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A arte de planejar uma solução de inteligência empresarial



Para quem convive com freqüência com a problemática de inteligência empresarial, não há momento mais desafiador que o planejamento da solução. Note, caro leitor, que o planejamento vai além de construir desenhos técnicos, engloba também a definição da arquitetura completa de funcionamento do projeto, envolvendo dados, processos e pessoas.

Falhar no momento do planejamento é garantia de insucesso. Tanto se falha por subestimação como por soberba. Projetos de pouca abrangência restringem-se a nichos, criaturas malditas na gestão corporativa. Os faraônicos, por outro lado, nunca chegam a nenhum resultado.

Se examinarmos conjuntamente as atividades de planejamento, veremos que é muito freqüente que se realizem entrevistas com os potenciais usuários das áreas de negócios, como forma de captar as necessidades. A análise do material das entrevistas leva ao conjunto de requisitos.

As armadilhas do processo de entrevista são inúmeras. Mas a maior delas é paradoxal: dificilmente os usuários explicitam aquilo que querem. A essa altura do campeonato, caro leitor, você já deve estar me desqualificando ou me chamando de sabe-tudo. Vou tentar explicar minhas razões e desfazer o mal entendido.

Quando usuários iniciam um projeto de BI, sabem intuitivamente que melhores informações podem ajudá-lo em seu desempenho. Ninguém, em sã consciência e sem problemas psicológicos, deseja prejudicar a si mesmo. Desta forma, todo usuário tem interesse em fornecer as melhores informações para que a solução desenhada seja um sonho. O ponto central é que, quase sempre, nós não conhecemos a forma mais adequada de apresentar e usufruir, de forma inteligente, das informações, simplesmente porque ainda não tivemos contato real com essa possibilidade.

Vou dar um exemplo prático para ajudar: se você perguntasse para qualquer pessoa, em 1990, sobre quais aplicações ela gostaria de ver na world wide web (é, o nosso WWW), a maioria simplesmente ignoraria completamente a sua questão. Alguns acadêmicos talvez respondessem que gostariam de unificar publicações eletrônicas. Mas ninguém, ninguém mesmo, responderia que nós iríamos namorar, comprar carros, ler notícias, trocar músicas e tudo mais que rola hoje na internet.

Portanto, em situações de entrevistas de projeto, as pessoas trazem tudo o que conhecem hoje. E como não conseguem antever os melhores usos, a maioria pede para não esquecermos de nenhum detalhe, ou seja, crescermos com o projeto para contemplar tudo, tudinho, em uma imensa base de dados. Resultado: muito conteúdo operacional, pouco tático e estratégico. Um indicador clássico desse tipo de entrevista é alguém que aparece com o “book” mensal de relatórios, com 530 páginas recheadas de números. Que ser humano é capaz de ler aquilo? Se falarmos de análise, nem o Freud.

É importante enfatizar que, nem sempre, a visão micro do ambiente empresarial permite chegar a melhores conclusões no nível macro ou sistêmico. Se a solução de inteligência de negócios não auxiliar a disseminar a visão sistêmica, quase com certeza terá baixo impacto sobre os resultados globais da empresa.

Creio que é importante finalizar com algumas dicas. A primeira é usar as entrevistas como um instrumento que ajuda a entender a importância relativa dos temas de negócios em cada organização. Isso sempre ajuda a priorizar as iniciativas de inteligência. A segunda é sobre perguntas-chave. Questionar sobre melhorias de informação que impactariam drasticamente o desempenho individual e organizacional é quase sempre fonte de inspiração para um desenho de alta relevância para o negócio. Mãos à obra!

Leonardo Vieiralves Azevedo é presidente da WG Systems, tecnologia para tomada de decisão. E-mail: [email protected]

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