Estudo do IPEA mostra que redes sociais ainda não são fortes no e-commerce brasileiro

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Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira, 2, em Brasília, traça um panorama do comércio eletrônico no Brasil. A análise partiu de dados do Comitê Gestor da Internet (CGI) – no caso, a pesquisa TIC Domicílios, de 2009 – e utilizou modelos econométricos e desenho amostral. O resultado aponta o perfil do usuário de e-commerce no País, bem como ressalta a evolução do consumo online e seu impacto sobre o setor de varejo.

De acordo com esse trabalho, do total de internautas, 19% representam compradores pela internet. Há uma maior proporção de homens, a faixa etária mais prevalente é a 35-44 anos e a região que menos utiliza essa forma de comércio é a Nordeste. Outra conclusão do estudo é quanto maior a escolaridade e a classe econômica, maior a proporção de usuários de e-commerce. Além disso, as pessoas que mais recorrem ao e-commerce são aquelas com mais familiaridade com o mundo digital.

Variáveis

Os especialistas do Ipea também empregaram uma metodologia para comparar as variáveis que repercutiram na compra online e, assim, indicar que aspectos podem influenciar o comportamento do consumidor e mesmo onde há potencial de crescimento.

Entre essas variáveis estudadas pelo Ipea, sobressai-se a ausência de “significância estatística” para a participação das redes sociais. Conforme o documento, os especialistas do instituto acreditavam que, por dispor de uma quantidade considerável de publicidade, haveria um efeito positivo sobre o consumo online, o que não se verificou. A possível justificativa para isso é a predominância de jovens na mídia social. De acordo com estudo do Ipea, quanto mais jovem, menor a probabilidade de consumo pela web. É importante frisar que os dados obtidos e analisados, independentemente das variáveis aplicadas, se referem a um período em que o Facebook, por exemplo, ainda estava se consolidando entre os internautas brasileiros.

Segundo essa análise, a região Norte apresenta um indicador positivo e significante que revela potencial de o internauta de lá se tornar consumidor online. Nas demais áreas brasileiras, o coeficiente não chega a ser significante – mas, de todo modo, há muito a crescer nos municípios compreendidos na região. O Ipea destaca ainda que, do ponto de vista estatístico, não há diferença importante na probabilidade de comprar online entre as pessoas que vivem na área rural e os que habitam o ambiente urbano.

Evolução

Em relação ao comércio eletrônico, o Ipea retratou o surgimento do e-commerce no País, no final dos anos 90. Esse período, de acordo com os economistas do instituto, foi marcado pela derrocada de dois importantes players do varejo, o Mappin e a Mesbla. Em 1999, nasceram a Americanas.com e o Submarino. Sete anos mais tarde, foi a vez de a B2W surgir, fruto da fusão dessas duas pontocom.

O Ipea reporta que atualmente existe uma complexa logística para trânsito de mercadorias e para a venda de produtos. Ainda assim, o comércio eletrônico está distante das pequenas cidades. Nesses municípios ainda são observadas características típicas dos anos 50, como a falta das grandes redes e mesmo vendas a fiado.

O estudo mostra que o total de varejistas que adotou a web como canal de venda saiu de 1.305 em 2003 para 4.818 em 2008. Ou seja, uma lata de 269%. Em relação à receita, o aumento foi de 145%, saindo de R$ 2,4 bilhões para R$ 5,9 bilhões. Desse total de empresas com e-commerce, as 4.818 observadas três anos atrás, suas vendas representavam 0,4% do montante movimentado pelo setor varejista. Além disso, a receita gerada pelo comércio eletrônico era inferior a 1%. Como explicou o Ipea, a taxa de crescimento era elevada, mas a base ainda era muito pequena.

De lá para cá, no entanto, as vendas online tiveram um incremento impressionante. O relatório Webshoppers, da e-bit com o apoio da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, divulgado em março, sustenta que o e-commerce fechou 2010 com um faturamento de R$ 14,8 bilhões, um crescimento de 40% sobre 2009. E a expectativa para 2011 é que o mercado tenha um desempenho 30% superior, chegando a faturar R$ 20 bilhões.

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