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Canal aberto entre a Alca e a União Européia

* Ruy Altenfelder

Imaginem um bloco de nações com mercado de 225 milhões de habitantes, PIB total US$ 730 bilhões, sem barreiras lingüísticas, com assento simultâneo na Comunidade Européia e na Alca e grandes possibilidades de investimentos, incluindo infra-estrutura. Este bloco já existe, mas sua concretização econômica requer aproximar mais as economias e ampliar o intercâmbio entre os oito países de língua portuguesa, cuja interação encontra-se aquém de suas ligações históricas e culturais.

Exemplo do quanto é incipiente o intercâmbio entre esses países encontra-se nos números do comércio bilateral luso-brasileiro. Em 2001, o Brasil foi apenas o 42º colocado no ranking das exportações e o 23º no das importações portuguesas. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Portugal, a União Européia responde por 77,9% de suas importações e 80,3% das exportações, nas quais a América Latina tem participação pequena. Em 2002, ao qual os dados referem-se, o Continente representara pouco mais de 1% das vendas externas de Portugal.

O quadro, porém, pode estar começando a mudar, tendo o idioma comum e a congruência histórica como elos de nova fase no intercâmbio. Este foi o objetivo que norteou a fundação do Conselho Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, cuja primeira assembléia realizou-se em Lisboa, na primeira semana de junho. Em outubro, Cabo Verde sediará a segunda, na qual poderão ser aferidos os resultados iniciais. Uma das principais metas é o incentivo de negócios entre empresas, campo no qual deverão abrir-se numerosas e boas oportunidades de negócios. O Conselho Empresarial intensificará, ainda, o intercâmbio cultural.

Também será realizado trabalho conjunto nos organismos multilaterais de crédito, visando à captação de recursos para projetos de desenvolvimento e infra-estrutura, igualmente passíveis de investimentos, pois, apesar das disparidades persistentes, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste têm significativa demanda a ser suprida em infra-estrutura. Da mesma forma, sua maioria, incluindo o Brasil, enfrenta desafio quanto à inclusão
social de expressiva parcela da população.

O fato de o Brasil integrar a Alca e de Portugal ser membro da Comunidade Européia é outro fator muito importante e já suficientemente forte para justificar o esforço na ampliação do intercâmbio entre os países de língua portuguesa. A sedimentação desse processo poderá dar-lhes sensível vantagem competitiva no contexto da globalização, pois estariam presentes nos dois maiores blocos mundiais. Há 504 anos, o Atlântico não impediu que a brava gente portuguesa incluísse o Brasil no mundo conhecido no limiar do Século XVI. Agora, não será barreira para que os países /lusófonos/, como se diz em Portugal, conquistem juntos o Século XXI.

*Ruy Martins Altenfelder Silva, advogado, é presidente do Instituto Roberto Simonsen. É presidente da Assembléia do Conselho Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Foi secretário da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo

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