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A importância de saber ouvir


Presidentes e donos de empresas são pessoas que pelas características de personalidade (pró-atividade, iniciativa, persistência…) estão mais dispostas a falar, a emitir opiniões do que de ouvir. Entende-se esta característica como a própria razão de estarem aonde estão. Sair do “lugar comum” e alcançar o topo de uma organização quer seja o fundador de um negócio, quer tenha alcançado a posição dentro de uma empresa existente requer uma extraordinária auto-estima e capacidade de vencer obstáculos! Muitas vezes esta posição é alcançada pela pura persistência e objetividade!

Ao alcançar o topo, depois de uma geralmente longa desgastante jornada (não raramente com perdas ou seqüelas na vida familiar) o executivo realiza que se encontra só nesta posição. Da mesma maneira o criador de um novo negócio, depois de passar pela fase de sobrevivência e pela luta da consolidação, encontra-se agora diante de um novo dilema: como manter o negócio com vida e com expansão necessárias não só para combater a crescente concorrência como também para proporcionar motivação permanente para os funcionários e colaboradores.

Neste momento, tanto o presidente executivo como o dono se dão conta (alguns de forma explicita outros de forma inconsciente) que estão sós. Esta sensação de solidão é então compartilhada “em fatias” ou seja, ele troca informações e sensações com várias pessoas que o cercam, individualmente: o amigo, a companheira, o consultor, o fornecedor, o cliente etc… Em cada uma destas conversas ele expõe parte do todo pois em cada uma delas existe um interlocutor com um conhecimento e grau de relacionamento diferentes. Desta forma a mesma questão fundamental é tratada “caso a caso”.

E nesse momento, a necessidade do homem de comunicar-se ; colocar-se no lugar do outro; pulverizar idéias antigas; reavaliar crenças e valores; transmutar-se e escolher os caminhos mais viáveis, para a efetivação dos seus objetivos e metas pessoais e empresariais fica em aberto.

Essa necessidade motivou, há alguns anos, o aparecimento no Brasil de uma experiência já existente nos USA deste o final da 2a Guerra Mundial, onde grupos de presidentes e donos de empresas com algumas características especiais: não concorrentes, não fornecedores, não clientes, sem nenhum relacionamento prévio e aonde os assuntos são mantidos em estrita confidencialidade, passaram a ser criados. Os participantes não se conhecem previamente e são escolhidos de acordo com a experiência, tipo de negócio e momento de vida.

As reuniões têm freqüência mensal e duração de cinco horas (uma manhã).Pela característica dos participantes (em numero máximo de 15 por grupo) a função do coordenador (um “igual” mas não um par) é dar aos participantes tempos iguais para expor idéias e questões. Desta maneira, em um ambiente em que todos são iguais cada participante aprende a ouvir mais do que falar o que é um exercício incomum para a maioria destes profissionais (normalmente em suas funções eles se acostumaram mais a falar do que a ouvir).

Este relacionamento com pares, e não competidores, dento de um ambiente de estrita confidencialidade permite a abertura de temas para um mesmo grupo jamais anteriormente expostos. O feedback recebido é imparcial e absolutamente sincero pois não existe qualquer interesse envolvido.

O aspecto “atemporal” deste relacionamento (os grupos se formam porém não têm prazo para terminar) – não raro grupos existem durante mais de 10 anos – favorece também a opinião “sem qualquer interesse” de todos os participantes.

Talvez essa represente uma saída para um problema que afeta indistintamente todos os gestores e responsáveis pelas decisões finais.

André E. Kaufmann é presidente e coordenador de atividades do Renaissance Executive Fórums no Brasil. ([email protected])

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