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Gestão de carteiras de créditos vencidos



Autor: Salvatore Milanese

 

O cenário econômico brasileiro pode até sugerir um clima de otimismo. Apesar da crise de 2008 que atingiu todo o mundo, em especial as grandes potências do mercado, a classe média consumidora brasileira cresceu, o desemprego no país caiu e o PIB nacional aumentou 7,5% no ano passado. Como resultado, a economia do Brasil foi considerada forte e em pleno desenvolvimento. As instituições financeiras passaram, então, a olhar com outros olhos para o País, e, entre outras medidas, aumentaram a oferta de crédito às pessoas físicas e jurídicas.

 

Entretanto, passados 3 anos, o mercado mundial flerta com um novo colapso. Não podemos nos iludir e imaginar que essa potencial crise prestes a explodir vá passar sem deixar rastros no Brasil. Sim, estamos fortes, mas em uma economia globalizada é impossível sair ileso.

 

O Brasil vive um momento de crescimento no volume de inadimplentes, e isso tende a subir. Uma das maneiras de  quem concede crédito enfrentar esse problema é a negociação dos créditos vencidos, conhecidos como Non Performing Loans – NPL. O mercado de NPL surgiu há mais de 20 anos em consequência de crises financeiras, como as dos Estados Unidos, na década de 80, e dos Tigres Asiáticos e do México, nos anos 90. Atualmente, os principais mercados deste negócio são EUA, China, Alemanha, Brasil, Índia e Indonésia.

 

No Brasil, o valor de atrasos entre 61 e 360 dias corresponde a cerca de R$ 130 bilhões em saldo contábil. Estima-se que os empréstimos já baixados dos balanços patrimoniais dos bancos (write off) atinjam aproximadamente R$ 180 bilhões, o que significa um mercado de mais de R$ 300 bilhões.

 

A geração de receita com vendas de carteira de créditos vencidos tem se concentrado principalmente em cartões de crédito e empréstimos pessoais, seguidas por faturas telefônicas e financiamento de veículos. Muitas empresas trabalham suas carteiras internamente, mas quando buscam maximizar a recuperação de ativos, focar na retenção de clientes e minimizar custos e tempo de recuperação, a opção é vender os NPL. A venda gera efeitos imediatos: impacto nos lucros e perdas, alinhamento do tratamento fiscal e contábil com caixa recuperado e melhora do balanço. Por outro lado, perde-se um possível  upside e o envolvimento com a carteira. Por isso, é importante analisar a situação e escolher a melhor estratégia.

 

Caso opte-se pela venda, inicia-se a preparação da carteira, seguida de contato com investidores para, então, começar o processo de venda. Essas etapas não são simples, podendo haver necessidade de auxílio externo especializado.

 

É importante saber que estratégias para recuperar, vender ou securitizar carteiras, ou até formar joint ventures, são complementares. Escolher as melhores alternativas e aproveitar cada uma das opções são peças-chave para o sucesso na gestão de carteiras inadimplidas e a maximização dos resultados.

 

Salvatore Milanese é sócio da área de restructuring da KPMG no Brasil.

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Gestão de carteiras de créditos vencidos



Autor: Salvatore Milanese

 

O cenário econômico brasileiro pode até sugerir um clima de otimismo. Apesar da crise de 2008 que atingiu todo o mundo, em especial as grandes potências do mercado, a classe média consumidora brasileira cresceu, o desemprego no país caiu e o PIB nacional aumentou 7,5% no ano passado. Como resultado, a economia do Brasil foi considerada forte e em pleno desenvolvimento. As instituições financeiras passaram, então, a olhar com outros olhos para o País, e, entre outras medidas, aumentaram a oferta de crédito às pessoas físicas e jurídicas.

 

Entretanto, passados 3 anos, o mercado mundial flerta com um novo colapso. Não podemos nos iludir e imaginar que essa potencial crise prestes a explodir vá passar sem deixar rastros no Brasil. Sim, estamos fortes, mas em uma economia globalizada é impossível sair ileso.

 

O Brasil vive um momento de crescimento no volume de inadimplentes, e isso tende a subir. Uma das maneiras de  quem concede crédito enfrentar esse problema é a negociação dos créditos vencidos, conhecidos como Non Performing Loans – NPL. O mercado de NPL surgiu há mais de 20 anos em consequência de crises financeiras, como as dos Estados Unidos, na década de 80, e dos Tigres Asiáticos e do México, nos anos 90. Atualmente, os principais mercados deste negócio são EUA, China, Alemanha, Brasil, Índia e Indonésia.

 

No Brasil, o valor de atrasos entre 61 e 360 dias corresponde a cerca de R$ 130 bilhões em saldo contábil. Estima-se que os empréstimos já baixados dos balanços patrimoniais dos bancos (write off) atinjam aproximadamente R$ 180 bilhões, o que significa um mercado de mais de R$ 300 bilhões.

 

A geração de receita com vendas de carteira de créditos vencidos tem se concentrado principalmente em cartões de crédito e empréstimos pessoais, seguidas por faturas telefônicas e financiamento de veículos. Muitas empresas trabalham suas carteiras internamente, mas quando buscam maximizar a recuperação de ativos, focar na retenção de clientes e minimizar custos e tempo de recuperação, a opção é vender os NPL. A venda gera efeitos imediatos: impacto nos lucros e perdas, alinhamento do tratamento fiscal e contábil com caixa recuperado e melhora do balanço. Por outro lado, perde-se um possível  upside e o envolvimento com a carteira. Por isso, é importante analisar a situação e escolher a melhor estratégia.

 

Caso opte-se pela venda, inicia-se a preparação da carteira, seguida de contato com investidores para, então, começar o processo de venda. Essas etapas não são simples, podendo haver necessidade de auxílio externo especializado.

 

É importante saber que estratégias para recuperar, vender ou securitizar carteiras, ou até formar joint ventures, são complementares. Escolher as melhores alternativas e aproveitar cada uma das opções são peças-chave para o sucesso na gestão de carteiras inadimplidas e a maximização dos resultados.

 

Salvatore Milanese é sócio da área de restructuring da KPMG no Brasil.

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