Torcida grande para time grande

Ser, hoje, um sócio-torcedor é motivo de orgulho para aqueles que são apaixonados pelos seus times. Não somente pelas vantagens, mas se inscrever em um programa do tipo é ter a possibilidade de estar mais presente na vida do clube e de maneira ativa. Por outro lado, o fato de não fazer parte de uma sociedade também não diminui o torcedor, muito pelo contrário, ele pode ser presente e ajudar o time tanto quanto os associados. Por isso, quando um clube passa investir em estratégias de fidelização e conquista de seu público, é essencial que ele forneça a mesma atenção a todos os torcedores, sejam sócios ou não, até como uma forma de reconhecimento e agradecimento.  “Na verdade, o foco maior é sempre o sócio torcedor, pois é mais receptivo, geralmente fica mais ligado. Mas, o segredo do sucesso, é que a essência do negócio está na ferramenta que utilizamos para nos comunicar com os torcedores que nunca vão aos jogos e não conhecemos”, afirma Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva.
Transformar o torcedor em cliente, aliás, faz parte da lógica do futebol no negócio, segundo conta Somoggi. Até porque, se um time possui milhões de torcedores, porém não consegue se relacionar com eles, acaba se tornando um número abstrato, as ações comerciais e de aproximação não serão efetivas. Ultimamente, com a internet, o uso da informação e a criação de estratégias acabou sendo mais facilitado. “Nela (internet) o torcedor pode comprar ingressos, usar aplicativos dentro do estádio. Também vale a mídia televisiva, patrocinadores, mais venda de produtos, espaço torcedor, sócios que pagam a mensalidade, bilheteria, entre tantas outras ações. Essas são apenas as básicas e de impacto maior e mais direto com o torcedor”, explica o executivo. “Há uma gama de informações que, se souber trabalhar, pode fidelizar a torcida como heavy user, mas também ter ações com mulheres, jovens, crianças, pessoas que moram perto, outras que moram longe.” Ou seja, é possível se aproximar e conhecer os diversos públicos que um time pode ter.
Outro ponto importante, ressaltado pelo executivo, para conseguir atender àquela parcela que não faz parte do sócio-torcedor e é mais distante do dia a dia do clube, é criar eventos que os aproximes. “É preciso ter eventos locais, a fim de conhecer os torcedores locais, e entender que, liderando o clube, você vai ter que chegar até ele para ter acesso à informações”, diz. “Esse é o conceito fundamental para o futuro do futebol brasileiro. O sócio torcedor é a porta de entrada, não importando a quantidade.” E não deve haver empecilhos para os clubes, pois, enquanto o mercado luta constantemente contra a concorrência, eles já possuem os seus potenciais consumidores e sem risco de outras empresas interferirem na relação. “Então, é muito mais fácil e é uma das razões pelas quais um patrocinador escolhe investir em um clube, com o intuito de atingir milhões de potenciais clientes para a marca, além de serem apaixonados pelo clube que eles patrocinam.”
Faz parte do trabalho de marketing esportivo procurar desenvolver a imagem da marca, independente do resultado em campo. “Um tailandês que torce para o Barcelona e gasta 300, 400 euros por ano comprando produtos do time, não vai comprar mais ou menos produtos se o clube for campeão, pois ele não está tão ligado ao desempenho do time em si, mas ao clube, à história, ao que ele está assistindo na televisão e acaba se empolgando”, exemplifica Somoggi. De acordo com ele, no Brasil ainda é preciso desenvolver o mesmo processo de conquista que há nos times europeus. “Os clubes evem estar presentes em todas as técnicas e aproximação e contato, criando o vínculo e perdendo um pouco a noção de que o torcedor só é fanático quando o time está ganhando.” Para o executivo, um exemplo de clube que possui um trabalho de fidelização da sua torcida efetivo é o Palmeiras. “Eles identificaram uma oportunidade e o time começou a crescer. Então, os times que não se envolverem com isso correm o risco não só no âmbito de sócio torcedor, mas até mais amplo, de perderem faturamento, contrato com patrocinadores e jogadores em potencial. Ou seja, a chance de crescerem.” 

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