A classe C e o mercado de franquias



Após crise mundial, a economia brasileira foi uma das únicas a conseguir se restabelecer em curto prazo. O aumento das vendas de produtos da linha branca, como eletrodomésticos e celulares, foi dado pelo crescimento da classe C, que traça aos poucos seu histórico na economia do país. Um estudo inédito feito pelo Ibope sobre os hábitos de consumo dessa classe, intitulado ´Classe C Urbana do Brasil: Somos iguais, Somos diferentes´, aponta que o mercado precisa se adaptar à demanda dessa população. A Bastockler, consultoria de negócios, também pontua que esse é um bom momento para se prestar atenção neste público. Em número maior que o de alto poder aquisitivo, a consultoria questiona a pouca quantidade de opções de franquias para essa classe.

 

A máquina propulsora do mercado de franquias são as classes A e B e parte dos shoppings são voltadas para esse público. Porém, a classe C já contabiliza cerca de 90 milhões de pessoas, responsáveis por quase 50% da renda nacional e que estão em constante subida na escala social brasileira. Prova disso são os dados apresentados pela pesquisa já citada: 19% dessas pessoas pretendem comprar um imóvel nos próximos meses e 9,5 milhões planejam comprar um carro dentro de 12 meses. De acordo com o instituto Data Popular, a renda média desta classe subiu 13% só em 2008. Dados da ABF – Associação Brasileira de Franchising- mostram outros dados que colaboram o maior poder de consumo da Classe C: em 2009, cerca de 720 mil novos empregos foram criados no Brasil, 11,2% a mais do que em 2008.

 

Os especialistas da Bastockler salientam que, mesmo com a ascensão desse público, as franquias para o público C são raramente encontradas e se concentram nos pólos comerciais de rua,  geralmente em segmentos de alimentação e educação. “Quando a classe ´C´ tem condições de melhorar seus ganhos financeiros e o seu padrão de vida, as compras do mercado informal não os interessam mais. Comprar em lojas, shoppings e adquirir peças de marca para esse público é uma questão de status”, afirma Luís Henrique Stockler, um dos fundadores da Bastockler. Porém, os valores de locação de espaços nos shoppings são altos em decorrência do público ao qual atende, e isso acaba por inviabilizar o negócio. Outras dificuldades são encontradas ao investir em franquias para a classe C, já que muitos investidores, que buscam posicionamento, não têm intenção em atender este público.

 

O estudo do Ibope aponta, ainda, que a classe C é predominantemente jovem e se preocupa mais em investir na aparência e nos cuidados pessoais, pois manter a aparência jovial, para 64% dos entrevistados, é de suma importância. Segundo Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF, lojas como ´O Boticário´ já estão oferecendo produtos diferenciados por um preço acessível para chamar a atenção desse público. De acordo com dados da ABF, as franquias de acessórios pessoais e calçados foram as que mais cresceram no ano passado (41,2). Outro dado apresentado no estudo do Ibope é que apenas 23% dessas pessoas falam outra língua e, por isso, este é outro segmento no qual a classe C tem interesse em investir.

 

Embora este público tenha mais interesse em investir no quesito beleza e idioma, por exemplo, dados da Associação Brasileira de Franchising mostram que em 2008 o número de redes de fast food chegou a 280 no país, e foi o maior entre todas as redes de franquias. Esse crescimento se deu, em grande parte, pelo maior poder aquisitivo das camadas populares. Já em 2009, A classe C é uma das fatias mais disputadas pelo mercado e algumas empresas já tentam abrir franquias direcionadas a esta classe, como é o caso da Kopenhagen, rede de chocolates finos que recentemente inaugurou a “Brasil Cacau” e da Hope, do segmento da moda, que elaborou um plano de expansão que prevê lojas exclusivas e focadas nesta classe, seguida dos exemplos das marcas Líquido e Sawari.

 

O setor de empréstimo consignado também já começou a se movimentar, como é o caso da empresa ´Grana Aqui´, mas existem outros segmentos que ainda não se planejaram em relação a isso. De acordo com Stuart Hart, da Universidade de Cornell, em todo o planeta, esses consumidores emergentes somam 4,5 bilhões. Aqueles que não trabalharem diretamente com essas pessoas estão fadados a não crescer, pois no Brasil a nova classe já tem um poder de consumo inigualável. Considerando-se os dados apresentados, os que se preocuparem em atender essa população poderão expandir cada vez mais os negócios.

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