Mas na época do causo, mais de trinta anos atrás, ele era acima de tudo jovem – e empreendedor. Montara, com o arquiteto Vitor Lotufo, uma empresa que fazia um monte de coisas de papelão. Um dos produtos, talvez o mais simples mas o mais bem sucedido, era um quebra-cabeças que reproduzia grandes obras de arte. Faziam também móveis de papelão. Móveis de verdade, mesas, cadeiras, etc., feitas de papelão bem resistente.
Um dia, o Vitor apareceu com a ideia de fazerem caixões de defunto de papelão. A ideia era substituir os caixões de madeira com que a Prefeitura de São Paulo enterrava indigentes. Ou seja, tinham que ser aprovados pelos burocratas de lá. E lá foi o Celso com um protótipo para o departamento que cuidava de enterros na cidade de São Paulo. Ficava, e fica ainda, embaixo do Viaduto Maria Paula, com entrada pela 23 de Maio. O principal desafio era provar a resistência e, para isso, Celso teve que ficar deitado no caixão que era apoiado sobre dois cavaletes por um longo tempo. O detalhe mais interessante foi que ele teve que treinar para entrar no caixão de forma a distribuir o peso uniformemente, como se fosse um cadáver.
Não, a ideia não foi em frente. Antes que os trâmites avançassem, Celso e Vitor venderam a parte dos quebra-cabeças para a Abril e fecharam a empresa.