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O perfil do gestor de inovação



Autora: Gisela Kassoy

 

Sim, inovar é fundamental. Mas como a inovação funciona? Quem cuida das inovações na empresa? Embora seja sabido que inovar é atribuição de todos, a gestão dos processos de inovação é uma atribuição específica, que precisa de paternidade. Cada organização está resolvendo esta questão a seu modo: algumas delegam a tarefa a gerentes, diretores ou comitês, outras criam gerências ou diretorias de inovação.

 

De qualquer forma, o perfil de quem cuida das inovações na empresa tem alguns pontos em comum, os quais gostaria de destacar a seguir.

 

Em primeiro lugar: fica evidentemente a vocação multidisciplinar. Na minha experiência, vejo que cada pessoa percebe a inovação sobre sua ótica, normalmente fruto de outras atribuições do gestor. Temos gestores de inovação oriundos das áreas de TI, marketing, desenvolvimento de produtos. E não há origem certa para esse gestor – desde que ele esteja confortável com a multidisciplinaridade. Inovar, necessariamente, envolve pensamento estratégico, conhecimento do próprio negócio, bem como de negócios externos à empresa, habilidade para lidar com pessoas, compreensão da abrangência da TI, noções de marketing e do comportamento dos mercados – além de um mínimo de sensibilidade para negociar com finanças, compliance a acionistas.

 

Explorando cada uma das especialidades, começo com o, pensamento estratégico, afinal, o primeiro passo do gestor de inovação é decidir no quê, para quê inovar e por onde começar.  Veja que aqui estou considerando – além das possíveis inovações em produtos, marketing ou até no modelo de negócios, as inovações incrementais, que redundam em redução de custos, melhorias de processos e de atendimento, entre outras.

 

O pensamento estratégico ajudará também as decisões sobre como implementar um processo de inovação contínua na empresa, assim como a formulação de algumas táticas, como os, quick wins, pequenas ações de resultado rápido e certo, que motivarão o pessoal e mostrarão que a inovação chegou para valer.

 

O profundo conhecimento do próprio negócio e de marketing dará dicas sobre possibilidades de inovação, enquanto o conhecimento de outros negócios e do comportamento dos mercados propiciará a fertilização cruzada, o que é a obtenção de ideias de universos alheios à empresa.

 

A compreensão da abrangência da TI permitirá eleger as iniciativas que atenderão às necessidades de inovação da empresa, tais como gestão do conhecimento, ações de inteligência coletiva ou programas de ideias.

 

Chegamos a um aspecto crucial: a compreensão dos fenômenos humanos e a habilidade em lidar com eles. Inovações geram resistências, as quais precisam ser bem administradas (e nunca rechaçadas). Para ser inovadora, uma empresa provavelmente terá que rever alguns aspectos de sua cultura organizacional, sobretudo a forma como lida com a criatividade, complexidade, riscos e erros, bem como aspectos da liderança e colaboração.

 

Além disso, quando uma empresa adota a inovação como parte de sua estratégia, há uma nova demanda de aprendizado, que começa com formas de visualizar oportunidades de inovação e continua com as técnicas para a geração, avaliação e implementação de ideias.  Imagine uma ideia implantada sem a devida avaliação dos riscos. Ou uma ideia que resolve o problema errado. Ou uma equipe que só apresenta ideias banais por não saber exercitar o pensamento fora da caixa. Há toda uma gama de instrumentos, métodos, processos e comportamentos endereçados a essas necessidades. Cabe ao gestor de inovação garantir que as pessoas na empresa tenham as competências necessárias para que a inovação atinja os objetivos.

 

De qualquer forma, o quesito “lidar com pessoas” envolve as habilidades interpessoais face a face para as negociações e venda de ideias, bem como as mais estratégicas, como a criação de planos de adoção e de aprendizado e as ações motivacionais.

 

Como disse no início, cada pessoa percebe a inovação sobre sua ótica. Tenho visto com certa frequência inovações não decolarem devido à negligência a aspectos comportamentais. Aliás, grande parte do meu trabalho como consultora tem sido preencher esta lacuna.

 

Mas no fim das contas, como fica o gestor de inovação? Com tantas demandas no seu perfil, será então que ele precisa ser uma super-pessoa? Na verdade, ele é um líder. E enquanto líder, seja via colaboração, parceria ou contratação, ele sabe se cercar de quem o supre.

 

Gisela Kassoy é especialista em criatividade, inovação, adoção de mudanças e programas de ideias. Atua com consultoria, seminários, palestras e facilitação de grupos de ideias.

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