O Big Data não mais está confinado somente ao domínio da tecnologia. Hoje é considerado uma prioridade de negócio devido à sua capacidade de apontar soluções para desafios de longo prazo, inspirando transformações nos processos, organizações, indústrias e, até mesmo, na sociedade. Com base neste cenário, a divisão de consultoria da IBM, em parceria com a Universidade de Oxford, conduziu o estudo “Análise de dados: O real uso do Big Data no mundo”. A pesquisa contou com 1.144 entrevistados de 95 países, incluindo 65 empresas do Brasil, com o objetivo de identificar como Big Data está sendo aplicado dentro das organizações.
Entre as principais constatações está o fato de que as empresas estão utilizando Big Data para atingir resultados focados em entender e melhorar a experiência do cliente, explorar dados internos e construir um banco de dados com informações confiáveis. Porém, a habilidade técnica dos profissionais para apoiar os primeiros estágios da aplicação é o principal obstáculo observado pelos entrevistados brasileiros.
O levantamento aponta que 63% dos entrevistados notaram que o uso da análise de dados tem criado uma vantagem competitiva para suas organizações. Se comparado com estudo semelhante realizado em 2010, o aumento foi de 70% (na ocasião, 37% enxergavam este cenário). “Para que a iniciativa tenha sucesso, profissionais ligados diretamente aos negócios e à area de marketing devem trabalhar juntos com a equipe de TI. Primeiramente, deve-se identificar os requisitos de negócios para depois adequar infraestrutura, fontes de dados e análise quantitativa para apoiar o projeto”, ressalta Sergio Loza, diretor de Smarter Analytics para América Latina da IBM. No país, o crescimento foi mais significativo: 72% das empresas têm criado vantagem competitiva através da análise, representando aumento de 90% em relação há dois anos.
Ainda sobre o contexto local, 22% dos entrevistados pensam em novos tipos de dados e análises, enquanto 19% pensam em Big Data como informações em tempo real. Estes resultados estão alinhados com uma forma de caracterizar três dimensões do Big Data: os 3 Vs – volume, variedade e velocidade. Mas, a IBM acredita que as corporações precisam considerar uma quarta dimensão: a veracidade dos dados. “A convergência destes 4 Vs ajuda a definir e distinguir Big Data, permitindo que as empresas obtenham vantagem competitiva no mercado. Confiabilidade da informação é um ponto altamente crítico e desafiador, já que a análise não pode trabalhar com dados incertos, que podem oferecer riscos ao resultado final”, complementa Loza.
No entanto, a maioria das empresas brasileiras já está em direção a um nível mais maduro de ações de Big Data. 51% delas estão definindo a estratégia e planejando as atividades que serão colocadas em prática e 24% já estão na fase de implementação do projeto piloto. Os 25% restantes ainda não deram início às atividades. “Apesar de ¼ das empresas do Brasil ainda estarem estudando o conceito, podemos dizer que o mercado está em fase de amadurecimento, com as corporações enxergando os benefícios de investir em análise de dados, mapeando o planejamento e iniciando a implementação de grandes projetos”, destaca o executivo.
Dados advindos de mídias sociais foram lembrados por apenas 2% dos entrevistados brasileiros. Esse índice é surpreendente, pois mostra a falta de conhecimento por parte das organizações de como as redes sociais podem impactar o negócio, levando em conta ainda o fato do Brasil ser um dos líderes em utilização de mídias sociais. Menos da metade das empresas disseram coletar e analisar perfis sociais. A maioria prefere concentrar seus esforços em fontes internas já existentes. “As organizações estão comprometidas com a melhora da experiência do consumidor e em compreender suas preferências e comportamento, mas para que isso ocorra de fato é preciso também interagir e analisá-lo no ambiente online”, explica Loza. As redes sociais proporcionam maior poder de escolha ao consumidor, o que faz dele um influenciador por meio de seus comentários, positivos ou negativos, sobre um determinado produto, serviço e/ou marca.
Outra razão para a pouca utilização de mídias sociais e outras fontes externas é a falta de habilidades analíticas disponíveis. Ter as capacidades analíticas avançadas necessárias para análises de dados não estruturados – dados que não são armazenados nos bancos de dados tradicionais, como textos, sensores, dados geoespaciais, áudio, imagens e vídeos -, assim como dados em movimento, ainda é um grande desafio para as organizações. Somente 25% dos respondentes da pesquisa disseram ter as capacidades necessárias para analisar dados altamente não estruturados – o que passa a ser um grande inibidor na obtenção de valor do Big Data.
Recomendações
Comprometa os esforços iniciais para resultados com foco no cliente – É primordial que as organizações foquem suas iniciativas de Big Data em áreas que possam promover valor ao negócio. Para muitas indústrias isso significa começar com análise dos dados dos clientes para permitir a oferta de melhores serviços e atendimento por meio do entendimento de suas necessidades e da antecipação de futuros comportamentos.
Desenvolva um plano de Big Data para toda a empresa – O plano deve englobar toda a estratégia de negócio com o objetivo de auxiliar a tomada de decisão.
Comece com os dados já existentes para atingir resultados de curto prazo – O local mais lógico para começar a analisar informações é dentro da própria empresa. Esta visão interna é o primeiro passo para a criação de uma experiência dinâmica que sustentará um programa maior de Big Data, que contemple fontes e dados mais complexos.
Construa capacidades de análise com base nas prioridades de negócio – As organizações estão conhecendo uma crescente variedade de ferramentas de análises e, ao mesmo tempo, sofrendo com a escassez de habilidades analíticas. Com isso, as empresas terão que investir tanto em ferramentas modernas quanto em profissionais qualificados.
Crie um caso de sucesso corporativo com base em resultados mensuráveis – Para que as iniciativas tenham sucesso é importante que seja desenvolvida uma estratégia abrangente e viável, com um roteiro sólido e envolvimento ativo dos executivos de negócios.