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No maior varejo do mundo

Autor: Marcos Gouvêa de Souza
Na 21ª Conferência Anual do Varejo Global, promovida pela Goldman Sachs, na semana passada no Plaza Hotel em NY, com mais de cinquenta apresentações dos mais importantes varejistas norte-americanos, ficou claro o sentimento de renovado interesse pelo setor de varejo sinalizado pela recuperação do consumo no maior mercado global a partir de uma presença significativamente maior de investidores comparativamente aos anos anteriores. Empresas com Walmart, Under Armour, Costco, Macy´s, Michael Kors, Tiffany´s, Best Buy. Home Depot, Tumi, Dia, Jeronimo Martins, Office Depot, Dick´s, Nordstrom, Ross, Lowe´s e outras mostraram seu momento e projetos futuros.
Foi dominante a preocupação com investimentos na área de “omniretail” pelo que significa de disruptivo na evolução do varejo como o conhecemos hoje à medida que a geração dos “millennials” ou a geração Y avance em sua participação no consumo, transformando atitudes, hábitos, desejos, referências, conceitos de experiências, níveis de informação, acesso e comparação de preços e observações e comentários de outros consumidores.
Outro ponto destacado em muitas das discussões é respeito à reconfiguração de formatos com tendência a uma gradativa redução de área pela possibilidade de integração do real com o digital, ampliando as alternativas de atendimento do consumidor, sem a necessidade de alocação de todo o estoque no ponto de venda, pela entrega feita em seguida para a mercadoria não disponível na loja no momento. Aliás, a redução dos prazos de entregas, com diferentes níveis de serviços sendo ofertados em diferentes condições comerciais foi outro dos pontos destacados nas discussões das novas realidades. 
Ainda que os números de participação das vendas do e-commerce continuem relativamente baixos no mercado norte-americano, o impacto da era digital no comportamento do varejo é dominante e motivo de preocupação, especialmente porque a empresa líder destacada nas práticas nesse mercado, a Amazon, referência global para tudo que acontece nesse universo e tida como a provável maior empresa do varejo no mundo no futuro próximo, ainda não conhece o que significa operar com lucro. 
Mas não deixa de ser significativo que em dois dias de evento e mais de cinquenta apresentações em nenhum momento nada tenha sido mencionado sobre o potencial competitivo gerado pelo iminente aumento da presença de uma empresa como a chinesa Alibaba poderá ter no mercado norte-americano, com o seu IPO, provavelmente um dos maiores da história do mercado financeiro recente poderá ter. Certo viés histórico norte-americano de olhar e entender o mundo a partir da ótica de sua própria realidade. Enquanto no plano mais estratégico são buscados modelos avançados de convívio virtuoso dos elementos derivados da era digital com aqueles mais tradicionais das lojas, produtos e marcas, canais e serviços, no macro ambiente econômico de curto e médio prazo, existe um generalizado sentimento de contida euforia pela retomada do crescimento da demanda, em níveis muito inferiores ao passado eufórico anterior à crise financeira mas muito superior aos anos mais recentes pós crise.
Chamou a atenção também as referências quando feitas ao mercado brasileiro, especialmente por empresas como Walmart, Dia e Home Depot, as duas primeiras para destacar  as complexidades operacionais, tributárias e de infra estrutura que envolvem a atuação no Brasil, que inibe uma expansão mais ousada e, no caso da última, para descartar possibilidade de priorizar expansão no país. 
Mas é muito interessante notar que algumas das principais marcas norte-americanas, em especial no segmento de moda, como Macy´s, Bloomingdales ou Nordstrom, para citarmos só algumas, podem se dar ao luxo de não precisar criar operações convencionais de lojas no Brasil podendo atender os consumidores brasileiros a partir de seus sites em português, enviando produtos diretamente para estes, situação que tem sido seguida por muitas outras marcas, reduzindo a necessidade da expansão física convencional e redesenhando uma nova realidade na expansão geográfica do varejo internacional. 
Mereceu destaque também no evento deste ano o aumento da presença de marcas de fornecedores que passaram a ter presença no varejo multicanal, em lojas e ecommerce, contribuindo para reforçar esse movimento estratégico derivado do aumento do nível competitivo que obriga mais marcas a buscarem maior proximidade e contato direto com o consumidor final como forma de desintermediação relacional e comercial.
Para o mercado brasileiro, do muito que foi visto, dois pontos mais relevantes ficam registrados: do lado positivo a recuperação consistente do mercado consumidor norte-americano, ainda que em patamares inferiores em relação às expectativas do final do ano passado, que amplia o potencial exportador e, de outro lado, uma clara redução de interesse pela expansão mais imediata no mercado brasileiro como resultado das profundas indefinições que estão presentes hoje no país.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza

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