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Cai o nível de estoque no varejo

Insatisfeitos com a situação econômica do País no último trimestre, os comerciantes da região metropolitana de São Paulo diminuíram os seus estoques e aumentaram os cuidados para evitar os inadimplentes, como mostra a pesquisa de Composição de Vendas e Inadimplência (CVI) da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), relativa ao período de abril, maio e junho passados. A pesquisa é feita com 650 pequenos e médios empresários do comércio a cada três meses. Para a maioria dos entrevistados (48,7%) pela CVI, os estoques estão menores do que os do mesmo trimestre do ano passado. O comércio em geral registrou uma queda de 5,07% nos estoques, ante um aumento de 2,05% verificado pela CVI do primeiro trimestre de 2003. Os setores que mais reduziram foram os de material de construção, com retração de 9,93% em comparação ao mesmo trimestre de 2002, e de bens duráveis, cuja redução foi de 6,34%.
Embora esteja menor do que em 2002, a maior parte dos comerciantes (45,1%) acredita que o nível de estoque atual está dentro do desejado. Desta forma, as encomendas do varejo à indústria e aos seus fornecedores não aumentaram e permanecem, para 59,5% dos entrevistados, iguais ao do mesmo trimestre do ano passado. Para a Assessoria Econômica da Fecomercio SP, novos ajustes de estoque serão necessários se a redução do nível de atividade se mantiver por mais tempo.
O encolhimento dos estoques deve-se, sobretudo, ao desempenho negativo dos pequenos e médios varejistas no último trimestre, que tiveram queda nas vendas de 12,71% em relação ao mesmo período de 2002. O resultado foi pior do que o apresentado na primeira pesquisa do ano (janeiro, fevereiro e março), quando a retração foi de 7,7%. Os piores desempenhos foram dos grupos mais dependentes das vendas a crédito, como o de material de construção, com retração de 19,3%, e de bens duráveis, com queda de 15,45%. Já os não duráveis apresentaram performance menos negativa, com baixa de 6,18%. Embora esse grupo também sofra com a perda da renda média dos consumidores, ele não é tão dependente do crédito e, desta forma, consegue sustentar melhor as suas vendas. Além disso, os não duráveis são, em geral, aqueles bens de primeira necessidade, dos quais o consumidor precisa para a sobrevivência, como os alimentos e remédios.
Mesmo que 46% das vendas do comércio tenham sido feitas à vista no último trimestre, como mostra a CVI, o comércio em geral apresenta um percentual de 2,4% de clientes inadimplentes em relação ao seu faturamento. Para os economistas da Fecomercio SP, apesar de parecer pequena, a percentagem de inadimplentes é significativa, já que a maioria das vendas foi feita à vista ou com cartão de crédito (23,2%). Entretanto, a média de inadimplência do segundo trimestre de 2003 foi menor do que a verificada no primeiro tri, de 3,3%. A Assessoria Econômica da Federação acredita que essa queda deve-se aos maiores cuidados dos comerciantes na concessão de crédito e à migração para cartões de crédito e débito.
Para a Assessoria Econômica da Fecomercio SP, o pior desempenho dos pequenos e médios comerciantes no segundo trimestre do ano reafirma a tendência de deterioração macroeconômica e conjuntural, já antecipada pela primeira CVI do ano. Três fatores, acrescentam os economistas da Federação, contribuem para essa deterioração e o conseqüente ritmo lento da economia: a alta taxa de desemprego, o pequeno volume de crédito e os juros elevados.
O cenário negativo faz com que a maioria (39,4%) dos comerciantes responda que a situação econômica do país está pior em 2003 do que em 2002. A porcentagem de empresários do comércio que optaram pelas respostas pior e muito pior subiu de 44% para 50% entre a CVI do primeiro trimestre e a atual, demonstrando a percepção de agravamento da situação por parte dos representantes do comércio. Embora os empresários achem que a situação econômica está pior, a maioria dos entrevistados (57,7%) consideraram bom os primeiros seis meses do Governo Lula. O índice de reprovação, porém, também foi alto: 38,9% avaliaram como ruim e péssimo. O fator que mais contribuiu para a avaliação positiva do novo Governo, segundo a maior parte dos comerciantes (32,6%), foi a disposição para cumprir as promessas feitas durante a campanha.
O reflexo destes primeiros seis meses de governo no desempenho das empresas do comércio é negativo (queda nas vendas) para 53,5% dos 650 entrevistados. Para apenas 9,2% dos empresários o efeito do governo Lula foi positivo. O setor de bens duráveis, que vem sofrendo com a falta de crédito e as altas taxas de juros, foi o que apresentou mais impacto negativo, segundo 61,9% dos comerciantes do segmento. Entretanto, quando questionados sobre o futuro, cerca de 60% dos empresários esperam ter dias bem melhores nas suas empresas nos próximos 12 meses. Na visão dos economistas da Fecomercio SP, os motivos para essa perspectiva otimista são a esperança e a confiança depositadas no Governo e a dificuldade de imaginar que o cenário irá se agravar por tempo indeterminado.

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