É uma questão de sobrevivência

Toda empresa precisa do cliente, sem ele não há como sobreviver e estará fadada ao fracasso. Por isso, faz parte de sua principal estratégia procurar por meios para poder fidelizar e conquistar os consumidores. Afinal, essa será a garantia do sucesso. Por mais que não possa parecer, esta também deve ser o objetivo dos times esportivos, principalmente, o futebol, na qual o mercado já vem assumindo um profissionalismo cada vez maior. Porém, muitos consideram que o fato de uma equipe ter uma torcida já seja o suficiente, só que não basta. É uma questão de sobrevivência torná-lo cliente. “A importância de tornar um torcedor em um cliente é vital para a saúde financeira dos clubes. Aliás, atualmente, essa é a principal missão dos departamentos de marketing dos clubes de futebol”, afirma Renato Chvindelman, sócio-diretor da agência Arena Sports Marketing.
Porém, ele reconhece que essa pode ser uma tarefa não muito fácil para os times, uma vez que não faz parte do hábito deles se relacionar diretamente ou até mesmo tratar bem os torcedores. “Quanto mais clientes, maior responsabilidade, maior longevidade, maior o lucro”, analisa. Esta seria, então, uma nova etapa na relação entre clubes e torcida. “É extremamente importante esta preocupação, pois os clubes são como empresas, que precisam de clientes para ter lucro e prosperar. Isso é uma regra básica. Empresas sem clientes estão fadadas ao fracasso. Clientes são o oxigênio das empresas”, avalia o executivo.
Ainda mais que os times podem contar com a facilidade que a pessoa sendo torcedora, ela já possui uma fidelização mais facilitada, uma vez que ela já possui, de certa forma, uma paixão pelo clube. “Já existe uma pré-disposição para que essa fidelização seja consumada”, ressalta Chvindelman. Às vezes, o que falta para esse torcedor é uma maior participação e presença, sendo necessária, então, a presença de um marketing bem trabalhado que consiga convocá-lo para estar mais próximo. “É um processo vantajoso para ambos. Ganha o torcedor, ganha o clube.”
No entanto, é essencial que o clube tenham em mente que é garantida a fidelização de seu torcedor e muito não precisa ser feito. Por mais que ele possua um sentimento forte pelo time, muitas vezes passado por gerações passadas, ele ainda deseja ser bem tratado e receber algo em troca nessa relação, ganhar algum benefício. “Pense, por exemplo, em uma rede de hotéis ou mesmo uma companhia aérea, se você não fosse bem tratado ou não recebesse nenhum tipo de benefício/programa de milhagem, você continuaria como cliente? Dificilmente”, exemplifica ele. Mais uma razão para a instituição esportiva funcionar como uma empresa, preocupando-se com o cliente, o que necessita, conhecendo o seu perfil e preferência, a fim de oferecer a melhor experiência a ele. “Não adianta estimular o cliente a investir ou mesmo fazer parte de um programa de relacionamento, se ele não tiver uma vantagem competitiva. Todo cliente gosta de ser reconhecido, gosta de ter regalias. Ele quer reconhecimento.”
Um exemplo de bom relacionamento está nos programas de sócio-torcedor, ainda que sejam recentes no Brasil. Quanto mais o cliente se relaciona, mais vantagens ele ganha em troca, como: descontos na compra de produtos licenciados e ingressos; serviços exclusivos; experiências com jogadores; visitas aos centros de treinamentos; entre outras melhorias. “Existe uma infinidade de ações que podem ser feitas para cativar os torcedores e podemos aprender demais com exemplos no futebol europeu ou ainda nas ligas profissionais americanas (NBA, NHL e NFL), porque estamos anos-luz atrás neste sentido”, completa Chvindelman.

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