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Como lidar com o conflito entre as gerações

Três diferentes gerações convivem atualmente no mundo e levantam um antigo dilema na humanidade: como manter os valores morais e éticos que regem as relações sociais e gerenciar os conflitos? A geração X cresceu em meio à Guerra Fria, após o período da Segunda Guerra Mundial. A geração Y veio ao mundo em tempos de paz e viu novas tecnologias entrarem em seu cotidiano desde muito cedo. Já a geração Z nasceu com um smartphone nas mãos e tem facilidade com as redes sociais. Entender e harmonizar a relação entre esses grupos de pessoas de comportamento, ideias e convicções tão distantes umas das outras, é a missão da sociedade atual.
Não é raro encontrar pesquisas sobre o comportamento social de cada geração que apontam diferenças em como cada uma delas entende e se relaciona com o mundo. Além disso, a passagem do tempo permite novas interpretações de valores passados de pais para filhos. Pensando nessa colocação, o Samy Pinto, mestre e doutor em Letras e Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), acredita que é preciso ficar atento aos valores passados para as gerações mais novas, pois o preço a se pagar pela falta de valores pode ser muito alto. “São crianças que têm a especialidade de trabalhar com equipamentos, mas viveram em um isolamento social, então não têm essa sensibilidade para fazer conciliações, construir espírito de equipe”, opina.
COMO CADA GERAÇÃO ENXERGA O MUNDO ECONÔMICO 
Segundo o especialista, a geração X foi incentiva a estudar e procurar empregos fixos, enquanto as gerações mais novas preferem apostar em projetos e trabalhar em startups. “A geração Y foi estimulada a ganhar fácil e ganhar muito, é uma geração que não quer ganhar pouco, que não tem paciência para fazer carreira”, explica.
Esse fenômeno aconteceu, segundo Samy, por conta da facilidade oferecida aos filhos da geração X, que tiveram que enfrentar muitos desafios durante o período de polarização mundial. “Houve uma superproteção e uma vontade de fazer um mundo melhor”, diz. Por isso, os pais da geração X fizeram um investimento maciço na formação das crianças da geração Y. “Elas têm agenda lotada, desde a escola até várias atividades culturais na área de línguas, de artes, dos esportes. Elas foram estimuladas em todas as frentes do conhecimento, da cultura e da tecnologia”, diz.
Por isso, são uma geração multifacetada, que consegue fazer várias atividades ao mesmo tempo. O problema é que, apesar de aprenderem muito sobre novas tecnologias, quando essa geração Y entra no mercado de trabalho, ela chega despreparada. “São pessoas que têm uma dificuldade de tomar decisões, que precisam sempre de aconselhamento, apoio, porque têm medo de errar”, diz. “Elas não foram preparadas para isso como a geração X”, completa.
Em relação à geração Z, Samy usa o argumento do especialista em recursos humanos, Bruce Tulgan, que critica o comportamento dessa geração no ambiente de trabalho. Para Tulgan, é uma geração mal-educada, porém mais pé no chão do que as anteriores.
AS INTERAÇÕES HUMANAS E VIRTUAIS
O fácil acesso a tecnologias também foi dado à geração Z. “Um jovem que vem ao mundo hoje já nasce com equipamentos entregues à mão”, diz. “Essa geração não viu transformações, ela já vê as coisas prontas.”a. Tudo isso culminou para um isolamento social dos jovens, que se comunicam muito mais por meio de mensagens nas redes sociais na tela do celular. A geração Y também segue essa tendência de relações virtuais, criando vínculos que são fáceis de quebrar, e que não afetam só a questão profissional, mas pessoal também. “Tudo isso traz uma dúvida, por um lado estamos vendo o desenvolvimento tecnológico, uma mudança de característica de mercado, de estruturas sociais, mas por outro estamos deixando o ser humano mais isolado. Com mais necessidade de equipamentos e não mais de convívio social”, completa.
RESOLVENDO OS CONFLITOS DAS GERAÇÕES
Em meio a tantos modos de ver, ouvir e sentir o mundo, e apesar das mudanças dos meios de comunicação, Samy acredita ser importante o ensinamento de valores morais e éticos aos mais jovens. “Muito se fala hoje que os tempos mudaram, mas os valores, não. O certo e o errado deveriam ser inegociáveis”, afirma. A busca por ensinar e aprender esses valores será um caminho para resolver as divergências criadas por cada grupo. “Nós precisamos separar as questões da ética, da moral e valor, e ensinar a sociedade que isso nada têm a ver com as gerações X, Y e Z. Pelo contrário, talvez seja um ponto de união entre elas e possa atenuar os conflitos existentes, reconstruindo uma das coisas que caracterizava de forma mais bonita o ser humano: as relações sociais”, conclui.

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