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Matar a sede do social

Quando dizemos que o Brasil é um país abençoado por Deus, a afirmação vai além dos conceitos religiosos ou de metáforas a respeito de nossa paisagem e beleza natural. No mundo em que a escassez de recursos naturais é notória e cada vez mais crescente, ser detentor de 11,6% de toda a água doce do Planeta é realmente uma benção.

Um privilégio com duas faces distintas: temos água potável em abundância, porém, cerca de 1,3 milhão de pessoas do semi-árido brasileiro são atingidas pelo desabastecimento. Isso sem falar nos dois milhões de habitantes que morrem anualmente vítimas da seca, falta de saneamento básico e higiene.

Enquanto comemorávamos, no último dia 22 de março, o “Dia Mundial da Água”, me passou pela mente o quanto incluímos as questões ambientais nas ações de responsabilidade social das empresas? Ou será que ainda associamos a responsabilidade social à filantropia?

Ao assistir a palestra proferida por uma empresária pecuarista, num evento promovido pela entidade que presido, o que mais me chamou a atenção foi quando ela contou que sua empresa utiliza constantemente ferramentas do marketing e da responsabilidade social. No marketing ela encontrou o caminho para a divulgação correta do produto e serviço da empresa. Já com a responsabilidade social procurou atender as exigências do mercado externo. Ou seja, não importa se a “pressão” vem do mercado externo ou dos consumidores internos, a verdade é que, de uma forma ou de outra, alguns empresários ainda precisam entender melhor o significado de responsabilidade social e inseri-la no planejamento estratégico, caso queiram prosperar.

Não basta fazer por fazer. Ou melhor, não adianta realizar algumas ações filantrópicas para que a empresa seja lembrada. E a globalização é uma das grandes responsáveis por isso: as informações são imediatas e em grande volume. Mesmo que as pessoas não saibam o que quer dizer realmente “responsabilidade social”, elas têm o conhecimento de que uma empresa coerente hoje é aquela que se preocupa com a sociedade e não apenas com o lucro.

Claro que, dentro desse aspecto, existem exceções. Outra parte interessante da apresentação da pecuarista foi quando contou a dificuldade em incluir as ações sociais no diaa- dia dos colaboradores. Reciclar e evitar o desperdício, por exemplo. A abundância é, com certeza, a vilã desse pensamento. Isso mesmo, a abundância. Difícil para alguém nascido e crescido no campo acreditar que precisamos usar os recursos naturais com mais propriedade para evitar a escassez, quando esse mesmo profissional tem à frente hectares e mais hectares de verde, além de água potável disponível a qualquer momento, quer seja dos rios ou de poços artesianos. A saída está na capacitação, na divulgação dos conhecimentos, na troca de informações.

E é assim que o Brasil ainda funciona. Para quem não tem um cenário desesperador, como no caso da água potável, fica difícil entender que é preciso preservar para evitar que essa carência se instale e permaneça. A responsabilidade social já é uma realidade nas grandes corporações, mas ainda não foi assimilado pelas pequenas e médias empresas. A divulgação precisa ser cada vez mais intensa, pois é só por meio dela que todos entenderão o quanto é importante lutar pela manutenção do nosso planeta e da integridade dos seres que o habitam. Hoje e amanhã.

José Zetune ([email protected]) é presidente da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Marketing), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do Ires (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing)

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