Autor: Jorge Nahas
Ao longo do tempo o sistema econômico se adapta e se transforma em novos e melhores ciclos, destruindo o modelo velho e criando um novo, promovendo longos períodos de prosperidade, recompensas para novos produtos, novos métodos produtivos ou novos sistemas organizacionais. A dinâmica capitalista promove um permanente estado de inovação, mudança, substituição de produtos e criação de novos hábitos de consumo.
Em 1942, Joseph Schumpeter observou que era da natureza do capitalismo fazer progresso por meio de “destruição criativa”. Ocorreu muita destruição no setor financeiro ao longo dos últimos anos e ainda não é amplamente reconhecido que isso faz parte de um processo criativo. No entanto, há um bom motivo para pensar que é. Os preços dos ativos estavam sobrevalorizados, os bancos eram mal administrados e a confiança, na verdade, complacência disfarçada.
Neste sentido, insisto em afirmar que estamos iniciando um novo e melhor ciclo econômico, com novos valores, culturas e objetivos, onde as marcas e empresas irão ter vida, os clientes e consumidores serão fãs da marca, os produtos serão customizados em massa, as pessoas serão inspiradas, motivadas e reconhecidas e, consequentemente, terão uma vida mais emocionante, saudável e feliz.
Sejam bem vindos à economia de experiências
Após sucessivos ciclos econômicos associados a produtos e serviços, o mercado global inicia uma nova era, em que a educação, o entretenimento, a estética e a interação se fundem para formar novos elementos de competitividade, através da geração de valor gerado pelo Marketing de Experiências. Esta cultura vem assumindo um papel relevante em diversos países. E não é diferente no Brasil. As experiências são marcantes e trazem uma lembrança mais duradoura de sua empresa ou de sua marca.
O experience marketing objetiva a surpresa. E, para surpreender, busca alcançar primeiramente os sentidos, via conexão emocional. Ele permite ao cliente vivenciar a sensação que o produto pode provocar. Ver, tocar e ouvir são sensações que dão sentido para tudo na vida; todos querem sair do comum e se emocionar.
A história econômica pode ser dividida em quatro grandes etapas: agrária, industrial, de serviços e de experiências. Para ilustrar esta evolução, veja o exemplo de um simples bolo de aniversário que vem sendo usado por grandes autores para esta metáfora.
Na economia agrária, eram as mães que faziam os bolos, misturando várias matérias-primas, pelas quais pagavam uma pequena quantia. Mas os tempos mudaram e as mães, absorvidas pela economia industrial e atarefadas, passaram a comprar – por um preço um pouco maior – as embalagens de ingredientes pré-misturados.
O tempo mudou, a economia passou a absorver ainda mais as pessoas e surgiram os serviços. Aí entramos na economia de serviços, na qual os pais atarefados preferem comprar os bolos de aniversário nas confeitarias, pagando um preço muito superior.
O cenário evoluiu ainda mais e hoje se contratam empresas para organizar as festas, os famosos Buffet, onde o ambiente é maravilhoso, decorado, oferece um ótimo atendimento, boa gastronomia,ou seja, é um espetáculo. E o bolo de aniversário acabou sendo oferecido gratuitamente. Bem-vindos à economia das experiências!
Aí está a palavra mágica: um espetáculo. Acabamos de identificar que existe a economia das experiências. É uma economia na qual o que conta é a emoção, a exclusividade, o despertar dos sentimentos e a surpresa a cada momento.
Em termos de segmento sócio produtivo, sinto que o mercado corporativo começa a ingressar na economia de experiências, seja oferecendo momentos memoráveis a clientes (fidelização) e funcionários (incentivo), seja na cadeia produtiva do negócio. Independente de qual seja o segmento que chegará mais perto de adotar a tendência, a certeza é de que será por conta da economia de experiência que uma empresa alcançará mais sucesso do que outras.
Volto a insistir em que a venda de uma experiência não se limita aos teatros, parques de diversão e festas. Em tudo podemos colocar experiências e espetáculos. Exemplos: em uma reunião com clientes, treinar uma equipe de vendas em um ambiente totalmente saudável, construtivo e multisensorial, jogar golfe, degustar uma safra nobre de champanhe, voar de balão. Um restaurante, uma loja de automóvel, uma locadora de DVD…, em tudo cabe um espetáculo.
Acredito que as pessoas que dominam os conhecimentos sobre as novas tecnologias devem pensar nos meios para criar uma vasta gama de experiências, como os jogos interativos, simuladores, eventos de experiências ou a realidade virtual.
E a sua empresa? Vende produtos e serviços ou eventos e experiências?
Jorge Nahas é diretor de experiências do Grupo O Melhor da Vida.