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Entendendo as inteligências múltiplas


Tadeu Alvarenga

O que é Inteligência? Como os diversos tipos de Inteligência podem contribuir para o desenvolvimento das organizações? Nas palestras e treinamentos que ministro – particularmente naquelas sobre liderança e motivação – estas indagações surgem com bastante freqüência. Existe uma parábola que considero muito útil para ilustrar e desenvolver algumas dessas questões. A parábola é a seguinte:

– Dois jovens estudantes estão caminhando por uma floresta. De repente, sem qualquer aviso, surge diante deles um faminto leão da montanha. Um deles, que é formado por uma ótima universidade e está cursando um MBA, rapidamente calcula que leão os alcançará em precisos 30 segundos. Ele se vira para o seu companheiro de viagem e diz: “Não adianta fugirmos: nunca conseguiremos correr mais rápido que o leão!”. O outro estudante – que sequer concluiu o segundo grau – diz, antes de sair em disparada: “Eu não tenho que correr mais rápido que o leão: eu só tenho que conseguir correr mais rápido que você!”.

Ambos os jovens retratados na parábola foram inteligentes: cada qual a sua maneira. O primeiro deles foi “inteligente”, se entendermos inteligência como sendo a capacidade de analisar, calcular e projetar. O segundo estudante, no entanto, foi também “inteligente”, se entendermos inteligência como aquilo que nos permite nos adaptarmos à realidade a nossa volta.

Quando eu pergunto em minhas palestras e treinamentos qual dos dois tipos de inteligência as pessoas prefeririam ter, a maioria geralmente opta pelo segundo tipo, mas a verdade é que precisamos de ambas. Um dado que muitas vezes passa despercebido é que o segundo estudante só toma a decisão de sair correndo depois que o primeiro confirma que o leão da montanha é mais rápido que um ser humano. Se chamarmos a inteligência do primeiro estudante de inteligência “teórica” e a segunda, de inteligência “prática”, podemos mais ou menos repetir as palavras de um ditado chinês que diz que se “Teoria sem Prática é inútil, Prática sem Teoria é perigosa”. Ora, “Teoria sem Prática é inútil” por que não gera ação – o primeiro estudante ficaria parado esperando que o leão o devorasse – e “Prática sem Teoria é perigosa” – por que não tem nenhum controle: é puro impulso, que pode levar ou não ao resultado desejado, dependendo das circunstâncias.

Eu gosto muito de imaginar finais diferentes para esta parábola – talvez eu seja um romântico incurável. Poderia acontecer, quem sabe, do segundo estudante se recusar a abandonar o companheiro à sorte, talvez por acreditar ser esta atitude moralmente errada. Ele poderia, por exemplo, pensar consigo mesmo: “Se eu fugir agora me salvo, mas terei de viver o resto da vida com a certeza de que sou um covarde.”. Se isto de fato acontecesse, o segundo estudante estaria também sendo “inteligente”, mas de uma forma que apenas agora o mundo empresarial está começando a descobrir. Refiro-me ao conceito de inteligência “espiritual”, que caminha lado a lado de temas como ética nas organizações, responsabilidade social das empresas e, é claro, liderança e gestão de pessoas.

Imaginemos, ainda, que o segundo rapaz realmente se decidisse a não abandonar o companheiro. Ele poderia, então, propor que ambos enfrentassem o leão – e o enfrentassem juntos, como uma equipe. Se o segundo rapaz conseguisse vencer o medo, ganhar autocontrole e motivar o companheiro a fazer frente à ameaça comum ele estaria, novamente, sendo “inteligente”, mas de uma outra forma de inteligência, que permite lidar com as próprias emoções e com as dos outros de maneira eficaz. Refiro-me, é claro, à chamada inteligência “emocional”.

Observemos que nenhum dos quatro tipos de inteligência listados até agora seria, isoladamente, suficiente para se garantir um desfecho favorável a esta história. A analogia para o que geralmente acontece no ambiente das empresas é aqui bastante evidente: a vitória contra o “leão” – que pode ser encarado como uma meta a ser conquistada, como a falta de motivação ou desânimo da equipe, como uma figuração da concorrência, etc. – só ocorre se todas as diferentes inteligências realmente trabalharem de forma combinada e harmônica. Conseguir e manter este estado de excelência organizacional é, talvez, o grande desafio das organizações do século XXI.

Tadeu Alvarenga é sócio-diretor da Alves & Alvarenga Consultoria em Gestão e Desenvolvimento de Pessoas. ([email protected])

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