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Cuidado com atalhos!

Autor: Edilson Menezes
Ao montar um negócio, êxito e fracasso começam um cabo de guerra e quem já brincou disso sabe muito bem: se puxar com toda força possível, pode faltar energia quando o adversário revidar. Logo, podemos entender que no cabo de guerra, puxar com toda força é uma tentativa de atalho para o êxito, enquanto manter a puxada forte e ininterrupta é uma estratégia.
Preocupado com as ofertas de incontáveis atalhos e receitas de macarrão instantâneo entregues para quem nutre o sonho de dizer adeus ao patrão e tornar-se dono do negócio, resolvi discutir o assunto na coluna desta semana.
Pensemos de maneira análoga. No esporte de contato, nocaute é um atalho para o êxito. Contudo, alguns técnicos preferem a estratégia de levar a luta até o final e vencer pela contagem de pontos. E por que o fazem? Eles perceberam aquilo que é óbvio somente para olhos bem treinados: todo atalho gera um revide e quem contra-ataca sempre vem com maior potência.
Deixando de lado a gincana do cabo de guerra e os esportes em geral, vamos refletir sobre negócios. Existem ofertas de ganho rápido na internet e em sua caixa de e-mail, tenho certeza que também recebe “oportunidades únicas” para enriquecer da noite para o dia. É um verdadeiro conjunto de planos, programas e supostos conhecimentos inéditos que estão nas mãos de alguns privilegiados gurus e você, mero mortal, pode ter acesso, desde que se disponha a investir algum dinheiro (normalmente, muito).
Se você não é formado em engenharia, construir a ponte que servirá como atalho ao êxito talvez seja desnecessariamente arriscado. O caminho mais longo, embora questionado por muitos especialistas, em alguns casos deve ser vivenciado ao sabor da minúcia e não pode ser atalhado.
Antes de entregar a carteira profissional ao empregador e desejar-lhe uma boa vida, antes mesmo de postar em sua rede social o #partiuempreender, sugiro planejamento e disposição para experimentar todas as fases da transição.
Escutar os conselhos de quem já viveu esta transição é mais produtivo, barato e assertivo do que investir pesado na compra de algum “método único”. Aliás, eu lhe desafio a fazer uma pesquisa muito bem elaborada sobre o suposto milagre que tentam vender. Não ficarei surpreso se me disser que encontrou a mesma solução praticada por vendedores libaneses no início do século passado e oferecida, hoje, com nova aparência.
Dizer adeus ao patrão requer cinco básicos cuidados àqueles que não desejam ver sua empresa na estatística dos negócios que fecharam antes do primeiro ano de inauguração.  
1. Alguém está oferecendo uma solução presencial ou digital para alavancar sua nova empresa? Antes de comprar e aplicar, verifique se existe congruência. Peça referência de clientes que compraram a solução há mais de 2 anos. Telefone para estes e verifique se valeu. Quando a solução é vendida sem total convicção do funcionamento, quem vende cederá referências de clientes recentes e basear-se nestes é um erro, pois ainda não tiveram tempo para aferir se fizeram excelente negócio;
2. Ouça quem fez a transição, quem viveu na pele toda sorte de dificuldades e mesmo que exista amor, ignore a fala dos críticos que insistem para você desistir. Quando decidi estruturar minha empresa, escutei de pessoas próximas e queridas que não deveria, que não daria certo e fingi não ouvir. No fundo, eu sabia que elas não me desejavam nada negativo. Estavam apenas preocupadas. Se deseja um segredo de verdade, pense neste: o desejo pelo êxito deve ser muito maior que o medo sentido por você e pelos que te amam;
3. Ao decidir pela contratação de coaches, especialistas, consultores e afins, a régua que você deve usar é matemática. Por exemplo: pretende montar uma empresa que fature 300 mil/ano? Este é o número que o profissional escolhido para te ajudar deve conhecer. Contratar quem nunca teve clientes que atingissem este faturamento ou alguém cujos clientes faturam mais de 5 milhões, desalinha o objetivo. Ou seja, você talvez seja a pessoa certa, assessorada no negócio pelo profissional errado;
4. Contratação de contador é coisa séria. Preferivelmente, o profissional deve conhecer o ramo da empresa. Na hipótese de desconhecer, você deve sentir que o profissional é capaz e interessado em pesquisar e se informar sobre toda a legislação do setor. Além disso, é fundamental trabalhar com indicação e fugir do atalho, que neste caso é o escritório mais barato. Quando você vai contratar alguém para a faxina doméstica, existe a preocupação no sentido de colocar dentro de casa a pessoa em quem possa confiar. Na empresa, para lidar com seus números e com a saúde tributária, deveria ser diferente? Procure-me e com prazer, eu te indico um contador de confiança;
5. Quando estruturamos um negócio, dá vontade de criar a todo tempo, o que é muito positivo. Enquanto produz algo novo, os produtos do dia a dia não podem ser preteridos e se isso acontecer, a empresa sempre terá algo novo a oferecer e dificilmente terá excelência em qualquer produto ou serviço. Neste contexto, outra armadilha comum para quem dirige é sair contratando, sob o pretexto de que “precisa de alguém” para cumprir o cotidiano, pois assim “sobrará tempo para que ela crie e seja estratégica”. Não é bem assim que funciona. Contratações devem ser efetivadas quando estivermos dotados da convicção de que o objeto da criação é viável dos seguintes pontos de vista: produção, marketing, logística, comercial e execução. Sem cumprir apenas uma destas perspectivas, nada foi criado e o diretor está, infelizmente, “romanceando” sua ideia.
Como pode perceber, não existe atalho para projetos exitosos. No máximo, há estratégias para reduzir o tempo de alcance das metas. Adote cuidados contra programas, serviços e pseudo-promessas de abreviar a prosperidade de sua empresa ou negócio. Lembre-se de algo muito importante: no mundo dos negócios, vivemos dias de compartilhamento. Aquilo que tentam te vender por alguns milhares de reais está disponível em algum lugar, talvez além da internet, em algum velho livro, por exemplo. Afinal, Henry Ford construiu fortuna avaliada em quase 200 bilhões de dólares, mesmo sem o google para pesquisar “o que é sucesso” e por certo, sem receita mágica e imediata.
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])

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