Apesar das dificuldades econômicas, o sistema de consórcios registrou crescimento de 13,9% em 2015 em relação a 2014, em negócios realizados. Os dados são da Abac, Associação brasileira das administradoras de consórcios. Os dados consagram a modalidade como importante para manutenção dos objetivos de consumidores, famílias e empresas brasileiras.
Com R$ 89,61 bilhões totalizados em dezembro, acima dos R$ 78,68 bilhões de um ano antes, os consórcios estiveram na contramão da economia durante os doze meses. De janeiro a dezembro do ano passado, o acumulado das novas adesões atingiu 2,40 milhões, 2,1% mais que as 2,35 milhões do mesmo período de 2014. Foram 7,17 milhões de consorciados ativos contabilizados no fechamento do balanço anual, 1,4% mais que os 7,07 milhões de dezembro de 2014. “Parcela significativa dos consumidores, depois de rever e ajustar seus orçamentos mensais continuou assumindo compromissos financeiros mais coerentes com o momento, sempre levando em conta disponibilidade e responsabilidade de consumo”, explica Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac.
Planejamento
Pesquisa realizada no final do ano passado pela Quorum Brasil, por solicitação da Abac, mostrou que, se nos consórcios uma das principais características que viabilizaram entradas de novos consorciados no sistema foi o planejamento. Entre os entrevistados, 69% dos pesquisados confirmaram ter decidido seu futuro programando a adesão depois de analisar e comparar as oportunidades.
O consorciado
Levantamento feito pela Quorum Brasil, a pedido da Abac, mostrou o perfil dos consorciados. A pesquisa com 1.100 entrevistados apontou predominância da classe C, com 44%, seguida pelas B e D, com 26%, e 23%, respectivamente, já a classe A somou 7% dos participantes do sistema.
Na análise, ficou ainda evidenciada a maior presença masculina, 60%. Contudo, as mulheres, que na pesquisa de 2014 estavam com 36%, cresceram quatro pontos porcentuais e chegaram aos 40%. “Essa evolução feminina na modalidade pode ser explicada pelo aumento de seus rendimentos em 5,3%, segundo o IBGE”, diz Rossi, justificada ainda pelo grande número daquelas que montam seu próprio negócio, cinco vezes mais que os homens, e por sua volta aos estudos com foco no crescimento profissional.
A pesquisa revelou ainda que o perfil do participante incluiu maior presença dos que têm 50 anos ou mais com 34%, seguidos pelos que estão na faixa dos 30 a 39 anos com 26% e dos com 40 a 49 anos com 23%. Os jovens, de até 29 anos, ficaram em 17%.
Da parcela dos 72% casados contra 28% dos solteiros, 42% informaram ter filhos menores de 19 anos.
Contemplações
No acumulado de contemplações houve alta de 3,7%, subindo de 1,36 milhão de 2014 para 1,41 milhão em 2015. Foram disponibilizados R$ 40,94 bilhões entre janeiro e dezembro de 2015 ao mercado consumidor, 8,3% a mais que os R$ 37,79 bilhões do mesmo período do ano anterior.
Destaques de 2015
No ano passado, os destaques do sistema foram os consórcios de imóveis, veículos e os de serviços, apesar de mais recentes.
Com crescimento de 41,7% na venda de novas cotas, o setor de imóveis chegou a 251,2 mil adesões entre janeiro e dezembro de 2015, versus 177,3 mil entre janeiro e dezembro de 2014.
Nos veículos leves, que inclui automóveis, utilitários e camionetas, houve alta de 11,1%. O total chegou 998,2 mil, acima dos 898,5 mil alcançados em 2014.
Nos chamados veículos pesados, que incluem caminhões, tratores e implementos, o aumento foi de 11,2%, na diferença de 54,8 mil em 2015 e 49,3 mil em 2014.
Os consórcios de serviços, mais recente das modalidades, houve acréscimo de 13,9%, com venda de 11,2 mil novas cotas ante 9,83 mil de um ano antes.
Perspectiva 2016
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa feita pela Quorum Brasil a pedido da ABAC as expectativas para 2016 sinalizam aspectos positivos e negativos.
Com insegurança no emprego, em razão das indefinições político-econômicas que influenciam os negócios, o consumidor procurará de forma mais consciente analisar como poderá concretizar seus objetivos, sem comprometer seus ganhos, ao assumir compromissos de médio e longo prazo.
Na pesquisa realizada junto a 300 potenciais consorciados, dos quais 50% eram do sexo masculino e 50% do feminino, as múltiplas respostas apresentaram 64,6% interessados em comprar imóveis pela modalidade e 62,5% na aquisição de automóveis.
Como complemento da consulta a esse universo de potenciais interessados, 52% dos entrevistados informou ser um meio para adquirir um bem, enquanto 48% entenderam ser um bom investimento. Esses porcentuais evidenciam o interesse nos consórcios como mecanismo importante para quem planeja futuras aquisições de bens ou contratações de serviços, poupando com objetivo definido.
Por outro lado, ainda que o cenário de desaceleração persista e os indicadores de novas vendas, contemplações e participantes ativos repitam, ao menos, volumes semelhantes aos atingidos em 2015, o sistema terá conquistado um bom desempenho.
“Com uma boa dose de otimismo, se houver uma rápida implementação de soluções por parte das autoridades governamentais que revertam essa tendência, há possibilidade de chegar ao final de 2016 com um pequeno crescimento”, finaliza Rossi.