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A busca pelo líder ideal

Autor: Hovani Argeri
Existem inúmeros exemplos de líderes empresariais e a mídia evidencia alguns modelos. Dentre esses, há tipos que se notabilizam pela extravagância e excentricidade. Parece paradoxal, mas quanto mais excêntrico, maior seu público fiel, composto, curiosamente, por pessoas que têm suas vidas profissionais transformadas num inferno por chefes que têm exatamente o mesmo perfil do personagem admirado.
Na vida real, esse tipo de líder é bastante comum. Em grandes corporações, a conquista de resultados no curto prazo acoberta qualquer desmando daqueles que chefiam equipes. Há um ano, a revista americana The Week publicou um estudo sobre as profissões que mais atraíam psicopatas. A posição de CEO liderava o ranking. Nota-se que esse perfil é bastante aceito pelas corporações. Dá-se espaço, assim, a toda sorte de abuso.
No Brasil, ocorre o mesmo. Um levantamento realizado pela HSD Consultoria em RH, com base em mais de 5 mil entrevistas com executivos de grandes corporações, identificou desvios de caráter em 20% dos pesquisados. Segundo a empresa, esse perfil remete à realização de fraudes, desvios de valores, de mercadorias e, principalmente, a toda a sorte de abusos sobre liderados.
Profissionais com esse perfil acabam conquistando um único tipo de liderado: o assecla, que o aplaude e o auxilia, muitas vezes, em tarefas pouco (ou nada) nobres. E, mesmo esse tipo de liderado, que pouco agrega à corporação, segue não o líder, mas seu poder que, como tudo, é efêmero. Os demais apenas toleram essa liderança, a fim de se manterem empregados. Tornam-se cumpridores de tarefas que admitem se submeter a essa autoridade e a tudo que a ela remeta apenas durante o expediente.
Desses – e não se pode culpá-los – não se pode esperar nenhum engajamento, ousadia, criatividade ou mesmo busca pelo aprimoramento profissional que beneficie a empresa ou a equipe. O que querem é sair o quanto antes do trabalho – seja naquele dia ou pelo resto de suas vidas – e levar o pensamento para longe da opressão. A empresa perde profissionais e, quando não, suas ideias e motivações. Algumas passam a ser evitadas por bons profissionais. O mau líder compromete não só as equipes que compõem a corporação, mas a que poderão integrá-la futuramente.
Não se fala aqui em “passar a mão na cabeça” de incompetentes. Sabe quem recruta e comanda equipes o quanto é difícil hoje obter mão de obra qualificada. Há inúmeros problemas sistêmicos no país que contribuíram para esse quadro. Mas há que se conquistar a motivação do liderado, tanto para o exercício da função quanto para que ele busque se aperfeiçoar. E esse papel cabe ao líder.
O que é, então, o líder ideal? A literatura sobre administração possui definições de profissionais, que, se forem mais raras, são as que mais marcam os bons profissionais.  Warren Wilhelm aponta como características dos líderes eficazes a compreensão da inteligência de seus liderados, níveis elevados de energia pessoal, capacidade e vontade de crescer constantemente, visão, curiosidade contagiosa, boa memória e capacidade de fazer com que os seguidores sintam-se bem consigo mesmos. (Wilhelm,1996, p. 224). A grande virtude do líder é conhecer seus limites, seus defeitos, suas fraquezas. É saber que se erra e que é impossível ser bom em tudo e quanto maior o conhecimento que se tem de si mesmo e suas limitações, mais apto ele é à liderança e mais capaz de fazer sua equipe render o máximo.
Há pessoas super capacitadas, excelentes profissionais, exímios especialistas, com vontade de crescer e que, ao serem promovidos, tornam-se arrogantes, prepotentes, por acharem que estão acima do bem e do mal e que são infalíveis. Neste momento, voltamos ao lugar comum, onde se perde um ótimo profissional e ganha um péssimo líder.
Hovani Argeri é gestor comercial em multinacionais e advogado.

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