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Brasil, perdendo oportunidades de crescer


Alvaro Trevisioli

Já é senso comum a importância da primeira impressão em qualquer relação interpessoal. Quem pretende ser bem-sucedido numa entrevista de emprego, por exemplo, já cansou de ler conselhos dos especialistas sobre como se vestir para passar uma boa imagem a quem deseja impressionar. Fazendo uma analogia entre a captação de investimento estrangeiro e a busca por emprego, o Brasil, pelo visto, não seria contratado na maioria das empresas.

Ao apresentar o país a um investidor estrangeiro, as roupas ou o cartão de visitas que temos a oferecer é um prospect de nosso ambiente de negócios. Ou seja, tentamos mostrar que, de forma geral, é bom colocar dinheiro aqui em investimentos produtivos. A viabilidade do negócio oferecida seria como o currículo do entrevistado, ou seja, o conteúdo que o interessado na vaga tem a oferecer.

O problema é que o “candidato Brasil” chega à sala de entrevista maltrapilho. Como lugar para se fazer negócios, nosso país ocupa hoje um desonroso 119° lugar entre as 155 nações pesquisadas pelo Banco Mundial em seu relatório “Doing Business 2006: Creating Jobs”. E aí a análise do currículo fica por vezes prejudicada.

Para se ter idéia, aqui se leva 152 dias para abrir uma empresa. Em países desenvolvidos, a média é de 20 dias. Para se fechar uma empresa, o prazo previsto é de 10 anos, contra 1,5 de lugares mais atraentes ao investimento. Os tributos, por sua vez, representam 147,9% do lucro bruto de uma empresa, contra 45,4% de países ricos. Ou seja, o salário do “candidato Brasil” é o maior entre os interessados, complicando ainda mais as chances.

Um outro diferencial negativo no nosso currículo é a ausência de autocrítica. Somos incapazes de corrigir nossas deficiências. Projetos de Reforma Tributária dormem em nosso Congresso há anos. A Previdência, por sua vez, passou por diversas reformas superficiais que jamais corrigiram o sistema na essência, que é o de arrecadar mais do que se paga. Uma Reforma Política, dando fim a campanhas milionárias, também nunca saiu do plano das idéias ou de medidas paliativas. Todas essas informações estão na mesa do entrevistador e não há como esconder isso dele.

Enfim, chegamos ao fim da entrevista em manifesta desvantagem em relação aos demais candidatos. Se não tivermos um negócio extraordinário, realmente acima da média em relação aos outros países, estamos fora da disputa. Isso talvez explique por que o país, quando o assunto é investimento produtivo, continue a procurar empregos.

Alvaro Trevisioli é advogado e sócio da Trevisioli Advogados Associados. ([email protected])

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