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Inovação, a estratégia usada para justificar transformação



“O mercado de cobrança é um dos mais antigos do mundo!”. A frase, do novo presidente José Roberto Romeu Roque, da Associação Nacional das Empresas Recuperadoras de Crédito, a Aserc, é proclamada com entusiasmo no ano em que comemora os dez anos de fundação da entidade. A trajetória da entidade, fundada na década de maior crescimento e evolução da atividade de cobrança no País, entra em fase de inovação. Hoje, contabiliza 120 empresas associadas, empregando cerca de 20 mil colaboradores e faturando R$ 3 bilhões por ano. Mas, Roque alerta: a principal preocupação é a defesa do mercado, buscando maior interação entre as empresas e sociedade. O caminho estratégico passa por proporcionar suporte às empresas e instituições associadas, com fortalecimento das próprias empresas, e maior interação com a cadeia produtiva.

“O mercado de cobrança não é fácil, não é para amadores. Ganhar sob risco,  está no DNA da cobrança. Mas estes profissionais também querem ser remunerados adequadamente”, justifica o presidente da Aserc. Um dos diferenciais que a entidade aponta é seu código de ética que, em suas resoluções cumpre o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro, comemorado um dos mais sofisticados do mundo. Para o presidente da entidade, as empresas devem seguir fielmente esses preceitos, pois, com a ampliação do crédito para as classes mais populares, a atuação das empresas de cobrança passou a ter uma atenção maior do governo. Mas o elo da entidade com a sociedade, além da atenção ao consumidor, chega aos órgãos trabalhistas, com negociação por exemplo de acordo coletivo, que levou a Aserc à implementação da câmara setorial junto com o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, o Sescon. “Hoje, nenhum acordo coletivo é fechado sem consultar a associação”, justifica Roque. O reforço à profissionalização chega ao desenvolvimento de um convênio com o Sebrae, dedicado à evolução de gestão empresarial. “O mercado mudou muito: os empresários precisam cada vez mais conhecer técnicas de recursos humanos, legislação trabalhista, questões financeiras, gestão de capital de giro e crescimento”, pondera.

MODERNIZAÇÃO
Um dos esforços de modernização da entidade é disponibilizar aos associados o apoio técnico para a busca da certificação de qualidade na norma ISO9000. Mas o caminho da modernização para a atividade, de acordo com Roque, passa pela inovação que deve ser conquistada através de parcerias e aumento da cultura de associativismo. Na parte técnica, a Aserc está desenvolvendo parcerias em telefonia para reduzir custos, além da realização de palestras e debates através da diretoria de tecnologia e informática. Outra novidade idealizada é o desenvolvimento de um cadastro de devedores deslocalizados, reunindo através da concentração de endereços não encontrados, atualizando-os. Em seguida, serão disponibilizar aos associados, que poderão consultá-lo antes de qualquer ação.

O planejamento leva a entidade à criação de uma universidade corporativa, associada ao Sescon e dedicada ao desenvolvimento corporativo, de executivos a colaboradores. A novidade é disponibilizá-la ao mercado, independente de associação ao sindicato. Para os associados, a Aserc disponibiliza um programa de treinamento interno dos empregados, com a utilização de espaço da associação em áreas de treinamento.

Uma das iniciativas a ser retomada é um curso de pós-graduação. “A cobrança não se aprende na escola ou faculdade de administração, porque a inadimplência é uma coisa a ser evitada e administrada. Cobrar se aprende na prática, tecnologia se estuda na faculdade. A maturidade de cobrar dificilmente você vai ter com 21 ou 22 anos. Então a associação também tem essa função, fazer fóruns mais qualificados com palestrantes seniores, para que aqueles jovens, muito importantes no mercado, amadureçam”, justifica Roque. Para ele, em função da diferenciação do mercado de cobrança e a velocidade constante de inovações, é necessário o estímulo a fóruns de discussão focados em atualização. Nessa linha, planeja retomar o curso de pós-graduação.

Sobre o posicionamento da entidade, ele defende a tese da associação defender os interesses associativos, sem interferir na gestão empresarial dos associados. “Nossa missão é aperfeiçoar o ambiente de mercado no qual vivemos. E, eventualmente, melhorar as possibilidades para se desenvolverem”.

 

 

Passado e futuro do mercado de cobranças

O mercado de cobrança começou a se profissionalizar no Brasil na década de 90. Agora, a evolução da atividade passa por dois pilares: a massificação do crédito e a implementação de novas tecnologias. Os cartões de crédito foram os responsáveis pelo acesso das classes de menor renda ao sistema de crédito, que leva à cobrança, na inadimplência. Para gerenciar esse novo público as tradicionais teorias de confiança foram substituídas pelas teorias de portfólios, passando a identificar os consumidores por perfil de consumo e estatísticas para análise de crédito. Neste ponto, a tecnologia entra em cena, agilizando o processo.

Com a entrada de novas classes sociais ao mercado de consumo, o crédito já responde por perto de 40% do Produto Interno Bruto, o PIB, com expectativa de chegar a 70%. Segundo Roque, “isso significa realmente que é um sistema trabalhado em cima de um modelo de crédito consciente para as pessoas no mercado capitalista”. Assim, o tripé que envolve a atividade, crédito, novas tecnologias e as legislações de consumo, é a principal preocupação da entidade.

 

 

Perfil da atividade

Quanto ao futuro, Roque não aposta em predomínio de poucas grandes empresas. Ele defende a especialização do setor: “Não vejo como tratar em um callcenter títulos de 1.500 dias, que exigem ampla negociação. Da mesma forma que uma empresa de 40 funcionários não suporta uma carga de títulos de dois dias, na qual precisa-se de velocidade, pouca negociação e agilidade  para lembrar o atraso da conta. Não posso querer comprar um Fusca com o preço de uma Mercedes”, completa.

Ele acredita em fusões como no mercado norte-americano. Dívidas de até 60 dias são trabalhadas pelo contact center, já as de 60 a 360 ficam com as empresas de cobrança. Depois, parte-se para a securitização, que ainda é de primeira ordem no Brasil. Mas acredita que o mercado possui espaço para crescer. Existem áreas ainda pouco exploradas: nos setores privados de planos de saúde e educação, e nos serviços públicos, como água e luz. Para despertar estes mercado, ele defende a necessidade de profissionalização. “Ela é imprescindível”, reforça.

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