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Futuro incerto



Enquanto os dados relativos à produção industrial apontam para desaceleração, o emprego e a renda ainda continuam a crescer, o que, somado à expansão do crédito, permite ao comércio manter um ritmo de expansão expressivo, embora inferior ao de 2010. A inadimplência subiu de patamar em relação ao ano anterior, mas não se mostra descontrolada.

A taxa de inflação vem se desacelerando lentamente, mas sem qualquer perspectiva de atingir o centro da meta, 4,5% em 2011, e parece indicar ser necessário um aperto monetário ainda maior para que possa ocorrer a convergência no próximo ano. A política fiscal vem sendo controlada por meio do aumento da receita e do corte dos investimentos, o que auxilia no combate à inflação no curto prazo, mas compromete o crescimento futuro, pelo agravamento da deterioração da infra estrutura.

A decisão da agência Moody`s reavaliando a classificação de risco do Brasil para cima, reflete mais a capacidade de pagamento do país, graças ao bom desempenho do setor externo e ao alto volume de reservas, superior a US$ 300 bilhões, do que um aval à forma como o resultado fiscal vem sendo obtido, ou ao gradualismo do Banco Central no combate à inflação. Embora seja um fato positivo, essa decisão deverá contribuir para o aumento do ingresso de recursos externos, pressionando ainda mais a taxa cambial, com maior valorização do Real, aumentando as dificuldades de competição da indústria nacional.

O cenário externo é de incertezas, coma economia americana com recuperação ainda indefinida, a Europa enfrentando crises financeiras de alguns países, o Japão, que já estava estagnado há mais de dez anos, teve sua situação agravada pelo tsunami, enquanto nos países árabes, inclusive em alguns produtores de petróleo, a instabilidade política é preocupante. Embora não pareça existir risco de um agravamento da situação internacional no curto prazo, nem uma solução para os principais problemas das nações desenvolvidas e dos países árabes, a probabilidade de alguma crise localizada, que poderia ter reflexos sobre a economia brasileira, especialmente no tocante ao setor externo existe.

Considerando-se todos esses fatores, o cenário mais provável para o segundo semestre, é o de que o Banco Central continue elevando a taxa SELIC, até 13%, com o que a economia deve continuar a se desacelerar lentamente, mas ainda com resultado positivo em relação a 2010. O  varejo pode continuar crescendo em torno de 6%, na medida em que o emprego e o crédito continuem se expandindo, embora em percentual inferior ao do ano passado. A inadimplência pode aumentar na medida em que os juros continuem subindo, mas  não se espera que retorne ao patamar de 2009, porque o desemprego continua baixo.

A inflação deve se manter relativamente estável em termos anualizados, na casa dos 6%, e o PIB deve ficar na casa dos 4% no ano, mesmo percentual esperado para a produção industrial. Em resumo, as perspectivas para o segundo semestre ainda são positivas, mas, para 2012, existem muitos problemas a serem enfrentados. O primeiro deles é o do aumento do salário mínimo, que deve ser da ordem de 13%. Manter o superávit fiscal sem continuar sacrificando os investimentos e com um provável crescimento menor da arrecadação é outro. Talvez o mais difícil seja equacionar a questão do câmbio e da perda de competitividade da indústria que vem se acentuando.

Marcel Domingos Solimeo é economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.

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