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Em debate, a saúde profissional

Profissionais da área de saúde e segurança no ambiente de trabalho, executivos e empresários de setores públicos e privados, além de pesquisadores, reuniram-se no final junho, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, para discutir saúde e condições de trabalho dos profissionais de call center, um universo de mais de meio milhão de pessoas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Telemarketing (ABT). O 1° Seminário Saúde Ocupacional, organizado pelo Centro Brasileiro de Segurança e Saúde Industrial (CBBSI), que reuniu mais de 300 pessoas, discutiu temas como promoção de saúde e qualidade de vida no trabalho, saúde mental, auditiva e vocal, medição de dose de ruído em headset e ergonomia. Em paralelo, o encontro teve exposição tecnológicas, com fornecedores de softwares e equipamentos eletrônicos.
“O MTE desenvolveu um conteúdo por meio de consulta pública, que será proposto como nota técnica para prevenir as condições de riscos nesta atividade. O estudo está em fase de análise final para poder ser publicado”, afirmou o auditor Cláudio Cezar Peres, representado o Ministério do Trabalho e Emprego, na palestra Obrigações Legais. O auditor acredita que a medida auxiliará no entendimento da legislação e das normas de segurança, necessárias ao desenvolvimento da atividade. Para o auditor, é de suma importância que mais seminários nos moldes do Saúde Ocupacional sejam realizados com maior assiduidade, para que a sociedade participe mais ativamente e tome conhecimento de regras do setor. “É muito importante, porque a discussão com a sociedade, a divulgação e a coleta das informações nesses eventos, subsidiam as nossas ações”, conclui Cláudio.
O consultor Firmino Sousa Carneiro alerta que sistemas é importante para o negócio, mas não se pode esquecer os funcionários. “Vários softwares e hardwares são adquiridos para o controle do operador: discagem automática, gravações integrais do atendimento. Com certeza, tudo isso é necessário, no entanto, não podemos nunca esquecer que uma central de atendimento só opera se tiver, no mínimo, um ser humano para dialogar com o cliente”, pondera. Segundo Firmino, o operador de telemarketing fica 90% de sua carga horária diária assentado e com atenção total ao monitor do microcomputador, ao teclado e ao headset. Sem contar o supervisor cobrando o tempo todo o aumento de produtitivade. Este contexto levará o operador a contrair mais rapidamente algumas doenças profissionais”, finaliza.
198% em quatro anos – O setor de telemarketing no Brasil se tornou uma das principais portas para o ingresso de jovens no mercado de trabalho. No começo, era uma ocupação vista com desconfiança, mas, com o passar do tempo, esse conceito mudou e o segmento continua em expansão e exige profissionalismo cada vez maior. Segundo a ABT, no período de 1997 a 2001, houve crescimento de 198% no nível de emprego. “Este crescimento praticamente reflete o avanço do uso de telefones no País, um fenômeno que se intensificou a partir da privatização das empresas de telecomunicações, ocorrida em 1998. Até então, o telefone era considerado um patrimônio; hoje, é um serviço”, pontifica Topázio Silveira Neto, presidente da entidade.
Referência – Luís Rosa, engenheiro do trabalho e professor do Senai e do SESI de Goiás, participou do Saúde Ocupacional e avaliou o encontro como “uma iniciativa feliz, pois iniciamos há dez anos, um grande trabalho de prevenção de doenças e de acidentes em todo o País . Por isso temos um interesse muito grande em novas tecnologias que facilitem as condições do operador e, São Paulo, até pelo poder econômico que detêm, é referência, não só neste setor, como nas demais áreas”.
Luís Rosa diz que em Goiás, a atividade de call center está apenas engatinhando. “Nós estamos ainda verificando a questão de laudos técnicos e, tentando acompanhar a evolução, visando procurar o que há de mais moderno para poder atuar na proteção específica do operador de call center”. No entanto, o engenheiro afirma que, mesmo São Paulo estando à frente de outros Estados, falta muito para que o mercado equipare-se, por exemplo, aos EUA. “Apesar da maioria dos especialistas que escrevem sobre call center ser de São Paulo, pelo o que eu vi e ouvi por aqui, vai ter que avançar muito também”, finaliza.
Cabeça artificial – O engenheiro de segurança do trabalho e pesquisador da PUC-RJ, Rogério Dias Regazze, autor do livro Perícia e Avaliação de Ruído e Calor – Passo a Passo, escrito em parceria com Giovanni Moraes de Araújo, fez uma demonstração de Dosimetria de Ruído em Fone de Ouvido em Cabeça Artificial, desenvolvido por ele, para auxiliar profissionais que usam o fone de ouvido como ferramenta de trabalho. O aparelho mede o nível de ruídos durante um período dentro da empresa para verificação da salubridade do ambiente de trabalho. “O processo consiste na substituição do microfone e pré-amplificador do equipamento de medição pela cabeça artificial, que simula as características do ouvido humano. Um adaptador específico conecta-se ao sinal de saída da cabeça com o medidor a ser utilizado”, explica Rogério.
Segundo o pesquisador, isso é necessário em função das mudanças na lei de aposentadoria especial por parte do INSS. “A demanda por avaliações que gerem laudos consistentes da exposição a ruído de fones de ouvido vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Uma das razões é que a partir de 1995, o INSS aboliu as profissões consideradas especiais (os operadores de telemarketing estão incluso nesta categoria), havendo a necessidade de se comprovar o grau de exposição ao agente nocivo para se ter direito ao benefício”, diz Rogério.
Ele explica que em condições normais, os operadores de telemarketing são expostos a níveis de ruído entre 77 db(A) e 82 db(A), variando de acordo com o condicionamento acústico do ambiente de trabalho. “Segundo a Instrução Normativa 57 (2001), até 1997 as atividades que expõem os trabalhadores a ruído acima de 80 db(A), são consideradas especiais pelo INSS”, afirma, acrescentando que “as técnicas tradicionais de medição de ruído não são adequadas quando há necessidade de medição da exposição de trabalhadores que utilizam fones de ouvido (monoaurais ou biaurais) ou equipamentos semelhantes, como capacetes e afins”.

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