Autor: Ricardo Garcia Uzal
O século XXI tem sido caracterizado pelas tecnologias e inovações que surgem a cada dia em vários setores, áreas e negócios. Na qual o maior desafio é conseguir absorver e utilizá-las da melhor forma possível, com equilíbrio ideal aos modelos antigos e já consagrados. Essa velocidade tecnológica torna o mercado cada vez mais exigente e competitivo, com desafios tanto na área publica como na área privada. Se até especialistas em investimento de alto risco possuem dificuldades em descobrir inovações transformadoras para seu negócio, imaginem a liturgia de órgãos reguladores, para regular o “novo”, assim como desregular e adaptar os modelos antigos, de uma forma que minimize os custos de transição para inserir este “novo” dentro do “velho” modelo.
Certamente, sempre teremos, de um lado, a resistência dos que são favoráveis aos modelos já implementados. De outro, os que são adeptos às inovações, como consumidores que estão sempre atentos à melhor oferta. A questão que fica é a de onde está o equilíbrio da gestão dos impactos da inovação e quem que sempre ganha essa batalha? Ao lembrar-se de alguns planos adotados na tentativa de desindexação da economia, como congelamento de preços para combater a inflação, a nossa história confirma que é apenas uma questão de tempo para a oferta prevalecer perante a procura.
Atualmente, temos exemplos de praticidade, eficiência e transformação ruptiva, ofertada pela tecnologia. Como os aplicativos Uber, Waze, Airbnb, entre outros. Diminuir a necessidade do ponto de táxi e também tornar menos eficaz a estratégia de rodar pelas vias em busca de passageiros tornam o serviço melhor e mais barato, tanto para o consumidor, quanto para os motoristas. Outro exemplo presente é a adaptação de conteúdo das rádios, que antes apenas indicavam os melhores caminhos nos horários de pico nas grandes cidades, pois hoje há aplicativos que tornam esse serviço mais rápido e eficiente.
A sociedade moderna deve apoiar a legalização, com os devidos impostos, de novas tecnologias e modelos de negócios cada vez mais inovadores e que comprovadamente são produtivos. O que precisamos nos atentar é para a criação de benefícios desta transição, para os que fazem parte do modelo anterior possam se adaptar rapidamente a essa modernização e ocupar novas atividades que serão geradas no mundo contemporâneo. Do contrário, é como ser contra o crescimento e a busca contínua por melhorias de eficiência e ganhos de produtividade, insistindo em postos como o de cobrador de ônibus, para manter empregos.
Hoje, precisamos de investimento em educação e treinamento para que o cobrador de hoje adquira e desenvolva outras habilidades para que possa contribuir com o nosso crescimento econômico real e não dependa de subsídios, reservas de mercado, bolsas do governo etc. O mercado se “auto regulamenta” e a gestão pública preside para que a transição que seja a menos dolorosa e a mais rápida possível.
Estudos como o ILC, que mensurou o letramento científico da população, mostram que existe uma lacuna muito grande entre a necessidade do mercado e a qualificação e conhecimento que os profissionais considerados “ativos” possuem. Especialistas acreditam que a falta de estímulo em carreiras ligadas a ciências exatas pode ser apontado como um dos motivos deste “gap”, ainda mais no mundo que vivemos. Onde as empresas estão cada vez mais informatizadas e aumentam a demanda por profissionais que possuem essas habilidades.
Todavia, é bom ressaltar que antes de desenvolvermos bons tecnólogos, precisamos desenvolver bons cidadãos, que pensem, formem suas opiniões, critiquem e, principalmente, que possam ser críticos, criativos e com rápida adaptação ao novo. Nossa sociedade, junto aos nossos governantes, precisa de um plano em longo prazo, apolítico, que nos prepare para que no futuro. Se algum dia nós não conseguirmos mais desenvolver nossa própria inovação, pelo menos abraçaremos as novas invenções que surgirem, de forma rápida, eficiente e produtiva. Já passou da hora de acordar, “Pátria Educadora”!
Ricardo Uzal Garcia é presidente da Abramundo