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Afeto e rispidez nas empresas

Autor: Edilson Menezes
Quer saber se o clima da empresa em que você trabalha é bom? Basta aferir quão afetuosos são, entre si, os colaboradores.
Quando é notório que colaboradores passam o dia a duelar por convicções ou tarefas, imediata e imperativa deveria se tornar a intervenção dos gestores.
Imagine uma empresa composta por pessoas sempre prontas para usar a rispidez. De mão em mão, de setor em setor, a doença contagiosa da rispidez vai assumindo características sistêmicas.
Colaboradores não adoecem e se afastam em função da saúde subitamente fragilizada. O “adoecimento corporativo” estabelece uma regra invisível e inevitável: todos os dias trocando farpas por no mínimo oito horas vai resultar em desgaste emocional, consequente desgaste físico e por último, considerável queda no sistema imunológico. E se você suscita alguma dúvida sobre o que acabo de afirmar, sugiro que imprima este trecho do artigo e o apresente ao médico de sua confiança. Ele confirmará esta desfavorável equação.
Duas ações se fazem valer e como bons gestores de empresa, também devemos ser bons médicos, especializados em diagnóstico e cura. O primeiro plano é identificar a origem da doença. Quem é o primeiro e mais adoecido ríspido da empresa? Quarentena nele. Isso mesmo. Os gestores devem identificar o primeiro responsável e isolá-lo, tirar-lhe o poder de contagiar o restante do grupo. Obviamente, o profissional não pode e tampouco deve ser “castigado”. No meio empresarial, quarentena para ríspidos que impedem a boa circulação do afeto não deve ser demissão, suspensão ou advertência. É de urgente treinamento que esta pessoa necessita. 
Treinados, colaboradores outrora ríspidos recebem a chance de resgatar o afeto, pois a educação empresarial representa uma grande cura paliativa, um efeito placebo transformacional, enquanto a deseducação só faz agravar a abrangência de contágio da rispidez.
Depois disso, o próximo passo é identificar quem e em que nível de profundidade foi contaminado pela rispidez e continua, por isso, a espalhar a doença e impedir que o afeto circule. Dentre os que foram contaminados, haverá dois grupos. O primeiro, composto por pessoas que não carregam a rispidez no DNA, porém se transformaram e foram contaminadas pelo ambiente ríspido onde convivem. Para este grupo, o treinamento também representa a “cura”, já que desperta recursos harmônicos muitas vezes perdidos ou desdenhados pela rotina de estresse. O segundo grupo reunirá colaboradores que tiveram contato com a rispidez, adotaram ou só reforçaram uma característica que já era sua. Neste caso, é algo enraizado na identidade. Algumas pessoas simplesmente não curtem afeto, mas adoram um bom bate-boca e é fácil identificá-las. Vivem a repetir um provérbio português.
– Dou um boi para não entrar na briga, mas dou uma boiada para não sair!
Manter estes profissionais na empresa é como ter uma bomba pronta a explodir. Engana-se, entretanto, quem supõe que o colaborador vá detoná-la. Gestores, diretores e líderes são os verdadeiros detonadores da bomba de rispidez que vai contaminar um ambiente que deveria ser classificado como organizacional e por falta de afeto, se desorganiza.
A implantação do afeto só pode ser delegada quando já existir cultura afetuosa. Num primeiro momento, os gestores da empresa devem liderar um amplo programa de recomposição do afeto. Ou seja, o afeto nas empresas deve ser pautado pelo desejo dos gestores e seus colaboradores merecem sentir que esta é uma preocupação constante e verdadeira.
Depois do êxito obtido com o programa, e só depois disso, gestores poderão delegar a observação e a prática do afeto para assistentes sociais, psicólogos e profissionais de recursos humanos.
Os empresários mais práticos e lógicos alegarão que não é possível criar e aferir resultados matemáticos de um programa cujo objetivo seja suscitar afeto. De certo modo, eles estão certos. Não há como medir o afeto. Porém, há como mensurar o nível de felicidade do colaborador, que está diretamente ligado à capacidade produtiva. E finalizo com uma pergunta:
Os empresários se especializaram em criar sistemas e controles para acompanhar de perto a performance dos setores comercial, financeiro, contábil, administrativo e pessoal. Por que ainda não inserimos atenção e ação para fazer o mesmo com o afeto, sem o qual todos estes outros setores estarão comprometidos?
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])

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