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Aprenda a garantir a saúde vocal


Viviane Teixeira

A voz possui um papel muito importante nas relações profissionais e interpessoais, sendo responsável até mesmo pelo sucesso ou insucesso em algumas profissões. É o que acontece com os operadores de callcenter, que fazem da voz seu principal instrumento de trabalho e representam o “cartão de visitas´ da empresa, ou seja, ele é a imagem sonora da empresa.

Por isso alguns cuidados são importantes para assegurar a saúde da voz:

– Hidratação / Hidratoterapia: A hidratação é o fator de maior importância para o bom desempenho vocal. Suas bordas e pregas vocais não conseguem um bom desempenho se não estiverem hidratadas, lubrificadas. O primeiro sintoma é o ressecamento dessa musculatura e o aparecimento do “pigarro” (congestão da mucosa laríngea). A prevenção é muito simples e barata: de dois a três litros de água por dia. Não podem ser aceitas as justificativas das pessoas que dizem não sentir necessidade de água. A ingestão constante de água deve ser uma obrigação, principalmente quando o profissional da voz estiver trabalhando (a garrafa de água tem que estar junto dele por todo o tempo).

A partir do uso da água todas as sensações de incômodo na garganta, de ressecamento, sensação de corpo estranho, pigarros, dentre outros, tendem a desaparecer, evidenciando a melhoria da qualidade de vida da voz; bebidas e alimentos gelados costumam provocar um choque término, associado ao edema (inchaço) das pregas vocais, devem portanto ser evitados.

– Gastronomia: A regularidade e o equilíbrio da alimentação são essenciais para a produção da voz. A refeição antes da performance vocal deve ser leve. Os alimentos bem mastigados irão propiciar um relaxamento da musculatura da mandíbula. Os derivados do leite, como chocolates, queijos, iogurtes e etc. devem ser evitados, pois aumentam e “engrossam” a secreção do trato vocal (muco), dificultando a emissão da voz; frutas e sucos cítricos são aconselháveis, por terem substâncias adstringentes proporcionando uma limpeza no trato vocal (pessoas com problemas gástricos devem evitá-los,pois a acidez pode proporcionar o refluxo gastro-esofágico que agride a mucosa do trato laríngeo).

– Ar condicionado: É um grande vilão para os profissionais da voz, porque promove mudanças bruscas de temperatura, acarretando o ressecamento do ambiente e, conseqüentemente, o ressecamento do trato vocal. A ingestão de água, se possível em temperatura ambiente, torna-se imprescindível para combater o ressecamento, através da lubrificação.

– Cigarro e drogas: são substâncias químicas que irritam as pregas vocais. Essa irritação pode trazer rouquidão, primeiros sinais de que há algo errado com a garganta. A longo prazo, essa rouquidão pode evoluir para lesões mais sérias nas pregas vocais. Existe forte relação entre o cigarro, as drogas e o câncer de laringe.

– Receitas caseiras: Nas disfonias e afonias – alteração e perda da voz, respectivamente – acompanhadas de alteração da mucosa (excesso de pigarro), e, consequentemente, inflamação das bordas e pregas vocais, não surtem efeito pastilhas, gargarejos, gengibre, cravo, mel, própolis, etc. Eles irritam as pregas vocais. Mesmo o gargarejo indicado em tratamento médico deve ser bem dosado. O único elemento externo que consegue chegar nas bordas e pregas vocais sem encontrar qualquer empecilho é o vapor d´água, obtido pela fervura de água numa chaleira ou por meio de nebulizadores. O princípio é o mesmo das luxações musculares, em que logo após a luxação são recomendadas compressas com gelo e, 48 horas após, exposição ao calor. No caso da voz, preceitua-se somente o calor, a fim de ativar a circulação sangüínea local (bordas e pregas vocais), restabelecendo o fluxo da mucosa e, conseqüentemente, diminuindo a inflamação. A técnica é fazer a inalação de água fervida com sal e/ou soro fisiológico, antes de dormir, iniciando com alguns minutos (dois a três), procedendo da seguinte forma: inspirando e expirando pelas fossas nasais; inspire com as narinas (boca fechada) e expire pelo nariz, sonoramente, com o som “Hummm” contínuo, em qualquer tom que seja agradável, até o ar quente represado acabar. Repita por várias vezes dentro dos minutos acima mencionados. Esse procedimento pode ser repetido, desde que se guarde um intervalo de, pelo menos, meia hora entre eles. Mas não exagere! Não aspire pela boca, uma vez que o ar quente pode queimar sua garganta e o excesso de calor resultar em ação contrária, agravando mais ainda o problema.

– Vestuário: Roupas que apertam a região do pescoço e abdome, assim côo roupas muito justas, de maneira geral, devem ser evitadas por causarem dificuldades para o movimento respiratório e para a liberdade da movimentação muscular.

– Competição sonora: Sempre que estamos expostos ao ruído, aumentamos o volume da voz e começamos a fazer esforços para sermos entendidos. O telefone é uma situação comum que pode levar ao estresse vocal, pois além de aumentarmos o volume vocal colocamos toda a energia da comunicação apenas na voz. Evite conversar em lugares muito ruidosos.

– Sono: O sono é fundamental para uma produção adequada da voz. Uma noite de sono inadequada é denunciada claramente pela voz matinal. Nestes casos, muitas vezes nem um extenso tempo dedicado aos exercícios de aquecimento vocal darão conta de levantar a voz.

– Período pré-menstrual: Durante a tensão pré-menstrual a voz falha, treme fica mais rouca e esses sintomas não são simples variações do destempero emocional,estão diretamente relacionadas à diminuição de estrógeno e progesterona. Os distúrbios da voz são comuns nos dias que antecedem o início do fluxo menstrual e também nas 48 horas da menstruação.

O inchaço que incomoda as mulheres na TPM também atinge as pregas vocais, mudando sua freqüência vibratória, tornando a voz mais grave. A alteração hormonal também reduz a produção de muco que protege e lubrifica as pregas vocais, deixando-as mais suscetíveis a lesões.

É importante que as operadoras de telemarketing tentem poupar a voz durante a TPM e /ou início da menstruação,pelo menos depois do expediente.

– Problemas alérgicos ou inflamatórios: Muito cuidado com os resfriados e suas conseqüências (rinites, sinusites, laringites, faringites etc..). Esses sintomas alteram a voz e extensivamente a disposição física e emocional, principalmente quando envolvem a laringe (bordas e pregas vocais), devido a tosse, vilã dos profissionais da voz. A tosse, se não for debelada a tempo, pode provocar uma disfonia de longa duração. Nos casos acima, dependendo da gravidade, recorra a medicamentos, para prevenir ou tratar esses sintomas desagradáveis, sempre com orientação e ajuda do médico.

Uma voz bem cuidada revela harmonia biopisicossocial, e realiza por si uma boa comunicação. Faça de sua voz uma aliada.

Viviane Teixeira é Fonoaudióloga Organizacional da Telesoluções e Telemarketing Ltda.

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