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Comprou e não usou

Quando o assunto é gastar dinheiro, o consumidor brasileiro se contradiz entre o que ele admite que faz e a maneira como ele se enxerga na hora de ir às compras. Pesquisa revela que 88% dos entrevistados se autodeclaram conservadores ou moderados quando vão as compras, mas 47% admitem, que movidos pelo impulso, já compraram algum produto que nem se quer chegaram a usar. O levantamento foi realizado nas 27 capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito, SPC Brasil, e pela Confederação Nacional de Dirigentes Logistas, CNDL. 
Na hora das compras, 37% se consideram econômicos e controlados, 51% se consideram moderados, e 12% declaram que fazer compras são seu ponto fraco. O estudo aponta ainda uma tendência do brasileiro em recorrer ao consumo como forma de satisfazer suas vontades pessoais. Tanto que 59% já compraram algo pensando “eu mereço”, mesmo sem ter condições financeiras para arcar com o produto. De igual maneira, seis em cada dez entrevistados (62%) assumem que antes mesmo de receber o salário, já pensam nas compras supérfluas que farão no mês seguinte. Este percentual aumenta para 69% entre os entrevistados das classes C, D e E, ao passo que entre os consumidores das classes A e B, o índice é de 51%.
Na avaliação do gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, a tendência ao consumo imediatista e impulsivo por uma parcela expressiva da população é reflexo das recentes alterações na estrutura de renda do brasileiro e no acesso ao crédito, que apresentou forte expansão nos últimos anos.”Com desemprego em baixa e reajustes salariais acima da inflação, temos assistido a uma crescente inserção do consumidor ao mercado de crédito, o que garante mais poder de compra. O problema é que a melhora da condição financeira da população nem sempre vem acompanhada de uma maior consciência sobre como gastar esse dinheiro”, explica Borges. 
O consumo como afirmação social
Três em cada dez entrevistados (30%) já se sentiram discriminados por um vendedor e acabaram comprando o produto para provar que tinham condições financeiras de arcar com o custo. No mesmo sentido, 21% dos entrevistados disseram que costumam acompanhar familiares ou amigos a lugares que extrapolam seu próprio orçamento apenas para “não fazer feio”. Este percentual sobe para 24% entre aqueles que são das classes C, D e E e cai para 15% entre os de maior renda.
De igual maneira, em cada dez entrevistados, pelo menos seis (59%) admitem que já ficaram “no vermelho” por adquirir algum bem que não precisavam ter comprado. Segundo Flávio Borges, esse comportamento contribui para o elevado nível de endividamento (comprometimento do orçamento com dívidas a pagar) da população. “Várias das conclusões do estudo reforçam a constatação de que o brasileiro tem satisfação em gastar o seu salário logo que recebe. Com uma visão mais imediatista para a realização de seus sonhos e desejos, ele acaba pagando a mais em forma de juros embutidos nos financiamentos. Isso explica o fato de o Brasil ser um dos países que menos poupam no mundo”, diz Borges.
Sonhos de consumo
Um dos fatores determinantes que despertam o desejo de consumo é a publicidade, revela o estudo. Quatro em cada dez (41%) entrevistados afirmam que o impacto da propaganda nos meios de comunicação é um dos componentes que mais influenciam o imaginário do consumidor. “A persuasão da linguagem publicitária é um bom exemplo de que muitas vezes o consumo está mais ligado ao aparente prestígio criado pela aquisição do bem do que às necessidades reais do dia a dia das pessoas”, explica Borges.
Quanto à possibilidade de realizar seus sonhos, o brasileiro se diz otimista: 93% acreditam que vão conseguir concretizá-los. Para Borges, o alto percentual não assusta. “A facilidade na obtenção de crédito certamente colabora para fazer desse desejo uma certeza. O ambiente atual é favorável ao consumo e enquanto o vento soprar a favor com possibilidades de parcelar um bem por nove, dez ou mais vezes, o brasileiro se manterá esperançoso”, comenta.

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