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O equilíbrio entre renda e gasto

Após alguns anos de incentivo ao consumo interno e ao crédito, o brasileiro se viu diante de um cenário de crescimento com melhora no bem-estar e em seu poder aquisitivo. Entretanto, a alta inflação, a retração do PIB, o desemprego crescente e um entorno político instável reverteram esse contexto, impactando diretamente o bolso e perspectivas do consumidor. Ao longo de 2016, quem foram os impactados e não impactados com essa situação? Como estão alocando a renda entre os diversos gastos? O que esperam para os próximos anos? Essas e outras perguntas foram respondidas pelo estudo anual 360º Consumer View, realizado com painel de domicílios da Nielsen no país.
De acordo com o estudo, a renda familiar brasileira encolheu em 2016 e o gasto retraiu acima da inflação, voltando ao patamar de cinco anos atrás. Para equilibrar essa balança, o consumidor foi obrigado a conter as despesas, assumir menos riscos e focar nas decisões de compra. Comparando com 2015, o brasileiro reduziu principalmente os gastos com itens básicos, como transporte, educação, compra da casa própria, e também no “supérfluo”, como lazer e vestuário. Suas preocupações atuais também são bem diferentes em relação a um ano antes da crise. Em 2013, qualidade de vida liderava o ranking, e hoje já perde espaço para a economia e o aumento dos preços dos alimentos.
O estudo também aponta que, após dois anos gastando mais do que ganhando, as famílias, na média, conseguiram balancear as contas em 2016, desembolsando mais em algumas atividades. A classe AB, por exemplo, tem maior porcentagem de gasto com prestação de imóvel, a classe C em alimentação, higiene/beleza e limpeza do lar, e a classe DE com aluguel.
IMPACTADOS E NÃO IMPACTADOS
Segundo o estudo da Nielsen, 52% dos lares brasileiros foram impactados pela conjuntura econômica. São domicílios que não conseguiram pagar suas dívidas ou que algum membro da família ficou desempregado. Eles estão concentrados na classe C, com mais de três pessoas, comprometendo mulheres mais jovens (menos de 30 anos) sem ensino médio completo. Mesmo sentindo as dificuldades no seu cotidiano, esses lares têm comprado, em média, mais itens que antes, embora gastando menos.
Vale destacar que, mesmo nesse contexto, antes de reduzir consumo de alimentos, bebidas, itens de higiene/beleza e limpeza do lar, 58% adota outras medidas, tais como reduzir gastos com lazer fora de casa, e 18% declara não ter feito nenhum tipo de mudança orçamentária. Mais de um terço das famílias também afirma que vai se endividar novamente, após a quitação de suas dívidas.
Já os não impactados representam 48% dos domicílios, sendo que 77% destes estão poupando de alguma forma diante de incertezas. Eles economizam, principalmente, para pagar as contas em dia (40%), manter o padrão de vida que alcançou (22%), garantir os estudos próprio ou dos familiares (17%) e suster a casa própria que conquistou (11%). Eles estão concentrados na classe AB, com menos de três pessoas, e com a presença de donas de casa mais maduras (acima de 50 anos).

ALTERNATIVAS PARA DRIBLAR TURBULÊNCIA
Além de procurar o autosserviço para se abastecer, os lares estão mixando mais os diferentes formatos para fazer suas compras, frequentando, em média, sete canais. Os formatos menores, como mercearia, padaria, porta a porta e vizinhança, são destaques entre as famílias impactadas. A procura por promoções é outro escape para esses domicílios. O abastecimento e a reposição, por meio de produtos mais baratos e/ou promocionais, têm até 13% mais importância nos impactados em comparação com os não impactados.
A busca por itens e embalagens econômicas ocorre, em especial, nas cestas de Bebidas Não Alcoólicas e Limpeza, que são as mais prejudicadas nos lares impactados. O estudo aponta que, em Bebidas Não Alcoólicas, 75% das categorias sofrem trade-down entre os impactados (vs. 50% não impactados) e 54% do volume movimentado foi em troca com produtos mais baratos (vs. 50% não impactados). Em Limpeza, 98% da perda de importância da cesta nos lares vêm dos impactados. Por outro lado, Bebidas Alcoólicas ganham destaque devido a redução fora do lar, que puxou o consumo para dentro de casa. Esse crescimento é impulsionado por cerveja tanto em frequência quanto em intensidade de compra.
“Mesmo em condições adversas, os brasileiros estão cada vez mais exigentes quando o tema é consumo. Para o futuro, a indústria e o varejo precisam unir forças para serem relevantes, oferecerem um bom portfólio, praticidade e hiperconveniência”, comenta Raquel Ferreira, especialista em entendimento do consumidor da Nielsen Brasil.
FUTURO
Após quitar todas as suas compras parceladas, os brasileiros têm intenção de guardar dinheiro, mas também de consumir de maneira mais cautelosa. O estudo mostra que poupar ocupa o primeiro lugar, seguido de fazer outra compra parcelada, investir em lazer, consumir maior quantidade dos produtos que compra e que mais gosta e adquirir marcas que não consome atualmente. “Sabemos que todo momento econômico é cíclico e que há previsões de melhora da economia em 2018. É importante ficar atento às tendências em relação ao envelhecimento da população, aos millenials que podem gerar longevidade às marcas e aos novos formatos de canais de compra, cada vez mais tecnológicos”, finaliza Raquel.

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