Autor: Francisco Ricardo Blagevitch e Jorge A. Perlas
É notório que o mercado de outsourcing no Brasil tem se ampliado, à medida que as empresas que terceirizam os processos buscam otimizar e incrementar os negócios, aumentar os lucros e focalizar os recursos próprios em questões estratégicas. Um segmento tão promissor e rico também estimula a procura por profissionais aptos e capacitados, que reúnam não apenas conhecimentos e qualidades técnicas, mas também competências, elementos e características que agreguem valor à corporação.
Só na América Latina, os gastos com TI (Tecnologia da Informação) crescem a taxas mais elevadas do que no restante do mundo. Segundo o instituto de pesquisa Gartner, o índice médio de crescimento das despesas com TI na região nos próximos anos deve ser de 7,4%, contra 5,7% em todo o resto do planeta. Outros números também ajudam a corroborar nosso discurso. Dados da E-Consulting revelam que o mercado brasileiro deve investir R$ 46 bilhões em tecnologia em 2008, um crescimento de 11,8% em relação a 2007. E só o setor de serviços deve responder por quase metade do montante nesse período. Para acompanhar esse crescimento, o setor de tecnologia da informação se mantém aquecido e com boas oportunidades nas mais diversas frentes.
No entanto, apesar de todo esse potencial de crescimento, percebemos que na prática ainda faltam profissionais realmente capacitados para ocupar as vagas oferecidas e disponíveis no mercado. Só no Brasil, a demanda por mão-de-obra especializada na área de tecnologia da informação tende a chegar a 100 mil ao ano (segundo projeções do Ministério do Trabalho e Emprego), fazendo com que o fator humano ocupe, cada vez mais, posição de destaque no cenário corporativo e empresarial.
Concomitantemente, à medida que o outsourcing torna-se uma realidade dentro das companhias e organizações, contar com profissionais capacitados e aptos para gerir esse novo e complexo ambiente torna-se condição quase que necessária e fundamental. Apesar de toda parafernália tecnológica a que estamos submetidos, o homem ainda desempenha o papel de personagem principal desse filme.
Por essa razão, é impossível pensar no modelo de outsourcing, desprezando a força e relevância do capital humano. Mas no contexto do outsourcing, o fator RH (Recursos Humanos) não deve ser uma preocupação dos CIOs e dos tomadores de decisão. Essa importante tarefa deve ser delegada para o prestador de serviços, que precisa de aprimoramento contínuo para encontrar e identificar os melhores perfis dos candidatos existentes e disponíveis no mercado.
Este assunto somente pode ser tratado eficazmente nesse cenário de alta demanda e pouca oferta se for encarado como um processo, que começa no recrutamento e seleção, segue com a avaliação de desempenho, treinamento e a manutenção dos que obtêm bons resultados. Por fim, promove aqueles candidatos que fazem por merecer e dispensa outros que não podem, ou não querem, contribuir de forma eficaz aos resultados.
A maturidade da terceirização no Brasil aumenta a exigência por serviços de qualidade. E os prestadores de serviços já entenderam que precisam responder a essa demanda de forma integral e plena, alinhando processos, estratégias, metodologias e pessoas de forma a superar metas e índices de satisfação contratados.
Está cada dia mais claro que o sucesso dos projetos de outsourcing se relaciona muito mais a fatores humanos do que se podia imaginar no passado. Atualmente, não é mais suficiente que o prestador de serviços tenha seu time formado apenas por especialistas em tecnologia ou apresente e tenha habilidade com as melhores ferramentas. É condição irremediável que os serviços sejam prestados por profissionais que compreendam plenamente o negócio do cliente, atuem como um agente facilitador e tenham “mentalidade de serviço”, como parte fundamental do seu DNA.
Em miúdos: se o mercado de outsourcing é irreversível, as pessoas são essenciais. E quem atua na área de prestação de serviços deve estar atento e, conseqüentemente, agir nesse sentido. Caso contrário, a concorrência terá o que comemorar, pois teremos empresas a menos na competição.
Francisco Ricardo Blagevitch é diretor de novos negócios da Asyst Sudamérica. Colaborou Jorge A. Perlas, diretor de processos.