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O investimento inicial

Autor: Beth Callia
Em dezembro de 2013 o Brasil registrou taxa de desemprego em 4,3%, considerada a mais baixa da história desde que o IBGE iniciou esse tipo de levantamento, no ano de 2002. Se por um lado podemos comemorar, por outro devemos ter mais atenção com o número de desemprego na faixa de quem está querendo entrar ou se firmar no mercado de trabalho: os jovens.
Relatório divulgado no ano passado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentou dados preocupantes acerca do mercado para os jovens brasileiros. O documento destaca que, em 2012, um quarto das pessoas com idade para trabalhar no Brasil tinha entre 15 e 24 anos. E, entre os desempregados, 46% eram jovens.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que há 75 milhões de jovens desempregados no mundo. Logo, possuem três vezes mais chances de estarem desempregados do que seus pais, segundo estudo do McKinsey Global Institute. Na África do Sul e Grécia, mais da metade da população jovem está desempregada, e taxas de desemprego de 25% ou mais são comuns na Europa.
Paradoxalmente, há uma escassez crítica de habilidades. Entre os nove países consultados pelo McKinsey Global Institute (Alemanha, Arábia Saudita, Brasil, EUA, Índia, Marrocos, México, Reino Unido e Turquia), apenas 43% dos empregadores pesquisados confirmaram ser possível encontrar um número suficiente de trabalhadores iniciantes qualificados. Este problema provavelmente não será um fenômeno temporário, pois o instituto estima que, até 2020, haverá escassez de 85 milhões de trabalhadores de nível médio e alto de qualificação.
A principal recomendação para reduzir o quadro é investir mais em educação, além de buscar medidas para estimular a contratação dos mais novos. Pois se os que deram duro para terminar o colégio e a universidade não conseguirem obter empregos decentes, a sociedade terá de se preparar para surtos de ira e violência.
Para enfrentar o problema, são necessários o desenvolvimento de competências e a criação de empregos. O jovem precisa estar preparado para entrar no mercado de trabalho e isso não acontece apenas com a conclusão dos estudos no ensino médio. Ele tem de receber cursos de qualificação para entender quais as reais necessidades do mercado. Sem essa formação, ficará cada vez mais difícil garantir a inclusão deste público.
O jovem de hoje não está de olho apenas em oportunidades, mas busca também reconhecimento, plano de carreira, desenvolvimento, interação com outras áreas, conhecimento e muito diálogo com seus gestores.
A voz desta população já está presente nas ruas, seja para reivindicar mais qualidade nos serviços públicos ou dar um ´rolezinho´ em shopping centers. O que falta é mais orientação e qualificação. Se as empresas investirem nos jovens certamente terão um arsenal de talentos preparados para aumentar seus níveis de competitividade e se tornarem mais sustentáveis.
Beth Callia é coordenadora do Projeto Formare, na Fundação Iochpe.

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