As tendências em biometria

Autor: Phil Scarfo
Enquanto mercados como o Brasil continuarem avançando no uso da biometria, demonstrando todo o seu valor, talvez seja um bom indicador das tendências do uso da tecnologia biométrica para o futuro. Com a rápida adoção e implantação de sensores biométricos em grandes redes bancárias, além da crescente demanda por maior segurança e comodidade por parte dos consumidores, fica uma pergunta no ar: podemos estar prestes a alcançar um ponto de inflexão para alguns desenvolvimentos muito importantes em 2014? Para dirimir essa dúvida, vamos analisar cinco principais previsões para este ano em termos de biometria:
1 – Até o final de 2014, a maioria das agências bancárias estará equipada com sensores biométricos
Cinco dos maiores bancos brasileiros já estão adotando a autenticação biométrica, implantando sensores nos caixas eletrônicos. As demais instituições bancárias não devem demorar a seguir o mesmo caminho. O Brasil, inclusive, poderá se transformar no primeiro país no mundo em que o número de caixas eletrônicos com sistema de autenticação biométrica supera aqueles que contam apenas com modelos convencionais até o final deste ano – o que será um grande marco não só para o mercado local, mas para a tecnologia biométrica e a indústria em geral. Está claro que quando fornecedores inteligentes combinam o que os consumidores querem (maior comodidade) com o que eles precisam (maior segurança), o resultado é uma fórmula convincente e vencedora para todos. Os bancos brasileiros estão provando que a biometria pode aumentar a segurança sem aumentar a complexidade – oferecendo um benefício real e um modelo que funciona.
2 – Os smartphones vão substituir outras formas de identificação pessoal
Em todo o mundo, hoje em dia, há mais pessoas com acesso à telefonia móvel do que à água potável ou eletricidade. Sendo assim, os smartphones devem se tornar a loja principal dos dispositivos digitais. Quando combinados com a capacidade de armazenar não só credenciais seguras ou aplicativos, mas integrá-los a um NFC (responsável pela troca de informações sem fio), Bluetooth (rede pessoal sem fio) ou a outros meios, o mundo do e-commerce seguro torna-se mais próximo da realidade. Quem precisa carregar um cartão de crédito ou de débito se eles podem ser integrados ao telefone celular?
Essa nova “chave digital inteligente” pode, ainda, ser combinada com uma “fechadura digital inteligente”, como um sensor biométrico num caixa eletrônico – protegendo transações financeiras com riscos mais baixos e maior conveniência para o usuário. Identificar o usuário e seu dispositivo provê a autenticação de dois fatores que a maioria dos especialistas acredita ser necessária para as soluções de segurança inteligentes.
3 – Convergência da biometria e dispositivos móveis inteligentes
Ao introduzir o Touch ID (autenticação biométrica) no modelo mais recente do iPhone, a Apple facilitou bastante essa previsão. É muito provável que outros fabricantes terão de seguir o exemplo da Apple e introduzir a autenticação biométrica para diversos dispositivos em 2014. Depois que os usuários começam a perceber a conveniência de o telefone “reconhecer seu dono”, não apenas estarão mais inclinados a bloquear seus aparelhos celulares e proteger seus dados, como também vão ficar na expectativa de que o nível de segurança conveniente de outros fabricantes de smartphones seja mais competitivo.
Tendo em conta que muito das nossas informações pessoais e confidenciais reside nesses dispositivos, um telefone celular desbloqueado pode se tornar uma ameaça real à segurança da identidade e da intimidade de uma pessoa. Além disso, uma vez que existe uma opção muito melhor do que memorizar senhas, códigos etc., a biometria tende a crescer nesse sentido também.
4 – A ´morte´ das senhas
Embora a morte real das senhas possa demorar um pouco mais do que este ano, com mais de um bilhão de pessoas, hoje, com acesso à internet de banda larga (número que era de apenas 38 milhões em 1999), podemos finalmente estar chegando a um ponto em que um (ou mais de um) aplicativo seguro em um dispositivo inteligente poderá de fato substituir essas senhas menos seguras e pouco convenientes de que estamos todos amaldiçoados a nos lembrar e manter.
Realmente, é impressionante pensar que uma tecnologia de segurança que foi introduzida mais de 50 anos atrás (Nome de Usuário / Senha) ainda seja a forma predominante de proteger transações online. Com muito mais de nossas vidas envolvendo transações entre pessoas e máquinas, e não somente entre pessoas, tem de haver uma forma melhor de substituir essa ineficaz abordagem – que já não é mais segura e certamente não é nada conveniente.
Sendo assim, embora o último suspiro das senhas possa acontecer depois de 2014,  este deve ser um ano em que o “ponto de inflexão” finalmente será atingido – e realmente pode estar próximo o dia em que veremos a morte da palavra-chave.
5 – A grande liderança e visão do mercado brasileiro começa a se espalhar para outros mercados
A adoção generalizada da biometria em bancos, casas lotéricas e outros serviços de transação financeira brasileiros, provavelmente vai estimular outros mercados a perceber que a biometria (especialmente quando combinada com dispositivos inteligentes) pode ser a única ferramenta necessária para viabilizar e dar suporte a uma ampla gama de aplicações seguras para os usuários. Um telefone celular inteligente e seguro, quando aliado à biometria num caixa eletrônico, casa lotérica ou outro ponto de venda – ou, ainda, com um ponto de toque digital – poderá facilmente substituir todas as outras formas de identificação pessoal ao longo do tempo. Então, fica a dúvida: por que seria necessário levar carteira de identidade ou cartão de crédito, documentos de viagem, fichas, ou lembrar de uma longa lista de senhas e palavras-chave, se qualquer transação online pode ser habilitada para autenticar tanto a pessoa quanto sua chave digital?
Pode levar um pouco mais de um ano para ter certeza, mas essa tendência de segurança conveniente deve continuar. Afinal de contas, podemos ´precisar´ de segurança. Mas, ´queremos´ comodidade e privacidade para realizar transações com segurança em qualquer ambiente de negócios, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar. Segurança não deve mais ser uma barreira, mas uma barra de proteção que guia nosso caminho e nos protege. E o Brasil é claramente o líder dessa revolução, podendo mostrar ao resto do mundo que, quando soluções simples e inteligentes são encontradas, elas podem substituir alternativas complexas, ineficazes e datadas.
Phil Scarfo é vice-presidente comercial e de marketing da Lumidigm.

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