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Brasil no radar dos investidores



A indústria brasileira vem enfrentando o grande desafio representado pela perda de competitividade no mercado externo e, em muitos casos, também no interno, pelo crescimento expressivo das importações, que vem abrangendo inclusive produtos dos quais o país era tradicionalmente grande exportador. Embora muitos fatores possam contribuir para explicar essa situação, não há dúvida de que a valorização acentuada do Real, bem como a desvalorização da moeda de alguns importantes parceiros comerciais, tem contribuído para agravar os problemas da indústria para competir lá fora e aqui dentro.

A valorização do Real se afigura como uma tendência irreversível no curto e médio prazos, devido à situação do mercado financeiro  mundial, que está com excessiva liquidez, e poucas alternativas de investimentos ou aplicações nos países desenvolvidos, cujas economia se acham estagnadas ou em recessão. Assim, nações emergentes que vem apresentando crescimento significativo, para o cenário atual, de suas economias, se tornam atraentes para os capitais, tanto os especulativos, como os investimentos.

Como o Brasil oferece perspectivas de continuidade do crescimento, grandes projetos em andamento, oportunidades atrativas em função da Copa do Mundo, das Olimpíadas e da exploração do Pré Sal, em um cenário de tranqüilidade política, com a democracia consolidada, além de uma taxa de juros bastante favorável para os capitais de curto prazo, o país está, como se diz no mercado financeiro, no radar dos investidores. Embora isso seja muito positivo em uma perspectiva de longo prazo, o grande afluxo de recursos externos,  apesar das medidas do governo e da compra de moedas estrangeiras pelo Banco Central, acaba provocando a valorização do Real.  Essa valorização não será revertida por medidas casuísticas, como as que estão  sendo adotadas, ou pela intervenção do Banco Central.

A solução para a perda de competitividade das empresas  é o aumento da produtividade e a redução de custos. Aumentar a produtividade depende das empresas, e elas estão investindo em modernização para esse fim. Competitividade, no entanto, é sistêmica. Não basta o setor privado fazer sua parte, se continuar sendo prejudicado na concorrência com o exterior pelas deficiências da infraestrutura  e pela tributação elevada e irracional. Os encargos sobre a mão de obra representam um dos principais custos que afetam a competitividade das empresas, com o agravante de que seu peso é maior naquelas que são de mão de obra intensiva, isto é, as maiores geradoras de emprego.  Não é simples reduzir o montante dos encargos, porque todos têm destinos e defensores definidos. É preciso, contudo, começar a enfrentar o problema, mesmo que seja para uma solução gradativa. Alguns desses encargos claramente não têm relação com o fator trabalho, e deveriam ser suprimidos de imediato. Para os demais se poderia fazer um programa de desoneração, que não poderia ser muito gradativo, pela urgência decorrente da valorização cambial, mas se poderia estudar, eventualmente, uma compensação em outros tributos. A questão é urgente porque estamos criando empregos em outros países com o grande aumento das importações e desestruturando setores importantes da economia.

Marcel Domingos Solimeo é superintendente institucional e economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.

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