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História de gente grande

Autor: João Roncati
O homem (Homo Sapiens) e seus ancestrais, em sua capacidade e necessidade de comunicação, usaram símbolos e, depois, a escrita para transmitir suas experiências. Foi a partir desses antigos registros que conseguimos conhecer os principais acontecimentos que nos conduziram ao que somos hoje: pelo compartilhamento do que foi vivido. O estudo destes registros ainda causa encantamento em muita gente, tanto pela transmissão de mitos como de fatos através de milênios. Afinal, quem nunca imaginou histórias sobre como era a vida nas cavernas ou no antigo Egito?
Como seres naturalmente comunicadores, gostamos de ouvir uma boa história e, muitas vezes, de contá-las. De uma forma ou de outra, preservamos estes antigos hábitos ao sentarmos com nossos filhos para ler histórias ou contar um pouco de nossas experiências. É um processo de educação, de construção de referências. E é provavelmente por isso que o storytelling (ou simplesmente “contação de histórias”) tem chamado a atenção de cada vez mais indivíduos e empresas, principalmente quando o assunto é treinamento e desenvolvimento.
Muito utilizado nos cinemas, teatros, TV e mais recentemente em campanhas publicitárias, o storytelling também invadiu as organizações. Isso porque a ferramenta tem bons atributos, já que é simples, fácil, e pode trazer bons resultados com o uso adequado e estratégico. Ele faz com que as pessoas “se reconheçam” através de histórias em comum, humanizadas, integradas com a sua experiência profissional e particular, gerando reflexão sobre conteúdos ou temas que necessitem de atenção e multiplicação. O compartilhamento de experiências, impressões ou sentimentos é algo que agrada às pessoas, cria identidade, amplia o senso de pertencimento e humanização.
Além disso, é um processo simples, onde não há dependência de técnicas complexas. A única exigência do processo é criar uma atmosfera em que as pessoas tenham disposição para contar e ouvir. O processo de compartilhamento, que chamei informalmente de “humanização”, nos permite sair dos espaços de insegurança com relação a estar próximo a pessoas que talvez saibam mais do que eu sobre algum assunto, ou a insegurança pela complexidade de alguma ferramenta de gestão apresentada.
Quando percebemos que as dimensões e complexidades de uma pessoa vão muito além do ambiente profissional, o storytelling auxilia a transmitir conteúdos em forma de narrativa, dando sentido e forma a mensagem que, de outra forma, iria requerer muito mais tempo para ser compreendida.E embora sua disseminação tenha ganhado velocidade em práticas de treinamentos, essa ferramenta também é uma boa escolha para o desenvolvimento de competências de forma geral e para outros momentos, como a construção de estratégias.
Entretanto, assim como outras ferramentas, o storytelling também tem seus desafios e estes devem ser levados em consideração pelas áreas (em geral RH) que o adotarem ou pela consultoria contratada para desenvolvê-lo no âmbito corporativo. Abaixo listo alguns deles:
– É preciso ter foco com as estratégias e definir a metodologia apropriada. O clima deve ser de seriedade e tranquilidade entre os participantes, para que ouçam as histórias sem escárnio;
– Evite a disseminação do storytelling de forma “panacéica”, ou seja, ele não será a resolução para todos os problemas da empresa. Saiba identificar quais são os pontos a serem melhorados e se a ferramenta é a ideal;
– É importante compreender que pessoas diferentes têm capacidades não análogas de contar e compreender uma história. Às vezes é preciso “dar uma ajudinha” e adaptar o roteiro aos diferentes perfis ou apoiar o esforço de compartilhar as histórias. A capacidade nem sempre está no mesmo nível do desejo.
Por fim, acredito que o storytelling não substitui ou seja capaz de ser a espinha dorsal de um programa inteiro de desenvolvimento, já que este requer outras metodologias. Mas ele gera valor dentro do programa e pode ser aliado a outras boas estratégias de treinamento, capacitação e motivação. O seu uso nas empresas remete àquela máxima do “menos é mais”, já que, embora seja uma ferramenta simples, costuma ser bem compreendida pelos públicos da organização e reflete em bons resultados. Pesquise e analise como sua empresa pode ser beneficiada pelo storytelling.
João Roncati é diretor da People+Strategy.

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