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Médicos ou acionistas



Autor: Rodrigo Alberto Correia da Silva

 

A elaboração de um plano de negócios em qualquer área visa à criação de valor para o acionista. Porém, a exata definição do que os acionistas entendem por valor nem sempre é fácil, pois, freqüentemente, o tema é tabu especialmente na área médica.

 

Os médicos muitas vezes têm dificuldade em se reconhecerem como acionistas de uma entidade empresarial e confundem a sua atuação com o direcionamento estratégico da empresa (hospital). Seja por tenderem a privilegiar nas decisões aspectos que favoreçam esta atuação, ou talvez por aplicarem modelos mentais da prática médica na estratégia dos hospitais.

 

Assim, nas reuniões de diretoria e de acionistas dos hospitais, que em muitos casos trazem os mesmos indivíduos, os temas sensíveis que devem ser debatidos para o entendimento do que é valor para os acionistas não são colocados em pauta. Isto leva a uma falta de clareza nos objetivos que se refletirá em dubiedade e ineficiência do plano de ação ou de negócios da instituição. Prejudicará a condição do corpo de funcionários, na hora de tomar as decisões que determinam o sucesso ou falha do plano de negócios que se pretendeu implementar.

 

O departamento jurídico também se ressentirá deste posicionamento dúbio, pois não saberá qual linha de trabalho adotar e, conseqüentemente, como dimensionar os recursos que necessitará. Pela falta de clareza, também não saberão demonstrar os resultados em contraste com o plano de negócio.

 

Para evitar este cenário comum, é necessário que as pessoas responsáveis pela estratégia da instituição debatam de maneira racional e desapaixonada os anseios ou receios, para que se chegue a um consenso em relação ao que será considerado valor para o acionista.

 

Feito isto, deve-se focar o plano de negócios, que explicitará qual o objetivo estratégico e o ponto de vista tático, além das ações que podem ser tomadas para atingir esta meta e os projetos de implementação. Tais projetos devem apontar quem será responsável pela prática e posterior manutenção, quais serão as métricas para medir o avanço, os recursos necessários para a realização e o cronograma.

 

É fundamental que o plano de negócios e suas missões táticas respeitem a cadeia de precedência de ações na meta como um todo. Em cada missão deve se saber claramente a condição necessária para que uma ação tenha a capacidade de iniciar, evitando ansiedades e pressões desnecessárias, bem como frustrações por falta de apoio e recursos.

 

Neste contexto, o papel dos responsáveis pelo jurídico não se limitará ao plano tático e execução operacional. Eles poderão definir metas, em nível estratégico, do planejamento de todas as áreas do hospital, demonstrando os riscos de cada ação face ao sistema jurídico, além de apontar possíveis oportunidades legais que impliquem em resultados ao projeto.

 

Rodrigo Alberto Correia da Silva é sócio do escritório Correia da Silva Advogados, presidente dos Comitês de Saúde da Britcham – Câmara Britânica de Comércio e da Amcham – Câmara Americana de Comércio. ([email protected])

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