O canal para quem respira cliente.

Pesquisar
Close this search box.

Em busca do modelo ideal de marketing


Paulo Shinohara


Nos últimos anos os bancos de varejo adotaram estratégias agressivas de negócios: partiram para aquisições, criaram e consolidaram operações, penetraram em novos nichos de mercado e segmentaram fortemente suas bases de clientes. As estratégias de marketing das instituições bancárias sofreram profundas alterações, visando aumentar as receitas com novos produtos e serviços bancários, ampliar a escala operacional e melhorar a rentabilidade média por cliente.

Entretanto, a complexidade do novo cenário bancário demanda um modelo de marketing de serviços mais abrangente e holístico. Nessa direção, para que o marketing atinja um nível de integração capaz de gerar resultados superiores para as instituições, é importante contemplar três dimensões: o marketing externo, o marketing interno e o marketing interativo.

Na dimensão do marketing externo, o banco procura entender as ansiedades e expectativas dos clientes, definir e comunicar sua proposta de valor, visando aumentar a atratividade da marca e dos serviços oferecidos. Para isso, são utilizados instrumentos comuns do marketing, como a propaganda, o marketing direto e as pesquisas com clientes. O marketing bancário costuma ser bem desenvolvido nessa dimensão, apesar do seu enfoque ainda ser, predominantemente, baseado mais na realização de transações do que na construção de relacionamentos com a base de clientes.

O marketing interativo trata justamente do relacionamento dos clientes com a instituição por meio de seus diversos canais. Enfatiza a experiência vivida pelos clientes ao consumir produtos e serviços, ao se relacionar com os funcionários e com a ambientação dos canais de comunicação. De modo geral, a interatividade cliente-funcionário ainda não é explorada como um fator de diferenciação dos serviços, sendo bastante similares os estilos de atendimento ao público nas principais instituições bancárias.

Com a ampliação dos canais de atendimento, desde canais eletrônicos, como a internet, até os correspondentes bancários, e a entrada dos bancos em novos nichos, como as financeiras, esta dimensão do plano de marketing tem ganhado importância crescente. Aspectos relacionados à atmosfera do ambiente, ou cenário, onde ocorre a prestação de serviços, tais como a sinalização nas agências, iluminação, decoração, layout, merchandising, etc, vêm ganhando destaque nos pontos de varejo.

Para implementar essa dimensão do marketing de serviços, é comum existir uma barreira de cunho técnico, pois a baixa integração entre as áreas pode gerar falta de preparação adequada da estrutura da instituição quanto aos canais de comunicação internos, procedimentos e infra-estrutura, comprometendo a capacidade de efetivamente entregar aos clientes o nível de serviço prometido na comunicação. Para superar tal dificuldade, o marketing interativo requer a integração de estratégias e ferramentas de três áreas distintas – marketing, gestão de operações e gestão de pessoas – visando a melhoria da qualidade dos serviços, redução de falhas operacionais, aumento da eficiência, redução de custos, gestão da capacidade, etc. Ainda, requer a sintonia com a terceira dimensão, o marketing interno.

Também conhecido como endomarketing, o marketing interno visa preparar adequadamente toda estrutura da instituição para cumprir sua promessa de serviços diferenciados. Neste ponto é vital que o marketing estabeleça um trabalho conjunto no desenho dos instrumentos de gestão de pessoas. Empresas de serviços com qualidade reconhecida em âmbito mundial destacam-se pela existência de políticas que valorizam e criam as condições de trabalho necessárias para um desempenho superior no atendimento aos clientes. O marketing interno deve estabelecer prescrições quanto aos processos de recrutamento e seleção, programas de treinamento, perspectivas de carreira etc, tornando-os a base da entrega de serviços com níveis elevados de qualidade e produtividade.

O modelo integrado de marketing de serviços bancários tem muito a contribuir em um ambiente onde a escala operacional, a eficiência e o relacionamento com os clientes serão fatores críticos de sucesso. O sucesso na superação das eventuais barreiras às mudanças na administração tradicional de marketing, poderá proporcionar a obtenção de uma vantagem competitiva difícil de ser imitada, compensando plenamente o valor do investimento necessário para a implementação dessa abordagem.

Paulo Shinohara é mestre em administração de empresas pela Faculdade de Economia e Administração (FEA – USP) e sócio-diretor da BDO Trevisan. ([email protected])

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima