O papel da liderança em momentos de crise



Autor: Roberta Yono Ebina



Todas as vezes que os resultados de uma empresa não estão de acordo com os planejados e o final do ciclo financeiro se aproxima, muitas inquietações começam a rondar a mente do executivo. Vemos as mesmas ações sendo feitas: corte de pessoas, mudanças de executivos, planos de incentivos à equipe comercial para aumento de faturamento, corte de investimentos e custos, entre outros. Também vemos que essas ações nem sempre dão certo e, a partir daí, o executivo começa a tentar amenizar seu sentimento de frustração lembrando-se de que o mercado em que atua também não teve bom desempenho naquele período. Entretanto, vale ressaltar: não tente amenizar o problema. Encare-o e aprenda quais são as reais causas dele.



Uma das principais causas é a de que o executivo ainda utiliza práticas do século XIX como forma de obter os resultados que almeja, mas o mundo está mais complexo e em constante mudança.



Independentemente do segmento de atuação, as ações do executivo devem estar baseadas na era do conhecimento, não mais na era industrial. Ou seja, quem manda no mercado hoje não é mais o fabricante e sim o cliente, e ele quer ser tratado como único – mesmo em segmentos comoditizados. A estrutura hierarquizada é lenta demais para atender às suas demandas e é um erro fatal somente levar a eficiência como foco de seus indicadores de resultados já que o problema hoje é a complexidade do mercado.



Outro ponto importante é entender definitivamente que quem traz resultado para a empresa são pessoas. Por isso, sua atuação no negócio deve ser voltada para gerar o melhor ambiente para que os colaboradores tragam os resultados.



Não tente motivar ninguém. Qualquer pessoa quer se sentir útil e produtiva, ou seja, quer se interessar pelo trabalho, se motivar frente às metas que se compromete, buscar e aceitar responsabilidade, deseja realizar todo o seu potencial, é criativa e inovadora – tudo isso, dentro das condições certas.



Então, por que as pessoas não dão o melhor de si ou não demonstram estar comprometidas? Muito provavelmente você impede as pessoas de darem o seu melhor. Pergunte legitimamente para a sua equipe o que você faz ou deixa de fazer que a impede de ter o melhor desempenho. É um momento dolorido e difícil, a princípio todos dirão que está tudo bem, mas não aceite as primeiras respostas. Dê abertura para todos falarem. A partir daí comece a trabalhar, mudar. Sua responsabilidade é criar as tais condições certas para as pessoas buscarem resultados.



Concluindo, o papel do líder em qualquer momento, seja de crise ou não, é alinhar todos em torno das mudanças do mercado, da visão da organização, ser exemplo da prática dos valores da empresa e dar as condições certas para que os colaboradores realizem todo o seu potencial. Tenha a certeza de que seus concorrentes estão fazendo a mesma pergunta que você e pode ser que eles tenham a mesma resposta. A diferença entre um e outro é a coragem de mudar!



Roberta Yono Ebina é consultora associada da Muttare.


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