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Gestão de talentos em foco

Autor: Artur Motta
Conforme se aproxima o final do ano, é normal surgirem dois debates nas organizações. O primeiro se refere aos cenários e expectativas para o próximo ano e o segundo a traçar os planos e objetivos para esse período. Tradicionalmente se aborda um viés econômico e político, extremamente relevante para as organizações, mas limitado do ponto de vista do capital humano. Nesse artigo, convido você a refletir sobre algumas projeções para 2014 sob esse ponto de vista.
Um dos principais indicadores ligados a pessoas, a Taxa de Desocupação no Brasil, auferido pelo IBGE, aponta para fecharmos 2013 com um índice inferior a 2012 (que apresentou o menor índice desde a adoção da nova metodologia, 5,5%). Essa percepção pode ser validada através da criação de empregos formais, quando em setembro houve alta de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Para visualizar 2014 devemos pontuar alguns tópicos.
Em 2014 haverá Copa do Mundo no Brasil. Apesar das incertezas sobre possíveis manifestações no período e sobre o retorno para os patrocinadores, há a certeza de que movimentará a economia com um público estrangeiro de aproximadamente 600 mil turistas, o dobro do obtido na Copa da África do Sul e cerca de 3 milhões de brasileiros se deslocando na época. Nesse momento haverá uma significativa mudança, mesmo que temporária, no perfil do emprego, com a criação de posições ligadas ao turismo, ao comércio (formal e informal), dentre outras. Novamente uma redução na Taxa de Desocupação deverá ser presenciada. Em conversa com alguns executivos do setor varejista, a qualidade e capacitação dessa mão de obra são citadas como grandes preocupações para o período.
Fato, entretanto, é que a desmobilização da força de trabalho, decorrente desse evento, se dará de uma forma mais precipitada que a aceleração ocorrida nos meses precedentes.
Ainda no cenário brasileiro teremos eleições em 2014. Coexistem dúvidas sobre os candidatos, coligações, intenções de voto, dentre outras. O fato, explicitado pelos jornais, é que o debate eleitoral já iniciou, elevando a incerteza do ambiente e freando atuações mais incisivas dos poderes da nação. No mercado de trabalho podemos identificar que qualquer circunstância decorrente desse evento terá como característica ações pontuais e imediatistas de curto prazo. Provavelmente não teremos investimentos mais consistentes em formação profissional, atitudes que aumentariam a competitividade do país.
Independente da competitividade, ainda perdura uma atratividade elevada do Brasil. Diversas marcas vieram para cá recentemente como Gap, Top Shop, Tod´s, Karen Millen, Tory Burch, Daiso, Baby Cottons, Valentino, Bilboquet, Desigual, Clarks, Rituals, dentre outras. E há outro grande grupo estudando ou que já anunciou a entrada no país como H&M, Forever 21, Ikea, Uniqlo, Eataly, Cheesecake Factory, PF Chang´s, Aldo, Spar, etc. Essa tendência decorre, dentre outras coisas, da visibilidade pela qual o país passa e das dificuldades que as marcas enfrentam em suas regiões de origem. 
Cenário similar é enfrentado pelos executivos dos diversos mercados que constituem uma onda migratória para o Brasil, facilitada pelo abrandamento das regras de expedição de vistos a estrangeiros em maio desse ano. Considerando dados acumulados até setembro, as autorizações permanentes para o grupo “administradores, diretores, gerentes e executivos com poder de gestão” tiveram crescimento de 7%, índice similar as “concessões temporárias até dois anos com contrato de trabalho”. Chama atenção a quantidade de “prorrogações de estadia” com crescimento de 21% nesse intervalo. Nitidamente a presença de estrangeiros por aqui ainda será forte em 2014!
Quando se analisa os setores econômicos vemos que o varejo restrito, com crescimento constante acima do PIB desde 2004, começa a perder força e deverá fechar 2013 com o menor crescimento dos últimos nove anos. Para 2014 a previsão é de um desempenho um pouco melhor, mas com comportamento distinto conforme o segmento. A grande dúvida permanece no setor supermercadista, grande empregador de mão de obra e que teve um 2013 com baixa performance. A rotatividade de colaboradores, que no Brasil é uma das mais altas do mundo, continuará elevada em função das tentações que surgirão para os mais imediatistas.
Destacamos o e-commerce que vem apresentando crescimento consistente, acima de 20%, nos últimos anos. Também marcado por alta rotatividade, deve ser um dos segmentos com maior abertura de vagas. Se junta a isso a carência de mão de obra técnica que deve favorecer os ganhos reais desses profissionais.
A educação formal, setor que cresceu bastante nos últimos anos, continuará em evidência em 2014. A visão positiva do investimento no desenvolvimento pessoal e o aumento real de renda propiciaram o maior alcance das universidades, cursos especializados e empresas de T&D. Em 2014 as plataformas EAD devem continuar crescendo, trazendo novas metodologias e tecnologias, resultando em maior acessibilidade por menor custo.
Em função do cenário econômico mais incerto para 2014, as organizações continuarão focadas em temas como produtividade, inovação, liderança e outros que tragam crescimento no curto prazo e diferenciação no longo prazo. A briga por competitividade e rentabilidade ocorrerá em um mercado com crescimento retraído que alternará euforias esporádicas, pessimismos frequentes e incertezas constantes. Nesse contexto, o capital humano permanecerá sua progressão como elemento diferenciador capaz de interpretar o ambiente, traçar planos, executá-los e entregar resultado para as organizações.
As observações feitas acima estão longe de esgotar o tema, mas são suficientes para iniciar um debate acalorado sobre o que 2014 nos reserva.
Artur Motta é diretor de Treinamento & Desenvolvimento da GS&MD – Gouvêa de Souza

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