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Delegar e delargar

Autor: Jonas Duarte
Imagine que após anos de trabalho árduo você foi reconhecido e promovido ao seu tão sonhado cargo de liderança. Ao chegar para seu primeiro dia de trabalho na nova função, você se pergunta: e agora, o que faço? Muitos profissionais caem na armadilha de continuar fazendo bem suas antigas funções, aquilo que sabem fazer como ninguém. Afinal, a pessoa acredita que foi promovida por isso, por ser um ótimo profissional.
Porém, a verdade é que provavelmente você não foi promovido pelas atividades ou funções que tinha em seu dia a dia, mas, sim, porque o seu líder enxergou em você a capacidade de liderar pessoas.
Costumo dizer que o novo líder recebeu a indicação de que pode liderar, mas é a própria pessoa que se dá a verdadeira promoção de cargo. O primeiro passo para fazer isso é delegar as antigas funções e ficar disponível para si mesmo, tendo o tempo necessário para que possa começar a praticar as suas novas atribuições, que são liderar e desenvolver pessoas. Mas como delegar e não “delargar”?
Delegar significa confiar algo a alguém que tem a capacidade de concluir a tarefa e, constantemente, acompanhar e avaliar seu desempenho. Enquanto “delargar” é deixar as funções que lhe eram cabidas a qualquer pessoa ou a ninguém, sem acompanhamento ou posterior avaliação.
A delegação só é possível a uma equipe ou pessoa que se confia. Portanto, se a equipe for nova, não adianta ter pressa. Você só vai delegar corretamente depois que conhecer cada um de seus liderados, entender os seus perfis comportamentais, atribuições técnicas e criar os vínculos necessários para ter a possibilidade de dar feedbacks. Só assim conseguirá ter a segurança para começar a repassar as funções que você sempre fez tão bem. Isso leva tempo e requer um bom estoque de paciência.
É preciso entender também que delegar fará com que você desenvolva o seu liderado e a si mesmo, atingindo assim seu objetivo principal, que é a autonomia de sua equipe para atingir os objetivos e metas definidas.
Existem vários benefícios em delegar, mas o maior deles é o reconhecimento profissional e pessoal para o liderado. Quando você credita a alguém uma tarefa desafiadora, está dando uma mensagem direta de que confia nele, que o julga capaz e, principalmente, que você o escolheu perante todos os outros liderados para cumprir aquela função. O reconhecimento aumenta a cada entrega bem-sucedida, que gera uma nova delegação para um novo objetivo, em um ciclo contínuo.
O contrário também é verdadeiro. Por isso, o perigo de “delargar” é trazer um efeito inverso. Se você der a um liderado algo que ele não é capaz de fazer, causa desmotivação pessoal e acaba por aniquilá-lo, pois ele pode se sentir incompetente, incapaz, etc.
Portanto, o grande desafio é saber e conhecer a fundo quem são nossos liderados e para qual função cada um deles está apto a atuar. Esse é o grande gap do líder atual: delegar algo para quem não está preparado, mesmo que geralmente não seja intencional, já que nenhum líder quer que seu liderado fracasse. O “delargar” normalmente é inconsciente por conta da distância que se coloca entre o líder e seus liderados, o que ocasiona o não conhecimento das suas qualidades e dos pontos que eles têm para melhorar.
Portanto, a capacidade da delegação está totalmente condicionada à confiança e necessidade da nova função de liderança. Conheça seus liderados e delegue, pois delegar é um exercício que deve ser praticado diariamente.
Jonas Duarte é sócio-diretor da Crescimentum.

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