Autor: Enio Klein
Já há algum tempo, o celular ampliou seu portfólio de serviços: deixou de ser apenas um meio de comunicação para se tornar uma estratégia indispensável para alavancar os resultados nos negócios. O aparelho ganhou capacidade de processamento, se transformando em um conjunto de ferramentas de trabalho que vão da agenda de compromissos e tarefas, passa pelo uso de aplicativos de produtividade pessoal, chegando a permitir a operação de sistemas de informação sincronizados através da computação em nuvem.
Com a mobilidade profissional, o escritório deixou de ser um lugar físico. As fronteiras deste espaço foram quebradas, ampliando o potencial produtivo, tanto para empresas quanto para clientes e fornecedores. A mobilidade leva a capacidade de decisão para junto do profissional, onde quer que ele esteja. Os modelos de negócios, as alçadas e os valores acompanham o profissional para que ele tome decisões de imediato e possa fechar o negócio antes que o concorrente o faça.
No entanto, não basta colocar um celular ou um tablet na mão do profissional. É preciso disponibilizar aplicativos que sejam capazes de reproduzir modelos de decisão e fornecer as informações adequadas no campo. Caso contrário, é só um brinquedo bonito.
É como sempre falo com clientes e alunos: mobilidade inclui aplicativos que melhoram e facilitam a vida dos profissionais. Precisam ser construídos com foco na atividade, e não no processo empresarial. A automação da retaguarda é que tem o papel de sincronizar as informações e os movimentos, transformando-os e incluindo-os no dia a dia do fluxo de trabalho da empresa. Se assim for feito, não existe o risco dos profissionais não aceitarem o aplicativo.
No entanto, há duas questões principais a considerar. A primeira é a resistência à mudança. A mobilidade traz transformações e responsabilidades que, por si só, já criam essa resistência ao uso. A segunda é que, muitas vezes, ao contrário do recomendado, criam-se aplicações móveis com o mesmo perfil e peso das que funcionam no desktop. Isso faz com que se tornem lentas e difíceis de serem utilizadas, e misturam funções de campo com funções de retaguarda que poderiam ser tratadas por automação do fluxo de trabalho (business process automation) e regras no servidor. A aplicação móvel não resolve tudo dentro do dispositivo, ela é parte de um modelo de computação que mescla funcionalidade local, sincronização e regras de negócio na nuvem, e retorno de resultados para o campo.
Sendo assim, as dificuldades mencionadas ainda fazem com que se transfira muita coisa para o dispositivo e faça os projetistas criarem aplicativos complicados e difíceis de usar, tornando-os inviáveis na prática. A combinação destes dois fatores pode transformar um projeto de mobilidade em um desastre.
Daí a importância de adotar modelos precisos e de resultado comprovado, que articulam poucas informações e permitem um processamento rápido. Isto é, que trabalhem com informação que requer pouca digitação, mas que sejam suficientes para gerar resultados que apoiem o vendedor em seu processo. Além disso, os aplicativos devem permitir sincronização para atualizar as informações no sistema de forma automática e disparo das ações necessárias em função da decisão tomada. Mais negócios em menor tempo é o nome do jogo. E apostar nisso é fundamental.
Enio Klein é gerente geral nas operações de vendas da SalesWays no Brasil.