Autor: Juliane Yamaoka
O modelo de gestão de desempenho adotado por várias empresas – com foco em poucos feedbacks e avaliações subjetivas-já não funciona mais. A opinião não é somente dos gestores de Recursos Humanos, mas também de executivos das áreas de negócio, como aponta uma pesquisa realizada pela Deloitte em 2015.
A principal razão para isso é que a avaliação feita durante o processo de gestão de desempenho tem foco no passado e em avaliações subjetivas e, muitas vezes, aparentemente injustas. Em algumas organizações, os funcionários são classificados em uma espécie de ranking, em que todos os que ficam abaixo dos cinco primeiros sentem que estão apresentando desempenho abaixo do esperado.
Mais do que isso, muitas empresas ainda adotam um modelo “ABC” no qual poucos profissionais podem ser reconhecidos como os melhores, pois obrigatoriamente o gestor precisa respeitar uma curva de distribuição.
Processo lento
A gestão de desempenho tradicional consome muito tempo. São horas dedicadas ao processo, especialmente às avaliações de fim de ano, e à construção de um consenso de como os funcionários serão classificados de acordo com os seus resultados. Segundo o estudo da Deloitte, essas tarefas podem somar mais de 2 milhões de horas durante todo o ano.
Felizmente, a gestão de desempenho está mudando. Novas tecnologias, como a gamificação, estão ajudando as empresas a lidar com os desafios da gestão de desempenho tradicional, fazendo com que as empresas adotem processos com feedbacks mais ágeis e justos, menos influenciados por aspectos emocionais e psicológicos, e, principalmente, focados no futuro e não no passado.
Veja como a gamificação pode ajudar neste processo:
1. A gamificação gera feedbacks melhores
Segundo o estudo da Deloitte, na gestão de desempenho tradicional, 62% das avaliações são resultado de uma percepção subjetiva dos seus gestores. Ou seja, a maior parte do que é medido pelas avaliações acaba sendo matizado pelo viés subjetivo do avaliador.
Isso cria um sistema no qual os funcionários (exceto os de maior performance) são classificados em um ranking frustrante de talentos que os torna inseguros. Além disso, essa abordagem impede que o funcionário entenda como está o seu desempenho no momento presente e como fazer para melhorá-lo no futuro.
Para solucionar esse problema, as empresas precisam oferecer feedbacks rápidos e transparentes que permita que seus colaboradores alterem e melhorem sua performance, em vez de apenas ressaltar todos os seus erros de uma vez no fim do ano, quando não há mais nada a fazer.
O conceito de gamificação tem muito a acrescentar à gestão de desempenho porque é, antes de tudo, um mecanismo de feedback. Um recurso importante dos jogos é a possibilidade de tentar algo diferente diversas vezes até dar certo – pense em você tentando passar de uma fase muito difícil em um jogo de smartphone, por exemplo.
Bons feedbacks permitem que você falhe, entenda o que fez de errado e então conserte imediatamente suas ações. O conceito de gamificação dá mais agilidade a esse processo, pois pode ser incorporado por softwares de gestão de desempenho e aplicado, especialmente, na capacidade de coleta de dados em tempo real dessas tecnologias, refletindo a performance atual do funcionário, não seu histórico.
2. Avaliações mais justas e transparentes
Como pode ser integrada a sistemas de gestão de desempenho, a tecnologia de gamificação permite a adoção de uma abordagem mais objetiva, em que todos são classificados sob os mesmos parâmetros e da mesma maneira, pois é baseada em dados.
3. Alinhamento aos objetivos da empresa
A habilidade de alinhar os objetivos de negócio às metas de cada colaborador de maneira pouco invasiva é um dos maiores benefícios da gamificação. Os gestores já estão acostumados a relacionar seus objetivos individuais aos objetivos corporativos, no entanto, para os funcionários que não estão no nível da gerência, isso costuma ser mais difícil.
Na maioria das vezes, os colaboradores simplesmente veem suas tarefas como um conjunto de instruções do tipo “faça isso” ou “faça aquilo”. Isso não ajuda em nada a comunicar o objetivo corporativo ou os valores da empresa, e acaba impedindo que os funcionários atinjam o máximo de sua performance.
4. É um valioso instrumento de engajamento
Além de melhorar a gestão de desempenho, a gamificação pode ser usada para promover uma cultura corporativa positiva, por meio de recompensas que premiem comportamentos como colaboração, sugestão de novas ideias ou até a participação em programas de voluntariado, por exemplo.
5. Uma nova forma de fazer gestão de carreira
A partir do conceito de gamificação, as empresas podem criar planos de carreira transparentes e baseados em missões, como as fases de um jogo, que mostram os passos que os funcionários devem seguir para conquistar novas posições na organização. A empresa ainda pode desenhar esses programas permitindo que os membros do time reconheçam uns aos outros com base em contribuições dadas visando um objetivo comum.
A gamificação moderniza os tradicionais sistemas de avaliação e aproxima jovens profissionais da cultura e valores organizacionais. O que você está esperando para tentar na sua empresa?
Juliane Yamaoka é gerente geral da Efix.