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Inovação cultivada

Autor: Flávio Pelizari
A inovação não é algo que simplesmente acontece, do nada. Ela precisa ser cultivada, desenvolvida e estimulada. A simples decisão ou vontade de se ter uma empresa ou um ambiente inovador não é garantia de que isto vai acontecer, apesar de ser um bom começo. Como em todo cultivo, um ambiente inovador precisa de investimentos para criar raízes e crescer. Alguns pontos são cruciais para isso.
Diversidade
Atualmente, o tema diversidade está muito difundido por conta do estímulo à defesa das minorias e das diferenças. Quando pensamos em um ambiente inovador, a diversidade toma uma dimensão muito mais ampla, já que a inovação só pode existir em um ambiente com espaço para o diverso e o diferente. Novos olhares, novas formas e novas abordagens devem ser estimuladas para o surgimento de novas ideias. Assim, o aparentemente contraditório deve ser estimulado, discutido e não subjugado e afastado.
É um estímulo fundamental à inovação o empenho dos gestores em compor um ambiente com diversidade de pessoas, olhares, comportamentos, pensares, experiências, idades, crenças, raças, onde haja convivência e propostas de ideias e soluções para os mais diversos problemas, com o objetivo de solucionar questões externas e internas relativas ao negócio.
Ambiente
A inovação não se desenvolve em um ambiente limitado, restritivo e cheio de barreiras. O ideal é derrubar paredes, sejam elas físicas ou mentais. Quanto menos barreiras e hierarquias houver na empresa, maiores serão as chances de se desenvolver um ambiente inovador. Quanto maior o acesso e relação entre os profissionais dos mais diversos níveis da empresa – incluindo líderes do primeiro escalão e os colaboradores em início de carreira -, maior será a chance de todos estarem conectados à realidade do negócio, do mercado e do cliente.
Desta forma, maiores serão as chances das ideias permearem todos os níveis hierárquicos da companhia, promovendo maior compreensão das reais necessidades de mudança e da velocidade necessária para que isso aconteça, além de favorecer a criação de um ambiente mais seguro e honesto, onde o erro não seja punido, mas sim esgotado para que se encontre rapidamente novas soluções e aprendizados, possibilitando crescimento, empatia e inovação.
Entrosamento
Outro tipo de barreira que precisa ser derrubada para a criação de um ambiente inovador é a da distância criada pelo trabalho em home office. Muitas pessoas desejam mais flexibilidade, mas acabam se sentindo isoladas e desconectadas do ambiente corporativo. Garantir meios de comunicação eficazes que integrem estes colaboradores para que o diálogo flua como se fosse presencial, também é uma forma importante de estimular o processo inovador.
Descompressão e criatividade
O sociólogo italiano Domenico De Masi tornou popular a expressão “ócio criativo”, reforçando a ideia de que o ser humano precisa se desconectar da sua intensa rotina diária para estimular sua capacidade de criar. Muitas vezes, aquela ideia que vem sendo maturada há dias, semanas e até meses, acaba aflorando e se concretizando em meio a uma atividade que nada tem a ver com a rotina corporativa. Por isso, a inclusão de áreas de descompressão – como salas de leitura, de jogos de vídeo game, pebolim, ping-pong, bilhar, puffs espalhados pelas áreas sociais -, são excelentes para que os colaboradores possam sair por alguns momentos das áreas tradicionais de trabalho e se desconectarem do operacional.
Essa quebra de rotina estimula áreas do pensamento que podem contribuir com o surgimento de novas ideias e soluções. Se a empresa quer estimular o surgimento de soluções inovadoras, precisa construir condições ambientais que estimulem novas maneiras de ver, sentir e pensar.
Incentivos e recompensas
A questão financeira também é muito importante. Prêmios em dinheiro, bônus, stock options, entre outros mecanismos de reconhecimento, sempre serão grandes incentivos para “reconhecer” a curto prazo alguma nova ideia ou ação inovadora que gerou ganhos ou economias para a empresa. No entanto, atrelar a inovação a reconhecimentos financeiros individuais, apesar de ser uma boa ferramenta, pode ser, em certos casos, um desserviço para a inovação.
A melhor forma de incentivar e recompensar os colaboradores para promover um real ambiente de inovação é fazer com que todos se sintam parte integrante do processo, gerando um ambiente de estímulo e não de ameaça para as novas ideias. Assim, o ideal é que as ideias sejam reconhecidas como um projeto coletivo, onde a contribuição e construção coletiva faça realmente a diferença e gere um resultado exponencialmente melhor do que ações individuais.
A maior recompensa que se pode obter neste sentido – e que reforça o conceito -, é que cada um dos colaboradores envolvidos no projeto sinta-se engajado na ação, perceba o valor da sua contribuição para o todo e se satisfaça por ter contribuído na realização de algo muito maior. As recompensas financeiras ou de crescimento de carreira, então, passam a ser consequência do processo de inovação e não fim.
Flávio Pelizari é diretor de recursos humanos e treinamento da ReachLocal.

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