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O fim da teoria?



O interessantíssimo artigo de Chris Anderson, editor da Wired Magazine, publicado em julho, denominado The end of theory: the data deluge makes the scientific method obsolete afirma que o método científico tradicional, baseado em hipótese, experimentação e teste, pode estar com os seus dias contados. Considerando que Anderson é físico de formação, a afirmação é, no mínimo, ousada.

A construção lógica de Anderson tem uma base muito clara. Ele considera que, em uma realidade na qual dispomos de enormes massas de dados, da ordem de petabytes, e computadores capazes de deglutir essa enormidade para fazer análises, podemos pensar que a identificação de correlações, mesmo sem uma tese de partida, torna-se um sinal de causalidade.

Um dos exemplos usados é o Google. Note que o critério de classificação de importância das páginas do Google não tinha nenhuma comprovação científica a priori. Quem tinha postulado que o número de links de uma página poderia ser usado como demonstrativo de relevância? O Google o fez e provou na prática que essa abordagem poderia ser muito útil para todos nós. De fato, eles transformaram a acumulação de dados e a capacidade de análise em um negócio de bilhões de dólares ao agregar publicidade direcionada ao seu mecanismo de busca.

Inicia-se uma discussão pesada entre a validade de observações empíricas versus ciência de base teórica. Do ponto de vista metodológico, será que Darwin estava certo ao fazer todas as suas observações, na famosa viagem do Beagle, é só depois criar uma teoria de suporte? Alguém seria capaz de teorizar sem observar, na prática, a evolução das espécies? Em breve, teremos pela frente os primeiros resultados do acelerador de partículas da Organização Européia para Pesquisa Nuclear (Cern). Será que aparecerá alguma partícula não prevista pelas teorias atuais? Será que as partículas teóricas serão confirmadas? O mundo aguarda ansioso.

Voltando ao universo das empresas, nosso campo de batalha mais freqüente nessa coluna, torna-se claro que identificar oportunidades de acumulação e análise de dados pode se tornar não só um diferencial competitivo, mas um novo negócio.  Já dizia Richard Fairbanks, um dos fundadores da Capital One, que havia escolhido o negócio de cartões de crédito por ser aquele que traria a maior quantidade e riqueza possível de dados sobre os clientes. Evidentemente, esses dados seriam transformados em conhecimentos capazes de gerar novos negócios para a Capital One, principalmente por meio de vendas cruzadas.

Agora que estamos em fase final de discussões sobre o cadastro positivo de crédito no Brasil, já podemos afirmar que há algumas novas oportunidades de negócios com esse superbanco de dados. Você não imagina o quanto de conhecimento poderia ser extraído de uma base de dados como essa? Obviamente, questões de privacidade balizarão o uso das informações, mas esse é um risco (e uma oportunidade) latente.

Convido-o a refletir, se no seu negócio não há uma oportunidade de acumulação de dados que possa se transformar em uma fonte de novas receitas. Qualquer empresa que consiga captar comportamentos de clientes, canais ou fornecedores e que seja capaz de criar possibilidades de análise não existentes no mercado tem potencial. Isso vale para muitos segmentos e, especialmente, para todos que estão no setor econômico de serviços.

Mãos à obra!

Leonardo Vieiralves Azevedo é presidente da WG Systems, tecnologia para tomada de decisão. E-mail: [email protected]

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