como apontou ontem com propriedade David Wolfe, caçador de tendências do The Doneger Group. O consumidor, como uma esfinge contemporânea, parece dizer as empresas – ´decifrem-me ou te devoro´.

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