Banda larga para acelerar a economia



Autor: Cássio Tietê

 

Uma das primeiras medidas do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no início de 2009 foi destinar U$ 7 bilhões para programas de incentivo à tecnologia de informação. A medida tinha como objetivo estimular a economia do país que se vê atolado em uma recessão e tem respaldo em sua própria história.

 

O estudo “Os Efeitos da Implantação da Banda Larga na Produção e no Emprego”, de junho de 2007, conduzido nos Estados Unidos, estimou que para cada ponto percentual de aumento na penetração da banda larga em uma área particular, o emprego aumentaria de 0,2 a 0,3 pontos percentuais por ano. Já o estudo “Medindo o Impacto da Implantação da Banda Larga”, concluiu que, de 1998 a 2002, as comunidades dos Estados Unidos que estavam entre as primeiras a adotar a banda larga em massa experimentaram um crescimento mais rápido em empregos e número de empresas nos setores de utilização intensiva de TIC (Tencnologia de Informação e comunicação).

 

O que as lições dos Estados Unidos podem ensinar ao Brasil? Em um país em que a penetração de banda larga é de pouco mais de 5% e que atinge somente 1% da população no Nordeste, de acordo com pesquisa da IDC publicado em 2008, o investimento em TI pode significar um incremento substancial em receitas, acesso da população a novas tecnologias, além de servir como um fator de fixação da população em seus lugares de origem, evitando assim a migração interna e o aumento do inchaço das grandes metrópoles, pois o melhor acesso à banda larga pode melhorar a economia das áreas rurais, conduzindo renda, melhorando os estilos de vida e reduzindo a necessidade e o desejo de migração para as cidades.

 

Além disso, a conexão da população fora da área metropolitana por meio da banda larga também proporciona acesso ao e-government para cidadãos e empresas, e melhores oportunidades educacionais para os estudantes que podem ser apresentados à tecnologia necessária para competir e ter sucesso na economia global do século 21.

 

Embora essas melhorias sejam difíceis de medir, um estudo publicado pela Associação Econômica Européia em 2006 concluiu que os países em desenvolvimento com melhor infra-estrutura de TIC atraem significativamente mais negócios do exterior, de terceirização e investimentos estrangeiros.

 

Um dos exemplos de como a tecnologia pode ajudar economicamente as nações foi apontado no estudo “Impacto Líquido Dos Benefícios Econômicos Nacionais”, realizado em 2006, que mostra que as soluções empresariais para a Internet permitiram às empresas privadas dos Estados Unidos economizarem $155 bilhões e ajudaram empresas da França, Alemanha e Reino Unido a aumentar as receitas em $79 bilhões.

 

E “O Estudo do Impacto Líquido: Os Benefícios Econômicos Projetados da Internet Nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha”, que envolveu cerca de duas mil empresas nos Estados Unidos concluiu que as soluções empresariais para a Internet resultaram em um ganho líquido de cerca de $600 bilhões até 2001 e adicionarão 0,43 pontos percentuais ao crescimento futuro da produtividade até 2011.

 

Embora o governo brasileiro reconheça a urgência do tema e já tenha avançado em algumas frentes, como programas para colocação de Banda-larga nas escolas até 2010 , criação de tele-centros bem como apoios pontuais a algumas cidades digitais, não temos no Brasil um programa de alcance nacional que viabilize o acesso massivo a banda-larga nos moldes do que foi feito com o programa “Computador para todos”.

 

Para lançar um programa desta envergadura o governo pode seguir o exemplo do que vem sendo feito recentemente por países como China, India, Colômbia, Chile, Comunidade Europeia e adotar políticas como:

 

· Modificar a política existente e disponibilize os Fundos Universais de Serviços para serem uilizados para expandir os serviços de banda larga em áreas remotas e rurais.

 

· Agilização do processo de liberação de Espectro adequado a implantação de banda-larga sustentável.

 

· Formação de Parcerias Público-Privadas mutuamente benéficas.

 

É fundamental que haja prioridade e senso de urgência por parte dos governos na implementação das medidas que viabilizarão o acesso massivo à banda-larga. Deve ser buscado um balanço entre medidas estruturantes de longo prazo com alto-impacto e o pragmatismo da adoção de medidas imediatas de rápida geração de resultados.

 

Por isso é fundamental a mobilização e engajamento do governo, iniciativa privada e a sociedade ao redor deste tema. Além de gerar estímulo para a economia o acesso à banda larga para todos contribuirá para um Brasil mais competitivo e próspero.

 

Cássio Tietê é diretor de expansão de negócios da Intel Brasil.

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