Cabeças pensantes



Autora: Patrícia Rozenbojm

 

Recentemente em reunião com o CEO de uma empresa de bens de consumo renomada no mercado brasileiro fui indagada sobre o que poderia oferecer de prestação de serviço para eles e mais do que isso o que seria fornecido de diferente daquilo que eles mesmos já estavam realizando. Ao explicar o core business da TOPi, empresa que represento, cujo slogan é “Ajudando a sua empresa a se relacionar com inteligência”, ele simplesmente me questionou “vocês serão mais uma cabeça pensante?”.

 

Essa pergunta me fez refletir realmente sobre o papel de um consultor em alto nível. A resposta que forneci foi bem simplista em comparação a complexidade do assunto. A realidade é que sim, seremos mais uma cabeça pensante dentro da organização, porém com um diferencial. Por melhor que uma empresa esteja composta de profissionais brilhantes, capacitados e dedicados, o fato de ter uma pessoa de fora prestando um serviço na criação de um modelo de gestão estratégico faz uma diferença enorme.

 

A utilização de empresa especializada para tal prestação de serviço contribui justamente por estar fora da intimidade da organização e por poder pensar por fora da caixa, trazendo experiências de outros mercados que aparentemente nada tem haver com o universo em que a empresa está situada. O mérito da prestação de serviço é a possibilidade de realizar um paralelo entre mercados distintos, aplicando experiências por meio de analogias e trazendo resultados extremamente eficientes.

 

Uma prova clara da eficiência de ter uma cabeça pensante que consegue visualizar além dos limites internos da empresa pode ser retratada no sucesso do economista norte-americano e professor da Universidade de Columbia, Jeffrey David Sachs, muito conhecido pelos seus trabalhos nos governos da Bolívia, Polônia, Rússia, entre outros, nos quais aplicou o que se denominou “terapia de choque” como solução para as crises econômicas que assolavam esses países na década de 80.

 

Em seu livro “O Fim da Pobreza” ele conta sua historia de sucesso, e em sua narrativa diz que foi observando o trabalho de sua esposa que é pediatra, e de como ela ouvia seus pacientes e perguntava sobre as dores e os sentidos pelo paciente, de forma que ela conseguia chegar a uma solução (diagnóstico) mais acertada em cada caso. E, assim aplicando a experiência de outro mundo totalmente distinto da economia ele brilhantemente trouxe uma forma diferente de resolver as questões econômicas, criando o que ele denominou de “economia clínica”, que não eram aquelas aconselhadas pelo FMI ou já utilizadas pelos governos.

 

Não deixamos de ser mais uma cabeça pensante, mas com um diferencial que poderá transformar as intenções em ações com sucesso, poderá transformar a maneira como são realizadas tais ações saindo do convencional para um formato inovador, não ortodoxo, e principalmente trazendo resultados que diferenciam a atuação da empresa diante dos concorrentes.

 

Patrícia Rozenbojm é diretora comercial da Consumer Voice.

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