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Administração da raiva

Autor: Jamil Albuquerque
Há momentos na vida profissional que tiram qualquer um do sério, mas a disciplina requer que se encontrem maneiras de lidar com esses momentos. Às vezes, ficamos decepcionados com os sistemas, com a ineficácia das ferramentas ou com alguns instrumentos que usamos, ou ainda, com a falta de recursos para realizar o nosso trabalho. Toda energia gasta com raiva em  relação a essas coisas é debilitante, por isso, precisamos fazer apenas uma pergunta: “Será que eu tenho poder para mudar tudo isso?”.
Se a resposta à pergunta for “pouco ou nenhum” e você não tiver o poder de mudar as coisas, então reconheça essas condições e faça o que estiver a seu alcance para que as coisas mudem. Procure um mentor, por exemplo, alguém que possa aconselhá-lo no que fazer para as coisas mudarem. Preocupa-se com a situação além disso não faz sentido.
Mas se a resposta for positiva, comece agora mesmo, porque, quanto mais tempo demorar para fazê-lo, mais chances terá de se aborrecer e se distrair do que quer que esteja fazendo. Se você trabalha o dia todo com computadores e sistemas e está vivenciando um problema de informática (e quando não é?) que foge a sua alçada, faça um esforço para conseguir o melhor equipamento e os programas mais eficazes para o seu trabalho. Na maioria das vezes, as pessoas desperdiçam tempo e esforço para encontrar “atalhos para contornar os problemas com o sistema”, quando é o sistema em si que está errado; dê um jeito para que seja consertado e poderá parar de se preocupar.  Pode ser que a única coisa que esteja errada seja a ineficácia do usuário e, diante disso, você precisa estar disposto a levantar a mão e pedir o treinamento necessário.
Outro lembrete importante: para de querer resolver tudo sozinho. Um time só ganha o campeonato porque tem uma boa equipe, e não porque tem um só bom talento. Muitas vezes, tempo e dinheiro investidos em aprimorar a velocidade de um processo de desenvolvimento pessoal ou de uma competência pagam-se várias vezes pelo tempo que isso economiza em nossas vidas. É a máxima que diz: “Se tiver três horas para cortar uma grande árvore, passe duas horas afiando o machado”. Quanto tempo e dinheiro você investiu em desenvolver sua inteligência emocional ate agora?
Há um exemplo bem conhecido de um jogador que passou por alguns momentos por não administrar a raiva, mas que depois se organizou e passou a viver muito melhor: o ex-jogador “Edmundo, o Animal” – atualmente é um bem -sucedido  empresário. Iniciou a sua carreira no Vasco. Bem mais tarde, passou  – sem tanto sucesso – pelo Flamengo, Fluminense e Palmeiras, onde teve uma passagem apagada. Quem lhe deu o apelido de “animal” foi o narrador Osmar Santos, por conta de seu futebol habilidoso e, ao mesmo tempo, por seu temperamento explosivo e sua indisciplina em campo.
Por que um talento extraordinário como o do Edmundo não teve o brilho que merecia? Falta de autocontrole. Ele era expulso com muita facilidade das partidas oficiais. Pressionado pelos maus bocados que vivenciava por causa da lida judicial em que estava envolvido, além de um filho fora do casamento e de um acidente de carro, ele se viu às voltas com sentimentos negativos, como a revolta, a raiva, a agressividade, a violência. Ele sentiu que isso o estava corroendo por dentro.  E foi justamente esse acidente que chamou sua atenção para a vida. Em dezembro de 1995, Edmundo se envolveu em um acidente de carro que matou três pessoas. Após oito anos entre a última causa interruptiva, o ministro do Supremo Tribunal Federal extinguiu o processo. Durante esse período, Edmundo esteve muitas vezes sob pressão. Com relação a esse episódio, estas foram as suas palavras: “Certa noite,quando esmaguei o meu celular contra a parede, minha mulher me falou com muita seriedade: “Edmundo, você precisa aprender a se controlar”. Isso impactou a minha forma de agir”, afirmou o craque na época.
Pessoas que têm autocontrole resolvem os problemas com mais maturidade, serenidade e, por isso, têm melhores resultados em todos os ambitos da vida. Edmundo conseguiu ser mais controlado. Você também pode.
Jamil Albuquerque é instrutor e diretor da escola de executivos e negócios Master Mind; terapeuta comportamental; consultor empresarial; administrador de empresas; e especialista em gerenciamento de cidades e psicolinguística. O artigo  é parte integrante do livro  ” Vivendo e Aprendendo a Jogar”, uma série de textos voltados a mostrar as muitas semelhanças entre o mundo dos negócios e do futebol.

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